Almas mortas

Almas mortas Nikolai Gógol




Resenhas - Almas mortas


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Aninha 16/10/2023

Muito bom!
?Tudo tem sua vez, seu lugar e seu tempo! No entanto, não escolhi um homem virtuoso para ser meu herói. E posso até dizer por que não escolhi. É porque já está na hora, afinal, de dar um descanso para o coitado do homem virtuoso; é porque não serve para nada balbuciar as palavras: ?homem virtuoso?; é porque transformaram o homem virtuoso num animal de carga, e não há escritor que o tenha usado de montaria, fustigando-o com o chicote e com qualquer coisa que lhe cair na mão; é porque deixaram o homem virtuoso exaurido a tal ponto que agora não há nele nem sombra de virtude e, em lugar do corpo, restou só pele e osso; é porque o chamam de homem virtuoso com hipocrisia; é porque não respeitam o homem virtuoso. Não: está na hora, afinal, de atrelar também um canalha. Pois bem, vamos atrelar um canalha!?
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Julcimari 08/10/2023

Inferno
Ficção russa escrita por Nikolai Gógol, Almas Mortas é intitulada pelo autor como um poema, mas é um romance escrito em prosa, bem tranquilo de ler.
Confesso que estava com grandes expectativas em relação ao livro, porque tinha curiosidade em ler algo de um autor russo (gosto de me desafiar e ler clássicos de autores de outros países) e fiquei empolgada com a temática, porém não me prendeu muito.
O livro é bom, mas não é muito meu gosto, então foi uma leitura mais lenta. Porém não tiro os méritos... O autor descreve ricamente as paisagens do interior da Rússia, faz comparações de forma perspicaz e cria personagens realmente engraçados.
Vale a pena a leitura para se familiarizar com essa literatura estrangeira e conhecer a realidade de outras culturas.
É historicamente rico, pois fala de uma época em que predominava o regime de servidão, mostra como era a sociedade e as castas e, infelizmente, nos mostra como a sociedade em si evoluiu quase nada. Fofocas, amizades por interesse, falcatruas, mentiras... Semelhante ao que encontramos nas cidades de hoje em dia.
O autor tinha a ambição de criar uma trilogia (sua própria divina comédia) porém morreu antes de concluir, então o fim deste livro (que era pra ser o inferno do Gógol) deixa um gostinho de "quero mais" no sentido de descobrir o destino do "nosso herói", como diz o autor.
No mais, indico a leitura!
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Ramiro.ag 25/06/2023

"Pense não nas almas mortas, mas na sua própria alma viva"
"Para que mostrar a pobreza e outra vez a pobreza, e a imperfeição da nossa vida, desenterrando personagens de perdidos cafundós, dos recantes longínquos da nossa terra? Mas que fazer, se é esse o feitio do autor, que, doente da sua própria imperfeição, já não consegue pintar mais nada além da pobreza e outra vez a pobreza, e a imperfeição da nossa vida [...]"

Eu não sei nem por onde começar a descrever o quão incrível foi e experiência de ler esse livro, com certeza está entre os meus favoritos. Uma pena que o Gógol tenha queimado os manuscritos da segunda parte e tudo tenha tomado o fim que tomou.

Tchítchikov é o nosso "herói", que, diferente do costumeiro, não tem uma alma sublime e nobre, nem uma aparência tão encantadora e já esteve metido em problemas com a lei, no entanto, possui bons modos e sabe como ser persuasivo e se adaptar a sociedade ao seu redor. Ele viaja pela Rússia em uma tentativa de comprar "almas mortas", ou seja, camponeses que já morreram mas não foram registrados como tal ainda, com isso, ele pretende ganhar fundos e autoridade fingindo ser proprietário de terra e dono de tais "almas".

Conforme ele percorre pelas cidades e aldeias da Rússia, vai se encontrar com as mais ilustres figuras, extremamente caracterizadas e, por mais que o livro seja de muito tempo atrás, em alguns momentos você para e pensa "eu conheço alguém exatamente assim!". Além disso, ele vai expor toda a superficialidade da burguesia da época, que não se importa em se endividar só para mostrar uma boa aparência e manter um status.

Outra grande pegada, são as críticas cirúrgicas ao serviço público, a burocracia e a corrupção que se instalam nos diversos departamentos, mostrando que, com dinheiro e boa posição, pode-se conseguir tudo facilmente.

Gógol fez um retrato perfeito da sociedade e do homem da época, e que é aterrorizantemente atual, ele não deixa escapar nada, e mesmo assim traz tudo de um jeito cômico, escancarando as maiores malezas de um jeito sútil e leve.

Em muitas partes do livro temos a voz do autor falando diretamente com o leitor, isso pra mim foi a parte mais fascinante do livro, ele transmite sua mensagem de um jeito tão tocante que é quase impossível não se emocionar, principalmente criticando o modelo de literatura e leitor da época, onde o leitor (e os críticos) preferem não ver a miséria humana descoberta, e nos mostrando intimamente sua própria sina como um autor que revela todo esse lado.

"Pois o Juízo contemporâneo não reconhece que são igualmente maravilhosas as lentes que mostram os sóis e as que mostram os movimentos dos ínfimos insetos; não reconhece o juízo contemporâneo que é necessário muita profundeza e alma para iluminar um quadro tirado da vida desprezada e transformá-lo numa joia de criação."

Enfim. MARAVILHOSO, eu poderia passar horas mostrando passagens e falando sobre esse livro, é uma leitura que vai iluminar muito, e dar várias perspectivas sobre vários aspectos da vida. Passar a vida sem ler Almas Mortas devia ser considerado crime.

"O mais doloroso não é que o senhor seja culpado perante os outros, mas sim que o senhor seja culpado perante si mesmo, perante a riqueza de dons e de forças que lhe coube neste mundo. O seu destino era ter sido um grande homem, mas o senhor se rebaixou e se destruiu com suas próprias mãos"
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Gabrielli 04/05/2023

Importante conhecer
Não é das obras russas que mais tenha me agradado, mas tem uma importância gigantesca para tudo que vem depois e vale muito a pena conhecer. Recomendo, do autor, o conto Diário de um Louco, construção incrível também.
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Marcos606 24/03/2023

Na Rússia do romance, os proprietários de terras devem pagar impostos sobre os servos mortos até que um novo censo os remova da lista de impostos. Chichikov sai para comprar servos mortos - aliviando assim seus donos de uma carga tributária - e hipotecando-os para adquirir fundos para criar sua própria propriedade. Ele encanta seu caminho para as casas de vários proprietários de terras influentes e apresenta sua estranha proposta, mas se esquece de contar a eles o verdadeiro propósito por trás de seu plano. Gogol baseia-se em amplos tipos de personagens russos para seus retratos de proprietários de terras. Essas descrições cômicas compõem algumas das melhores cenas do romance.
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alemesquitaneto 28/02/2023

Minha experiência com esse livro foi realmente difícil. Comecei com muita expectativa e , apesar da escrita impecável do Gógol, a história demorou pra me entregar o que eu esperava e, quando o fez, não era bem o que eu queria. Terminei de ler o livro e não quis ler o rascunho inacabado do livro seguinte. Tempos depois, mudei de ideia e vi que o segundo livro seria o que eu esperava do primeiro. Nos cinco capítulos que sobraram, já é possível ver como a continuação seria primorosa.
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Leonardo 03/02/2023

Um grande e cômico clássico da literatura russa
Almas Mortas traz a história do "herói" Pável Ivánovitch Tchítchikov que viaja pelos prados e pelas aldeias do interior da Rússia em busca de almas (servos camponeses) mortas que constam como vivas no relatório de censo, nos convidando a acompanhar suas motivações e seus alvoroços para adquirí-las.
Os personagens, apesar de não serem tão complexos, são muito caricaturais e satíricos e servem de veículo para investigar comportamentos e vontades intrínsecas à experiência humana. Muito se discute neste livro sobre o que
caracteriza o homem russo e sua alma.

Sobre o provincianismo dos personagens, é inevitável apontar que o jeitinho do povo russo retratado neste livro me lembrou muito o do povo brasileiro. O espírito fofoqueiro, malandro e cômico é idêntico e hilário.

É um daqueles livros que te arranca risos mas também te convida a elucubrar sobre aspectos complexos da conduta humana. Gógol dedica inúmeras páginas da segunda parte do livro para este último ponto, o que torna a leitura mais vagarosa por ser muito verborrágica e até meditativa.

Leitura recomendadíssima (e obrigatória) para todos os amantes da literatura russa!
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Helison.Fortunato 18/12/2022

Temporalidade
Tanto no curso de História o qual cursei, como na minha experiência como leitor, aprendi que não há leituras ruins ou enfadonhas, mas sim temporalidade errada, acredito que eu precisaria ter uma maturidade literária maior para subtrair melhor essa obra, de fato não foi uma leitura boa, porém a meta era finalizar e foi assim que o fiz.
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Jorlaíne 20/09/2022

A escrita de Gógol é fantástica!
A temática do livro também é. O livro é uma crítica à nobreza russa de 1800 e à sociedade num momento em que os proprietários de terra mediam sua riqueza não pela posse de terras, mas pelo número de almas que haviam nelas.
No caso desta leitura, é bom que se tenha uma leitura prévia sobre o contexto, pois o livro é inacabado por conta da morte do autor. Sem esse contexto, a leitura pode parecer banal, o que não é de forma alguma.
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Reginaldo Pereira 19/09/2022

Incrível, do início ao? fim?
A forma de escrita é perfeita, flui demais; as sátiras e ironias me fizeram dar boas risadas (aquelas que a gente ri sozinho, mesmo quando estamos fazendo outra coisa!); e a história em si, toda ela baseada em personagens ?questionáveis? (não existe mocinho na obra), é maravilhosamente construída?. a única questão é o final?. pois ele não existe?

Trata-se de uma obra inacabada, composta de 3 livros (pelo menos na ideia original de Gógol). O livro 1 foi totalmente concluído, o livro 2 existem capítulos (aqueles que uma boa alma conseguiu salvar do fogo), e o livro 3 nunca chegou a ser escrito? uma pena!

Tchítchikov está longe de ser um herói (no conceito comum da palavra), mas é um baita personagem, que nos cativa desde o início!

Enfim, uma das melhores leituras do ano, que só não recebe 5 estrelas por justamente não ter sido concluída?. Ah Gógol, amor e ódio por você!!!!!!
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Leandro190 25/08/2022

Engraçado, crítico, necessário
O autor usa o bom humor para falar da dura realidade da Rússia do século XIX. Longe da aristocracia seus personagens mostram as durezas enfrentadas pela maioria da população e mostra ainda e com destaque nesse livro os desvios morais, as prevaricações, "o jeitinho russo" para se ganhar dinheiro e reconhecimento. A biografia do autor é tão interessante quanto o livro. Gogol queimou quase toda segunda parte desse romance, uma pena, mas certamente ele teve seus motivos para isso. Vale a pena conhecer a biografia e a obra de Gogol.
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Lucas 11/04/2022

Narrador hilário e enredo absurdo: Uma sátira espetacularmente bagunçada
Almas Mortas, lançado em 1842, é a obra-prima do genial Nikolai Vassílievitch Gógol (1809-1852), nascido na atual Ucrânia mas considerado um dos membros fundadores (o outro é Aleksandr Pushkin (1799-1837)) da era de ouro da literatura russa (impossível não ignorar esse dualismo pátrio diante do conflito atual entre Rússia e Ucrânia). O rótulo de obra-prima de um autor tão renomado não deriva de sua incompletude, comentada mais a frente, mas pela narrativa daquilo que o autor propôs (e conseguiu, em grande parte) legar à eternidade literária.

Como um traço recorrente das obras-primas, têm-se a simplicidade, a qual em Almas Mortas é encontrada em seu enredo: o livro narra as aventuras de Pável Ivánovitch Tchítchikov, um sujeito (é o melhor substantivo que pode ser empregado) que parte para uma interiorana cidade russa com um objetivo em mente: adquirir de proprietários de terras títulos de propriedade de servos falecidos desde o último recenseamento e que, portanto, em termos jurídicos ainda existiam. As tais "almas mortas" seriam como "títulos podres": investimentos com substância apenas legal, conferindo ao seu titular certa riqueza fictícia, mas inexistente na prática.

Em verdade, este é um enredo tão simplista que, de certo modo, não pode ser considerado um enredo propriamente dito. Não apenas simples, mas como fica subentendido, a proposta de Almas Mortas é absurda e chega (ria) a ser esdrúxula se dependesse de uma eventual falta de imaginação do seu idealizador. Felizmente, não é isso que ocorre: Gógol era um homem com uma mente turbulenta e a história de seus livros indica que para ele qualquer coisa trivial poderia ser o gatilho para outras obras-primas: os contos O Nariz (1836) e O Capote (1842) estão aí para comprovar isso.

Almas Mortas se destaca, então, por outros aspectos e o cerne deles é o narrador onisciente, que brinca constantemente com o leitor com incontáveis divagações compostas por comentários e análises sarcásticas do desenrolar dos fatos narrados. Tal técnica, o uso de divagações, não é nada incomum na literatura universal do século XIX, mas diferentemente desses outros usos (que possuíam entre si normalmente um viés filosófico), aqui Gógol emprega essas fugas da linha narrativa para pintar linhas predominantemente cômicas por toda a jornada do protagonista. E essas divagações acabam criando as condições narrativas para que os vários coadjuvantes surjam, tais como Petruchka e Selifan¸ empregados do protagonista Tchítchikov, Pliúchkin, que personifica o significado da avareza e o inesquecível Nozdriov, um simplório e hilário fanfarrão, a qual protagoniza pelo menos duas passagens engraçadíssimas. Entretanto, as divagações de caráter mais "convencional" também estão lá, especialmente quando Gógol fala sobre as dificuldades em fazer literatura ou nas pontuais descrições da vasta Rússia.

Mesmo que sem querer, ao narrar as hilárias tentativas de Tchítchikov de adquirir títulos de propriedade de servos já falecidos (as quais, pela explicação mais plausível, lhe dariam um status social superior na capital São Petersburgo, mas a obra deixa uma justificativa mais substancial), o autor é bem feliz ao descrever uma Rússia interiorana até de certo modo desconhecida dos grandes centros. Nas várias visitas a senhores (as) de terras que Tchítchikov fazia, percebe-se certa semelhança com o maravilhoso Memórias de um Caçador (1852), livro de contos de Ivan Turguêniev (1818-1883). Mas enquanto os contos de Turguêniev são poeticamente perfeitos em descrever os servos (mujiques) e as paisagens narradas (este último o mais característico traço da literatura de Turguêniev), Almas Mortas é mais cirúrgico nesse aspecto de descrição do interior russo, já que Gógol foca sua escrita para as pessoas em si, sem que haja um caráter nacionalista por trás disso. Desse modo, os personagens que vão surgindo são mesquinhos, por vezes cruéis, desconfiados e assim por diante, tudo permeado com o já recorrente pano de fundo satírico e caricatural.

Apesar dessa aparente simplicidade, Almas Mortas é também incompleto. Isso porque a obra se divide em duas partes: a primeira, com seus onze capítulos, foi lançada em 1842 e é considerada o "cânone oficial"; a segunda parte seria lançada em 1846, mas Gógol, numa crise mística e nervosa, queimou os manuscritos dessa parte e retomou o trabalho. Mas poucos dias antes de falecer, Gógol incendiou novamente o que havia feito... Os cinco capítulos que hoje podem ser considerados a segunda parte da obra não chegaram a ser queimados e são reproduzidos na sempre excelente edição da Editora 34. Sumamente e como pode se imaginar, Almas Mortas não é um livro "redondo" no sentido narrativo, oferecendo, ao fim do que há de texto conhecido, várias perspectivas imagináveis. Essa segunda parte, na verdade, precisa ser lida apenas como um complemento histórico da construção literária de Nikolai Gógol, já que se percebe uma mudança significativa de estilo perante à primeira parte (é nítida que a história de Tchítchikov nessa parte final que resistiu carecia ainda de muitos ajustes). Ela traz, todavia, excelentes reflexões sobre materialismo e disposição ao trabalho (através do personagem Kostanjoglo) e uma experiência do protagonista com um senhor de terras extremamente burocrático (Gógol parecia ali estar prevendo o funcionamento do Estado Soviético que surgiria dali a 70 anos, numa passagem cômica), apesar dos vários "buracos" narrativos, as quais a edição da Editora 34 faz questão de explicar em notas de rodapé (através da atenta tradução de Rubens Figueiredo).

Este aspecto incompleto do livro é a grande razão da enormidade de estudos literários que dissecam a obra sobre vários ângulos, simbolizados pelo ensaio do professor norte-americano Donald Fanger (1929-), trazido na edição da Editora 34. Além deste, Vladimir Nabokov (1899-1977) faz um longo texto sobre a obra, disposto em Lições de Literatura Russa (Ed. Três Estrelas, 2014). Recomenda-se mais fortemente esta última referência complementar: Nabokov, com a sua recorrente acidez, critica e disseca Almas Mortas e seu autor (especialmente nos seus turbulentos últimos anos de vida), maximizando ainda mais a experiência de leitura.

Almas Mortas é algo inconclusivo, mas de uma construção inigualável dentro da literatura russa: nele, a narrativa adquire ares de um brilhantismo próprio, a qual sobrepõe aquilo que ela conta. No último parágrafo da primeira parte, Nikolai Gógol, numa reflexão lendária, compara a Rússia a uma troica desgovernada: enérgica, chamativa, indomável e dramática. Sem se ater a avaliações da Rússia como país, já que no contexto atual isso pode levar a conclusões mais emocionais, talvez a história de Tchítchikov tenha um pouco disso também: a obra-prima de Gógol é frenética, por vezes deveras estranha e cinematográfica, mas que encanta em seu contar e em suas historietas não resolvidas.
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Alessandro117 03/03/2022

Ora vejamos.
Foi uma ótima leitura, que eu deixei ser longa sem querer rsrsrs. É um livro divertido de ler, me arrancou ótimas risadas e espero ler mais livros do Golgo.
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Carol 02/02/2022

Impressões da Carol
Livro: Almas Mortas {1842}
Autor: Nikolai Gógol {Ucrânia, 1809-1852}
Tradução: Rubens Figueiredo
Editora: 34
432 págs.

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Mais conhecido pelos leitores brasileiros por seus contos, Nikolai Gógol deixou uma produção literária variada como legado, oscilando tematicamente entre o resgate do folclore ucraniano e o cenário urbano de São Petersburgo.

"Almas Mortas", podemos afirmar, é o romance de uma vida. Gógol, em carta a seu amigo Púchkin, afirmou que o romance englobaria toda a Rússia, que seria uma espécie de "Divina Comédia" russa, dividida em três partes.

Infelizmente, o projeto ficou inacabado. Doente, mentalmente atormentado, com ânsias cada vez mais moralizantes, Gógol lançou os manuscritos da 2° Parte do romance ao fogo e, poucos dias depois, faleceu, aos 43 anos.

Nesta edição da 34 temos o que seria a 1° Parte do romance, que de tão genial se sustenta como um livro acabado; fragmentos da 2° Parte, que escaparam do fogo; e um excelente ensaio do prof. Donald Fanger.

Falemos, então, do enredo de "Almas Mortas". Acompanhamos Tchítchikov, um fabuloso picareta, em suas andanças por cidades interioranas da Rússia. Ele se arma com sua boa oratória, astúcia e pequenas bajulações para fechar negócios.

O trambique reside nesses negócios. Tchítchikov adquire almas mortas, servos que morreram desde o último recenseamento e que não foram oficialmente declarados mortos pelos proprietários rurais. Para empenhá-las, como se vivas fossem, em troca de uma fortuna.

"Almas Mortas" é um grande livro, entre o épico e o cômico, como soi ocorrer na obra gogoliana. Há sempre algo em disputa: a alma humana, o bem e o mal, a vida e a morte, o amor à pátria, a sátira, a denúncia, a moral. Tchítchikov traz toda essa complexidade em si, apesar de ser um herói-patife, nunca perde o desejo de regenerar-se.

Li "Almas Mortas" mediada pelo @cesarmrins, do instagram @litrussa e tive o privilégio de assistir a uma aula esplêndida com o tradutor Rubens Figueiredo. Gógol é uma leitura fundamental a todos que amam literatura russa. Um autor que revela a natureza humana, através do riso, é um autor que merece ser lido.
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