Carla.Floores 07/05/2024
O inimaginável
O conto "PEÇAS DE EXPOSIÇÃO": Eu não entendi se existe duas realidades ou se Miller é uma projeção holográfica. Ou pior, se ele estava tendo algum surto psicótico. Só sei que eu ameeeeei demais isso daqui. Leitura fluida e agradável, que me envolveu a ponto de eu visualizar perfeitamente o cenário como se eu estivesse lá como observadora. O filme se fez na minha cabeça. Eu entrei nesse portal criado por Philip K. Dick."
O conto "Autofab" fala sobre a exploração de recursos minerais, o monopólio da indústria, a radiação pela bomba de hidrogênio decorrente de guerras e as mutações causadas por ela. A população vive em assentamentos e é abastecida pelas fábricas de alimentos e roupas sintéticas. Me lembrou um pouco "Blade Runner", com aquele cenário desolado e materiais obsoletos, como a madeira e tecido de algodão, por exemplo. E também me lembrou "No Mundo de 2020" onde os alimentos distribuídos à população são estritamente industrializados. Três homens do assentamento de Kansas city bolaram um plano para parar a "máquina industrial" para que eles pudessem fazer seus produtos da forma como quisessem. No entanto, nem mesmo de ferramentas dispunham, muito menos armas. Por isso usaram a civilidade e uma pequena dose de contrariedade explícita para mostrar à indústria que a guerra acabara e que poderiam eles mesmo tocarem a produção. Será??? A guerra acabou (de começar)? Será que eles conseguirão parar toda essa rede de fábricas? É possível frear o poder e a ambição? O que eu achei pior nisso tudo foi não saber quem controla a indústria. Excelente conto! Leitura muito agradável! Foi só quando terminei que percebi: "Ó! Um conto de quarenta páginas. Nem parece."
"O conto "Humano é" apresenta a história de Jill, casada com Lester há cinco anos. Ela, uma mulher carinhosa e diligente. Ele, um homem ambicioso e austero. Ela adora crianças, ele só pensa em se manter longe delas. Surge a oportunidade de Lester viajar para Rexor IV, um planeta antigo, a fim de testar suas pesquisas com toxicologia. Jill adoraria ir junto, mas ele pouco se importa com as vontades dela. Quando ele retorna, algo mudou. O que será? Quem será? Jill se vê num dilema. A decisão está nas mãos dela. Recuperar o que era ou aceitar o novo? Um conto que passa uma mensagem de fantasia e objetividade. Fiquei pensando no que resultaria a escolha dela. Miscigenação?!"
O conto "Argumentos de venda" fala sobre o consumismo, o marketing invasivo e me lembrou muito "Eu, robô" do Asimov. Um baque."
"No conto 'O Fabricante de Gorros' a gente vê um pouco de '1984', um pouco de Charles Xavier e também do Magneto. Uma pitada de "Precogs" de 'Minority Report'. Os policiais são robôs e há os altos cargos dentro da Liberação; estes, porém, escondem um grande segredo, impossível de ser escaneado porque pertence a outra geração. Uma anomalia genética que não pode ser passada para a prole (se é que ela existirá) é algo bom ou ruim? Conto f0da! Como tudo que vi do PKD até agora."
"No conto "Foster, você já morreu" há uma crítica ferrenha ao consumismo e ao sistema capitalista, mercadológico e até mesmo a parte que envolve o ostracismo sofrido por aqueles que não seguem a manada. A segurança é um tipo de vício. Quando termino de ler algo do PKD eu grito (literalmente): K-RAAAAAAA-LHOOOOO!!!!!"
O conto 'A Coisa-Pai' pode parecer breve e bolinho mas é tão pesado pela coragem que exige do protagonista Charles. Mais um do PKD que me deixou de boca aberta."
O conto 'Planeta Impossível' me lembrou 'Fundação e Terra' do Isaac Asimov. Uma senhora de 350 anos, à beira da morte, quer viajar para a Terra. Cujas histórias seu avô lhe contara. Para o pessoal da companhia de viagem o planeta Terra não existe, nunca ouviram falar...até a velhinha oferecer uma boa quantia em dinheiro. Aí então encontraram no mapa um planeta com características semelhantes ao que poderia ser a Terra. Resumindo: a volta dos que não foram de volta para o futuro."
Aquele final clássico marca registrada de PKD, o conto termina e tu que se vire pra entender. A bomba da vez no conto 'O Passageiro Habitual' é Crichet, um passageiro que quer comprar um talão de bilhetes para Maicon e adivinhem?! Não existe esse lugar (muito parecido com o conto anterior 'O Planeta Impossível'). Isso intriga Paine, o cara que trabalha na empresa de transporte. Que decide ir atrás desse lugar pra descobrir algo. O que entendi foi que o tempo em Maicon passa diferente."
No conto ‘O enforcado Desconhecido’ vemos alguns plots, muita ação, imprevisibilidade. A moral da história é muito desconcertante. O questionamento é uma isca. A conformação é cabresto.