La Oliphant 30/05/2018
Minha vontade de ler o livro de Kevin Kwan começou quando eles liberaram o primeiro trailer da adaptação de Asiáticos Podres de Ricos. O filme tem uma vibe muito leve e divertida e, aparentemente, diálogos muito engraçados, então eu pensei “o livro deve ser tão divertido quanto” e em parte, ele até é. O problema é que Asiáticos Podres de Ricos não chegou nem perto de ser o que eu estava esperando. Com diálogos razoáveis e uma narrativa confusa e arrastada, eu posso dizer que só cheguei ao final do livro na esperança de que alguma coisa fosse capaz de me surpreender, o que eu posso afirmar que não aconteceu.
Meu primeiro problema com Asiáticos Podres de Ricos foi o fato do livro focar em vários personagens diferentes, acontecendo diversos plots paralelos a história principal. Sempre que um novo personagem aparecia, o autor tirava quase quatro ou cinco páginas para divagar sobre ele e a influência do mesmo dentro da família. Começou com Astrid, a prima de Nick que, apesar de não ser a história principal, é uma personagem interessante de se conhecer e se estendeu para todos os outros personagens do livro. Imagina você ter que conhecer o background de todos os personagens secundários do livro, é mais ou menos isso o que acontece.
“- Você não pode simplesmente atirar a Rachel sem aviso prévio nessa confusão toda. Você precisa preparar essa garota, está me entendendo”
Outro ponto que tornou muito difícil a leitura foi a narrativa do autor que, começava com o personagem tendo um diálogo com uma pessoa e, no meio da cena, em uma divagação ou algo assim, o mesmo personagem já estava tendo um diálogo com uma pessoa completamente diferente. Isso acontecia bastante nas cenas do Nick e da Rachel. Eu nunca conseguia identificar com quem eles estavam falando na cena, ou se eles estavam falando um com o autor. Hora a Rachel estava no hotel conversando com o namorado e no parágrafo seguinte ela estava na casa da sua amiga Peik Lin contando para ela sobre o seu namoro. Parece confuso? Imagina para mim!
Eu senti falta do relacionamento do casal principal, porque eu não acho que consegui realmente conhece-los. Eu sei que eles estavam namorando há quase dois anos e que a relação deles era saudável e que eles respeitavam muito o espaço um do outro, mas eu realmente não consegui dizer se havia realmente um sentimento de amor entre eles. Boa parte do livro eles passam separados, vivendo suas próprias experiências durante as férias e, quando eles finalmente conseguem passar algum tempo juntos, acontecem tantas confusões que você não consegue visualizá-los como um casal, entende?
E eu já mencionei que todo o conflito entre Rachel e a mãe do Nick quase não acontece dentro do livro? Tudo bem, a mãe dele é realmente uma pessoa horrível e nós conseguimos estabelecer isso pela forma como ela se refere as pessoas a sua volta, mas eu queria mesmo era saber do que ela era capaz contra a Rachel e tive que esperar mais da metade do livro por uma única cena que, apesar de ter sido cruel como eu esperava e razoavelmente boa, não supriu tudo o que eu estava esperando dessa leitura. Quero dizer, cadê o shady do livro, gente?! Acho que se a Rachel troca meia dúzia de palavras com a mulher o livro todo é muito.
“- Não fui criada para acreditar que o casamento deveria ser o objetivo da minha vida.”
Mas eu tenho que admitir que gostei muito da Rachel e do Nick como personagens individuais. Nem por um minuto si quer ela considerou a fortuna do namorado como algo relevante para o relacionamento deles e, apesar de eu concordar que foi completamente errado da parte do Nick não contar para ela sobre tudo aquilo, eu consegui entender que para ele – dentro da realidade em que eles viviam – a família tinha dinheiro mas não era nada demais. É a primeira vez que eu leio sobre um personagem podre de rico que não tem a menor noção do quão rico ele é – e só por isso eu fui capaz de perdoá-lo por jogar Rachel aos lobos sem nenhum aviso prévio.
E eu devo dizer que todas as garotas que estavam desesperadamente atrás do Nick tem a maturidade de uma criança de cinco anos, o que foi a parte mais chata do livro. Todas as vinganças e brincadeiras que elas aprontaram para cima da Rachel me pareceram um pouco exageradas, principalmente as ex namoradas dele que, fizeram questão de ficar jogando o passado do Nick na cara da Rachel o tempo todo. Passado esse que ela nem ao menos conhecia e não tinha ideia de como lidar. Eu meio que sou contra enredos que jogam mulheres contra mulheres, mas se essa era a pegada do autor, ele poderia ter feito isso de uma forma bem mais matura e que agregasse valor ao enredo.
O que me faz levantar a questão de que ele “pinta” as garotas ricas como pessoas fúteis que só pensam em dinheiro e casamento. E, do meu ponto de vista, considerando a sociedade em que elas vivem e o que é cobrado delas dentro daquela sociedade, era de se esperar que elas tivessem um comportamento diferente do que nós estamos acostumados a ler em outros livros. Eu só não gostei de o autor colocar isso como uma coisa negativa e construir essas mulheres de forma que, quem está lendo as veja de uma maneira muito ruim, como se elas fossem interesseiras e superficiais.
“- Nicky, Nicky, é por isso que eu amo você. Você é a única pessoa na Ásia inteira que não percebe quanto é rico ou, melhor dizendo, quanto será rico um dia.”
Eu realmente esperava mais de Asiáticos Podres de Ricos, desde a narrativa do livro até mesmo o romance dos personagens principais. Eu percebi que Kwan queria contar a história da família toda dentro de um livro e acabou deixando o enredo confuso e cansativo. Também percebi que muita gente estava frustrada porque o livro não ganhou exatamente um final, mas isso é porque essa série dos Asiáticos Podres de Ricos possui um total de três livros e este é apenas o primeiro. Espero que a editora consiga lançar os próximos volumes para que a gente possa descobrir o que aconteceu com todos esses personagens. Porque, sério, tem muito personagem nesse livro, eu nem sei lidar.
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