Fran 02/02/2021
"Uma fábula sobre a cegueira seletiva"
Este conto foi me surpreendendo aos poucos.
A princípio, pensei se tratar apenas de uma releitura de Cinderela em formato de conto hot, mas, avançando um pouquinho na história, tornou-se claro que a protagonista estava bem longe de ser uma donzela indefesa à espera de um príncipe que resolva sua vida. Maria é uma mulher que quer viver um romance, mas que não faz disso sua prioridade: ela tem planos de vida traçados, trabalha para alcançá-los e não pensa, em momento algum, em deixar que um homem interfira nisso.
Outro aspecto relevante desta obra é que, ao longo da narrativa, a autora constrói uma crítica sutil, porém muito realista sobre a desigualdade social e a forma como a sociedade, o tempo todo, exclui pessoas pelos motivos mais absurdos: gênero, profissão, classe social, aparência...
Algumas coisas no final do conto me incomodaram um pouco, mas nada que desmereça minha experiência. Chega-te a mim ou pega e não me larga foi uma leitura gostosinha, bem fluida e divertida, que valeu a pena principalmente pela reflexão que me deixou: será que algumas pessoas são mesmo invisíveis ou nós que escolhemos fechar os olhos para elas? Como a própria apresentação do conto diz, trata-se de "uma fábula sobre a cegueira seletiva".