Lauraa Machado 12/01/2018
Forçado, arrastado e chato
Nota verdadeira: 2,5
Acho bom começar dizendo que eu amei o primeiro livro. Ele é completamente cheio de ação e revelações, tem poucas explicações, mas as cenas parecem encaixar tão bem, que nem dá tempo de questionar. O final dele, em compensação, teve alguns detalhes um pouco mais deslocados, mas nada que estragasse o livro. O segundo não foi tão bom. Ele também teve bastante ação, como a trilogia toda, mas começou a ficar bizarro demais. Além de que ele me deixou o tempo todo com uma sensação ruim.
Mas não tem como negar que os dois primeiros livros são muito bons. Eles são lógicos, têm um ritmo realista e situações terríveis, sim, mas bem construídas. Desse terceiro, infelizmente, não posso dizer o mesmo.
O fato é que existe um limite. Existe uma certa quantidade de cenas de ação em que tudo dá errado antes de começar a ficar forçado. Existe um limite na bizarrice das criaturas antes de ficar ridículo. Simplesmente existe um limite que, quando se passa, faz a história perder toda a credibilidade e o que antes era assustador se torna bobo e entediante. E foi exatamente esse o problema desse último livro.
É até engraçado pensar no quanto eu fiquei impressionada com o primeiro livro e o quanto eu detestei esse. Sério, a leitura foi arrastada, quis largar umas mil vezes e tive que me segurar para não começar a ler por cima. Tem tanta cena que parece que eu já vi antes - não em outras trilogias, mas nessa mesmo, - tanta descrição de céu, de monstros, de roupas etc, que eu definitivamente não estava nem um pouco afim de fingir que estava interessada em ler. Precisei mesmo me forçar a não pular parágrafos.
Na verdade, considero a minha nota até um pouco generosa demais. Dava para ver que a autora estava tentando fazer mais. Mais ação, mais problema, mais tudo, e passou do limite. Passou, aliás, logo no começo. Quando estava chegando mais perto da batalha final, as coisas pareceram melhorar (não a situação da humanidade, isso só piorou). Eu realmente tive a esperança de que o final fosse ser bom, no mesmo nível do primeiro livro. E quase foi. Quando a batalha começa, até eu fiquei orgulhosa dos humanos. Mas aí começa "a piorar" de um jeito muito, mas muito ridículo. Minha vontade era de rir. Sério, se o leitor está revirando os olhos na parte que é para ter mais tensão, tem alguma coisa errada aí.
Um final mal feito, exagerado e forçado desses é complicado. Me faz querer ir até minhas resenhas dos primeiros livros e tirar minha recomendação, porque, para ser bem honesta, não sei se vale a pena ler os outros dois para chegar nisso daqui. A única parte boa talvez seja que os três livros são pequenos. Se você tiver muita força de vontade, talvez consiga acabar super rápido.
E, se eu posso dar um conselho a quem já decidiu ler, dê bastante tempo entre o segundo livro e esse. Eu li os três direto e só posso pensar que isso não ajudou (apesar de que aposto que nunca leria esse se tivesse feito uma pausa na trilogia).
Honestamente, meu grande amor pela Penryn, o Raffe, a Paige e outros personagens está um pouco morno agora. Lembro de adorá-los, mas, exatamente agora, quero me manter longe de todo esse universo. Sim, meu sofrimento para ler foi desse tanto mesmo. Mas tenho certeza de que daqui a alguns dias vou voltar a me lembrar das partes boas da história e voltar a me importar com os personagens. Isso acontece às vezes.
Só uma última crítica. O romance, que sempre foi mega pano de fundo, foi bem feito aqui até quase o final. Na última cena, na que deveria ser mais importante, fiquei com a impressão de que a própria autora estava desconfortável e não soube fazer uma cena bonita. Ficou quase mais forçado do que as milhares - leia-se, milhares - de cenas de lutas de antes. Foi impossível não comparar à trilogia Feita de Fumaça e Osso, que é muito melhor que essa e que eu li mais rápido, mesmo tendo o dobro de páginas dessa.
Se você ainda quer ler a trilogia, boa sorte. Espero que goste mil vezes mais do que eu, porque ninguém merece ficar sofrendo com leitura arrastada e chata. Minha nota 2,5 é só pela escrita mesmo e pelos personagens, que nunca chegaram a serem mal construídos ou mal desenvolvidos. E pela esperança de que, se algum dia nós chegarmos ao "apocalipse", teremos pelo menos um pouco de humanidade sobrando para nos levantarmos depois.