Tami 08/09/2018Inferior ao primeiro, mas ainda é uma boa leitura.O conto que abre a antologia é o de Suzanne Enoch, intitulado Um Amor Verdadeiro. Nele vamos conhecer Anne Bishop, cuja mão fora prometida a Maximilian Trent, marquês de Halfurst, quando ela era um bebê. Nada anormal em um tempo em que noivados assim eram corriqueiros, só que pouco tempo depois, Maximilian e sua família deixam a cidade rumo à Yorkshire e desde então tudo o que se sabe sobre ele não passam de rumores, vários deles incluindo a possibilidade dele estar falido.
Dezenove anos se passam, e Anne, que está em sua melhor fase, também está inconformada com a falta de notícias de seu pretendente, que só se corresponde com o pai dela. Foram dezenove anos sem uma carta sequer, ela nem ao menos conhece sua aparência e agora ele está em sua casa para vê-la. Como se essa aparição repentina não bastasse, ele ainda pretende casar-se com ela e levá-la embora para Yorkshire o mais rápido possível, tudo porque ele não gostou de algo que leu em uma das colunas de lady Whistledown.
Anne, obviamente, fica revoltada. Como ele ousa dar as caras sem mais nem menos após dezenove anos de completo silêncio? A jovem obviamente recusa a proposta e não pretende facilitar a vida de lorde Halfurst, por mais que ele não seja o gordo, careca, descuidado, baixinho e malcheiroso criador de ovelhas que ela imaginava.
Agora, para conquistar sua futura marquesa, Maximilian terá que correr atrás do tempo perdido...
"— Espero que se renda — disse ele, com tranquilidade, estendendo a mão para pegar a dela.
...
Ela o observou endireitar o corpo.
— Se espera que eu me renda — disse ela, a voz ligeiramente trêmula —, caberá ao senhor convencer-me.
Maximilian sorriu.
— Que comece a batalha."
Um Amor Verdadeiro abre o livro com chave de ouro!
Anne é uma jovem muito decidida e o que mais a assusta nem é o fato de ter que se casar com um completo desconhecido, e sim a possibilidade de deixar Londres para trás. Ela gosta muito dos eventos e da cidade, por isso não se vê vivendo como uma eremita no interior da Inglaterra. Já Maximilian sabe que errou e por isso a gente não fica com raiva dele - pelo menos eu não fiquei. Ele é sete anos mais velho que Anne e não considerava apropriado corresponder-se romanticamente com ela enquanto ela ainda era uma criança, o que eu achei bem pertinente. Depois ele meio que fica "esperando o momento certo", que nunca chega... até que lady Whistledown, com sua língua ferina, entra em cena.
Sendo bem sincera, foi o único conto que eu gostei do início ao fim. Esse jogo de conquista foi muito bem trabalhado por Suzanne, e ainda que ela possuísse um curto espaço para trabalhá-lo, tudo foi conduzido de uma maneira muito gostosa, com ótimos diálogos e cenas muito envolventes.
Em seguida temos Karen Hawkins com o conto Dois Corações, onde vamos conhecer Elizabeth Pritchard e Royce Pemberley.
Liza, como Elizabeth é chamada, perdeu os pais com apenas três anos de idade. Seu tutor legal era o advogado da família, com quem aprendeu a gerir suas posses. Agora, aos trinta e um anos, Liza é uma mulher de grande fortuna, mas também é uma solteirona que é vista como excêntrica por toda a sociedade, que não vê com bons olhos suas escolhas de vestimentas pouco ortodoxas.
Liza pode até não ter família, mas possui amigos muito leais: Margaret Shelbourne e o irmão dela, Royce Pemberley, um homem adorável, mas um libertino incorrigível.
Quando Liza, repentinamente, resolve se casar com o recém-chegado lorde Durham, Margaret fica muito preocupada, já que não conhece o sujeito e teme que ele esteja interessado apenas na fortuna da amiga. Sendo assim, ela pede para que Royce tente descobrir mais a respeito de Durham, mas Royce acaba descobrindo outras coisas no meio do caminho...
"Royce ficou parado, encarando o nada. Era coisa demais para digerir. Há quanto tempo amava Liza? Dias? Meses? Ou quem sabe anos? Será que ele não comparava silenciosamente todas as mulheres que conhecia a ela? Era como se ela sempre estivesse presente em seu coração, escondida em um canto seguro, esperando o momento certo para revelar sua verdadeira beleza."
Esta é aquela típica história de amor disfarçado de amizade. Foi preciso existir a iminência da perda para que Royce acordasse e analisasse melhor seus sentimentos para com Liza. É a história mais madura da antologia, já que os personagens possuem mais de trinta anos (Royce possui quase quarenta), e por mais que eu aprecie essa pegada mais centrada, senti que faltou um pouco mais de paixão. Não é um conto ruim, ok? Apenas não me conquistou por completo.
Temos também alguns momentos divertidos envolvendo lorde Durham e George, o mico de estimação de Liza. Sim, ela possui um mico de estimação! E outra coisa bem bacana é a classe com a qual ela carrega sua personalidade, vista com maus olhos por todos. Ela sabe que seus gostos não são nada convencionais, mas não está nem aí. Essa parte eu adorei!
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