Thamys 08/07/2018
A autobiografia que eu precisava na minha estante.
Inicio essa opinática dizendo que tenho uma certa experiência em Iron Maiden, no campo dos livros. Tenho até então as - lançadas aqui - biografias “Run to The Hills”, do Mick Wall e “Bruce Dickinson – Os altos voos com o Iron Maiden e o voo solo de um dos maiores músicos do heavy metal”, de Joe Shooman. Porém quando soube que o próprio vocalista, Bruce Dickinson, iria escrever sobre as suas próprias memórias, fiquei automaticamente entusiasmada.
Antes de começar esta resenha, falo que se caso não conheça muita coisa sobre “Bruce Bruce”, adianto que além dele ser o vocalista do Iron Maiden, considerada por muitos como a maior banda de heavy metal, ele é piloto de avião, esgrimista, historiador, locutor de rádio e outras profissões. Ele é literalmente um homem de muitas facetas.
Bom, voltando, este foi um dos livros que devorei. Se não fosse pelo sono e pelo trabalho, eu teria acabado de ler em um dia, dois no máximo. Todo o livro tem um tom calcado no bom humor - britânico, claro - que por algumas vezes vai pelo caminho da ironia. Foi impossível não pensar que fosse o Bruce conversando pessoalmente, em um chá da tarde. Outro ponto que contribui para isso é o tamanho dos capítulos: são no máximo 15 páginas dedicadas a cada capítulo.
O capítulo que fará qualquer fã do Maiden enlouquecer é “Vizinho da Besta”, mas julgo importante conhecer os caminhos anteriores como: a entrada dele para um colégio interno, a formação do Speed até a entrada dele para o Samson. Neste caminho sabemos como o Bruce que admiramos foi sendo construído. A teatralidade usada nos concertos do Iron, o canto mais ligado à Ópera, tudo está lá.
Adianto que não há espaço para a vida pessoal de Bruce no livro, ou seja, algo relacionado a casamentos, filhos. O máximo que ele diz sobre relacionamentos amorosos ainda tem a ver com música. Confesso que senti falta por um momento, mas o Bruce (a parte profissional) é tão interessante que foi fácil de relevar. Fora que é meio esperado, afinal se há uma palavra que vem a mente sobre os membros do Maiden no geral, é discrição.
Por fim, há dois capítulos que são os pontos fortíssimos do livro: o que fala de Sarajevo e do câncer. Sobre o primeiro, é o único capítulo em que não há espaço para tanto humor, e é justificável. Em cada palavra é possível sentir a tensão de uma guerra que literalmente acontecia do lado. Mas mesmo com toda essa situação, ele se dispôs a ir apenas para dar alegria em meio a tanto sofrimento.
E bem, sobre o câncer. Lembro até hoje quando vi em um post de Facebook na página oficial da banda divulgando a notícia. Mas ler as palavras de Bruce sobre a doença foi bem interessante. Porque sabemos de cada etapa do processo, apesar do bom humor costumeiro neste livro dar uma leveza que julguei ser necessária. Graças ao Universo, Bruce hoje está curado, está cantando como nunca.
Por fim, “Bruce Dickinson - Para que serve este botão?”, é um livro recomendado a quem é fã do Maiden, a quem não é fã do Maiden mas aprecia heavy metal. E a quem até não é familiarizado com o estilo musical, pois tem capítulos curtos, um humor britânico no ponto e é uma ótima biografia. Por isso leva cinco estrelas.