spoiler visualizarnana 09/02/2024
Ontem, ao ler sobre a morte de Jason Grace, eu me peguei pensando em como minha relação com ele como leitora foi moldada.
Eu li toda a saga de Percy Jackson e Heróis do Olimpo quando tinha entre 12,13,14 e 15 anos, ou por aí, muitas coisas que tinham acontecido nem descansavam mais em minha memória mas eu me lembrava de uma coisa muito nitidamente: o Jason e a Piper eram muito chatos, e meu personagem preferido continuava sendo o Percy.
Hoje, dez anos depois, decidi reler todos os livros dessa saga para ter os acontecimentos frescos na memória e acompanhar a série com uma mentalidade um pouco mais amadurecida dos livros, e uma coisa engraçada aconteceu: Jason virou um dos meus personagens preferidos.
Não me entenda mal, eu ainda amo o Percy e ele segue sendo meu personagem preferido, mas Jason é, sem sombra de dúvidas, um dos personagens mais complexos desse universo e é por isso que é tão difícil para muitas pessoas gostarem dele.
Quando eu era criança, o Jason representava para mim o que era ser um adulto com 16 anos, ter sua infância interrompida pelo dever de desempenhar um papel maior que você mesmo. Claro, que todos os personagens dessa série tiveram esse destino, mas a maturidade e a seriedade do Jason destoava ele dos outros, muitas vezes durante a leitura, você se esquece que o Jason tem 16 anos de idade.
Ele é a personificação do maior medo do público-alvo de Rick Riordan: crescer.
É por isso que é tão desconfortável começar a ler O Herói Perdido: tudo é muito adulto, a narração, a ambientação, a história, e Jason Grace.
Abandonado pela mãe em meio a ruínas, separado da irmã, criado por lobos, transformado em líder em seu acampamento quase que imediatamente e manipulado por uma deusa desde seu nascimento para ser uma coisa que talvez ele não quisesse ser (ou, tipo, absolutamente ele não queria ser), o Jason morreu como o que ele foi destinado a ser: um herói. Independente se essa seria a escolha de vida dele ou não.
Não é desagradável? Saber que sua vida NÃO VAI terminar do jeito que você planeja? Ser condicionado a uma situação e seguir ela piamente porque, afinal, é aquilo que você precisa fazer?
No fim, Jason já tinha perdido uma das partes principais de seu propósito de vida: sua namorada, Piper, e mesmo assim, escolheu morrer por um propósito que nem era ele. A definição verdadeira de um herói, e da vida real.
Jason Grace foi um dos personagens mais humanos e complexos já escritos por Rick Riordan, e talvez ele não tenha tido o fim que mereceu, mas ele teve o que todos nós teremos um dia.
Jason Grace, filho de Júpiter.