Karini.Couto 29/03/2018Bom dia pessoal, tudo bem? Hoje eu estou trazendo uma leitura de algo real que aconteceu de verdade e que chocou muitas pessoas na época.. Eu não consigo esquecer como fiquei abalada quando soube da notícia da menina de cinco anos que foi jogada pela janela supostamente pelo pai e madrasta. Um crime hediondo e sem perdão! Um ato de crueldade extrema. Senti a dor como se fosse com um filho meu. Acompanhei cada notícia querendo não acreditar que um pai pudesse fazer algo assim ou mesmo uma madrasta, pois se trata de uma criança inocente; um ser de Deus. Sinceramente até hoje me pego pesquisando nas redes sobre o assunto, sobre os acusados e tento entender o que aconteceu. Mas sinceramente, nada seria capaz de me fazer aceitar um ato como esses! Talvez entender as motivações por detrás do crime, mas aceitar que qualquer que tenha sido ela, seja algo aceitável; nunca! Porém, ainda na época em que o caso aconteceu e com todas as evidências apontado para o casal, ainda assim eu tive muitas dúvidas. Naquele período eu estudava Direito (trancado posteriormente) e analisei as coisas por diversos ângulos e nunca fiquei totalmente convencida dos acusados e motivações que a mídia nos apresentou. Não que eu acredite na inocência do casal, mas sempre achei que tinha muito mais por detrás daquilo tudo. Que estávamos sendo apresentados apenas à uma parte da situação.. Que tinha muita coisa não revelada para nós, meros mortais e espectadores!
O livro que tenho em mãos traz a história sobre o assassinato de Isabella Nardoni, uma menininha feliz e inocente que foi brutal e cruelmente tirada desse mundo. E nessas horas juro que me questiono por qual motivo Deus deixa algo assim acontecer. É impossível não questionar onde está Deus quando essa menina precisou de ajuda.. Mas depois de anos e com minha religião, entendo que na vida muitas coisas acontecem sem que tenha uma explicação clara para isso ou até mesmo para que possamos entender coisas maiores que nós e tudo mais. Ainda assim esse assunto; essa morte em questão mexe muito comigo! E quando eu digo isso não é da boca para fora. Meu marido é testemunha do quanto eu sou de certa maneira "obcecada" por esse caso em especial!
Eu chorei muito, eu senti muito - a dor foi tamanha na época que fiquei realmente mal, como se fosse comigo.. Não apenas a família perdeu seu ente, mas acho que todo o país se solidarizou e chocou com o caso em si e perdeu um pouco da fé no amor paterno ou materno como incondicional, entre outros! Na época eu tinha meu filho mais velho com seis anos e estava grávida da Ana, minha caçula!
Essa história é daquelas que sinceramente gostaria que fosse ficção apenas.. Mas infelizmente foi algo que aconteceu e faz parte da nossa história. Dez anos se passaram e para mim é como se fosse recente.. Lembro de toda comoção da mídia, das pessoas, do mundo em torno do ocorrido. O crime foi desvendado, pai e madrasta acusados antes mesmo de a justiça determinar através de todas as provas que pai e madrasta eram de fato os culpados ou únicos culpados. E quando foi feito toda a perícia e afins ficou claro na época que os culpados eram o pai e madrasta, pelo menos foi isso que queriam que todos acreditassem. E encerrar um caso que tinha toda uma população em volta revoltada e clamando por justiça era crucial. Porém, percebi que a população estava empenhada em ter os culpados que eles já haviam determinado e que a justiça estava de certa forma também pressionada a solucionar logo o caso, o que para mim é passível de erros e é justamente isso que o autor nos trás. Assim como a mídia que estava crucificando a cada notícia o casal, sem mostrar todos os lados da história.. Apenas um ou outro na época se deu ao trabalho de ouvir algo do casal!
Rogério Pagnan fala sobre "o pior dos crimes" de forma direta e sem uma posição de lados diante um crime que a população teria trucidado os indivíduos com as próprias mãos e com isso o autor nos faz repensar (no meu caso - mais uma vez) também sobre a funcionalidade de todo o nosso sistema judiciário e toda corrupção contida nele e se de fato os culpados ou únicos culpados foram devidamente punidos. Neste livro não temos apenas uma história recontada, mas uma história esmiuçada em seus mínimos detalhes cruciais e através de provas e fatos e não apenas especulações. O autor nos mostra como de fato a justiça em nosso país funciona e ao que estamos sujeitos.. Sim! Nós! Afinal, se cometermos um erro, um ato que fuja as regras impostas, estaremos a mercê de sermos julgados, condenados e viver um verdadeiro mar de incertezas muitas vezes. Injustiças podem acontecer e em um sistema que já se mostrou milhões de vezes falho e ineficaz, isso não é algo pouco provável e sim muito fácil de ocorrer!
Rogério Pagnan é um jornalista que ficou também muito interessado nesse caso e resolveu promover sua própria investigação sobre o que aconteceu no caso Nardoni. Ele mostra, o que eu já havia acompanhado na época e fala sobre o que investigou e encontrou aqui e ali; porém ele faz isso de maneira mais direta e incontestável, nos trazendo novos fatos, provas e coisas que a mídia não reproduziu. Trazendo muitos erros cometidos durante a pericia e o autor coloca dúvidas em nossas cabeças, sem escolher um lado, apenas mostrando os fatos reais, como eu disse. Tem muita coisa no livro que fala sobre os condenados Anna Carolina e Alexandre Nardoni e também sobre pessoas envolvidas na investigação que não são tão críveis quanto se pensava, sobre erros, mentiras e afins. Sei que eu nunca fiquei completamente satisfeita ou convencida dos fatos apresentados, sempre com a sensação de que tinha mais coisa ali.. Como sabemos, quando pressionados, é da natureza humana que confessemos ou falemos as verdades antes não admitidas e nesse caso em especial temos um casal que se manteve firme em suas declarações por um longo período, mesmo separados, mesmo sendo perseguidos por todos.. Mas aos poucos foram surgindo novas evidências, fatos e situações que puseram em dúvida as condenações e sinceramente eu ainda espero que em algum momento que esse caso seja reaberto para uma nova análise com tantas coisas que surgiram depois dessas condenações!
Na época ainda, teve a coisa com o pai do Alexandre que não me saiu da cabeça, mas as pessoas parece terem deixado para lá! Eu acredito que esse senhor tenha envolvimento direto no ocorrido de uma maneira ou de outra! O casal era instável, sempre brigando segundo disseram e sabemos; ou pelo menos nos mostraram na época isso como motivação inicial para a série de acontecimentos que terminou com o corpo da menina jogado pela janela.
Espero que me entendam que assim como o autor desse livro, eu achei que foram rápidos em acusar e completamente ineficientes para investigar outras linhas que surgiram na época, mas que parecem ter sido "abafadas". Em determinada situação sei que a madrasta agrediu a criança, como ela mesma diz em seu depoimento, sei que teve uma briga como o casal afirma; sobre o telefonema que o sogro recebeu após Isabella ser jogada do apartamento, isso foi algo que me intrigou.. Eu acredito que não sabemos todas as verdades! Que falta algo.. Sei lá! Independente de qualquer coisa, depois de tanto tempo, as coisas estariam mais claras.. Mas tanto Anna Carolina, quanto Alexandre mantém suas afirmações iniciais! E acho isso completamente relevante. E com a leitura desse livro e informações que o Rogério Pagnan nos traz, fiquei ainda mais pensativa!
O autor não escreveu esse livro com intenção de inocentar ou acusar e sim de demonstrar as inúmeras falhas do sistema durante o processo de investigação e isso fica bem claro a cada página virada! O trabalho dele é jornalístico investigativo e muito bom! Quem já gosta dessa pegada policial, terá em mãos um caso real e conhecido para ler e interpretar tudo de acordo com suas próprias crenças diante as provas apresentadas!
Recomendo a leitura e acho até muito importante, afinal não fala somente sobre o caso em questão, mas sobre o nosso sistema judiciário!