Aletheia (@almaletrada) 09/01/2022Para mim é sempre difícil ler distopias, sempre me causa revolta, repulsa e medo! Isso se deve ao fato da minha mente inquieta fazer várias conexões com o mundo em que vivemos. Isso não tem a ver com direita ou esquerda, mas com atitudes e falas de políticos e pessoas que flertam com regimes totalitários! O que essa gente não entende é que, apesar de caminhos diferentes para se chegar ao objetivo, ditadores são ditadores e a história está aí para nós mostrar!!!
Nessa narrativa, somos apresentados a um Estados Unidos fundamentalista, ditatorial e opressor. As mulheres perderam todos os seus direitos, inclusive o de falar, só podendo se expressar com o máximo de 100 palavras por dia.
O enredo gira em torno da família McClellan, composta pelo pai, que possui um cargo de confiança no novo governo, a mãe, uma médica especialista em neurolinguística e 4 filhos. A partir deles temos um olhar que intercala passado e presente, nos revelando os processos que culminaram nesse governo extremamente opressor.
A trama se desenrola em torno de uma descoberta que Jean, ou dra. McClellan faz junto com sua equipe. Agora o governo escala esses profissionais para desenvolver projetos que vão favorecer cada vez mais os absurdos cometidos pelo alto escalão norte-americano, fortalecendo o poderio de controle social à partir da medicina.
O desenrolar é surpreendente, intrincando diversos personagens numa trama que culmina em um final acelerado e pouco verossímil.
Eu gostei demais da obra e, apesar de me causar mais desconto que O conto da Aia, está muito aquém dos escritos de Margareth Atwood.
Uma coisa pergunta que não quer calar é: porque as distopias sempre convergem em suas narrativas para um tipo de religião específica - o cristianismo - abordando sempre como um vilão nas estórias?