Pedro Potenza 25/04/2017
O livro narra a ameça que um padre tradicional sente em relação a uma misteriosa mãe solteira que se muda para um pequeno vilarejo e abre uma loja de chocolate em frente a igreja. Aos poucos o povo reprimido de Lansquenet começa a se libertar de alguns costumes sobre a influência dos chocolates mágicos. Os capítulos se alternam entre a visão da forasteira e do padre. Apesar do enredo satisfatório e algumas pequenas pendências a serem resolvidas (esse é o primeiro livro de uma trilogia), achei o final razoável.
A narrativa é encantadora, uma mistura perfeita do delicioso e poético. Harris tem capacidade de conjurar aromas e sensações vistosas em sua prosa, o que me deixou com fome em muitos momentos do livro. Só não recomendo para aqueles que se encontram numa vibe fitness.
"Existe uma espécie de alquimia na transformação da base de chocolate neste sábio ouro dos tolos, uma magia de leigo que minha mãe teria apreciado. Enquanto trabalho, clareio minha mente, respirando profundamente. As janelas estão abertas, e a corrente de ar seria fria se não fosse o calor dos fornos, das panelas de cobre, do vapor que sobe da couverture se dissolvendo. Os aromas mesclados de chocolate, baunilha, cobre aquecido e canela são inebriantes, poderosamente sugestivos; o cru e terrestre cheiro das Américas, o perfume quente e resinoso da floresta tropical. É assim que viajo agora, como os astecas fizeram em seus assustadores rituais. México, Venezuela, Colômbia. A corte de Montezuma. Cortez e Colombo. O Alimento dos Deuses, borbulhando e espumando em copos cerimoniais. O elixir amargo da vida."
página 57
Editora Record
ISBN 85-01-05295-7
Ano: 1999
Páginas: 300