spoiler visualizarVictor222 25/01/2023
Resenha Discipulado
O autor inicia criticando as interferências institucionais e doutrinárias feitas ao Evangelho, como se a mensagem transparente e cristalina precisasse de complemento. Tais ações deturpam o que Deus quis transmitir e afastam as pessoas de conhecer a Verdadd que liberta. Ocorre que esse legalismo foi o pano de fundo para surgimento da teologia da "graça barata" ou "hipergraça", que defende um evangelho onde o cristão pede perdão pelos pecados mas não se arrepende nem deixa de praticá-los. Isso fez com que a Igreja adotasse um caráter secular para promover uma recepção agradável e calorosa aos adeptos da graça barata, que como foi falado, defende uma vida cristã sem a necessidade de efetiva mudança e abdicação, o famoso "vinde e permanecei como estás".
Avançando na temática, Dietrich fala sobre como isolamento do mundo não é o caminho para ter uma vida cristã saudável, já que o desafio dado por Jesus é viver o discipulado inserido no mundo, fazendo constantes renúncias e aceitando as privações impostas. Em relação ao chamado, o autor destaca que não há abertura para justificativas plausíveis que visem rejeitar o chamado, restando apenas a possibilidade de crer, abandonar tudo e seguir a Jesus. A consequência disso é o discipulado que nos gera uma nova vida, fundamentada na graça, que só é possível para aquele que se dispõe a viver discipulado continuamente.
É falado também, como a justificação pela fé anda em unidade com a obediência. Os discípulos creram, por isso obedeceram ao chamado, e essa obediência ao chamado é motivada por eles terem tido fé naquele que os chamava. Se não existe fé, há resistência em aceitar entregar o controle da própria vida para Deus e não se agarrar em algum lugar do coração contra o chamado de Cristo. Quando crer e obedecer perde a importância, a graça preciosa vira graça barata, que justifica aquele que não quer se entregar totalmente a Deus.
É ressaltado sobre como Cristo se interpõe entre nós, família, amigos e conhecidos. As pessoas que não foram colocadas na nossa vida por intermédio dEle, não passaram pelo crivo de Deus. Apenas com a mediação de Cristo, o verdadeiro, correto e saudável caminho para o próximo se torna possível. Isso faz com que a intercessão seja a melhor forma de aproximação e conhecimento do meu próximo. Cabe destacar que, ao rejeitar os filhos de Deus, a terra assina sua própria morte, já que são estes, os responsáveis estabelecidos por Deus, para não só garantir a preservação da Igreja do Senhor como das pessoas de um mundo que encaminha-se para deterioração. Assim como devemos ser sal, devemos ser luz refletindo as boas obras de Jesus. Aquele que tenta ser invisível não é um ser humilde mas alguém que nega/foge do chamado por medo ou conformismo com o mundo.
O caminho proposto por Jesus, inclui amar quem nos odeia e o privilégio de sofrer pelo Evangelho como Jesus sofreu. Significa que aquilo que compartilhamos, incomoda os que não creem e veem as decisões das suas vidas sendo contestadas. Não importa o quanto me considerem como inimigo mas eu o considero irmão. Por isso, não devo julgar meu irmão, pois quando o faço, me coloco em uma posição distante e superior, pronto para observar e refletir se o outro atende aos meus critérios. Julgar é colocar-me até acima de Deus, como se fosse mais apto que Ele, para estabelecer uma imagem do outro. Não julgar não é sinônimo de conivência com o falso cristão já que a máscara não se sustenta. Há um momento que as ações não corresponderão com o discurso cristão. Os frutos expostos serão incompatíveis com os de um discípulo.
Era através do corpo de Jesus Cristo(presença física) que os discípulos tinham a comunhão e hoje a comunhão permanece através dos sacramentos batismo e ceia. A mesma comunhão dos discípulos mas efetivada de outra forma. O batismo é a forma que somos adicionados ao corpo que teremos comunhão, enquanto que a Ceia simboliza a renovação da aliança que permite a comunhão, que só foi possível, pois a Palavra de Deus se fez carne, aceitou, perdoou e santificou os que até então eram pecadores. A morte foi necessária pelo excesso de pecados que havia na nossa vida. Só com a morte, foi possível separar pecadores do pecado. Ele participou de nossa vida e morte para que pudéssemos participar de sua vida e morte. Temos que nos ver na cruz, sempre que lembrarmos de Jesus, pois aquele lugar deveria ser ocupado por mim e por você que está lendo isso.
A justiça do homem vem da lei enquanto que a divina vem da fé. Esta me permite entrar na comunhão. A santificação é o que garante a preservação dessa comunhão. A justificação me faz um novo homem, a santificação preserva essa minha nova natureza e precisa ser nítida. É necessário estarmos inseridos no mundo e sermos vistos como corpo estranho à ele. Os do mundo precisam ver aqueles da Igreja como diferentes.
Pecador é aquele que vive sob o poder do pecado. Como o rompimento com essa prisão aconteceu, não cabe mais ser chamado assim. Agora sou santo, pois fui santificado em Cristo, através do Espírito Santo. A comunhão com o corpo crucificado e glorificado de Cristo livra o cristão da indisciplina da vida corporal.
A disciplina eclesiástica têm por objetivo manter o afastamento entre a Igreja e o mundo, de modo que a Igreja não seja dominada por práticas seculares. Veja bem, a intenção não é oprimir o pecador mas corrigi-lo de forma efetiva, preservando a unidade de pensamento e de vivência do corpo. Se o mal que se manifesta é logo remediado, não há propagação para os outros membros. Corrigir, repreender e exortar é diferente de julgar. Julgar é analisar o erro de alguém, fazendo juízo de valor objetivando estabelecer condenação. Corrigir, repreender e exortar é agir ativamente para que meu irmão viva de forma distinta ao que deveria estar vivendo como um cristão.
Enquanto a confissão é o auxílio que Deus concede ao pecador para preveni-lo do perigo do autoengano e da autoministração do perdão.
Disciplina > Aconselhamento > Afastamento visam levar o pecador ao arrependimento e reconciliação.
A Igreja não condena ninguém. A própria pessoa escolhe o caminho da condenação quando decide por não se arrepender nem se reconciliar. Não busque santificação para que seu irmão o veja como santo mas para que Jesus te encontre santificado no Grande Dia. A forma das pessoas enxergarem você deve ser consequência de alguém que leva uma vida santa.
Encerro esta resenha consciente que apesar da resenha ter ficado bem extensa, ainda assim ficou muito conteúdo importante de fora, por isso, indico veementemente que compre esse livro. Nessa leitura fui confrontado e ao mesmo tempo confortado por cada trecho que li. Nele vi acertos que tive, graças a misericórdia e bondade de Deus, que refletiu a boa obra dEle através de mim mas muito mais, pude ver os meus erros e não só eles mas também visualizei o caminho que devo seguir para poder corrigir minhas ações. Todos esses direcionamentos dados pelo autor apontam diretamente para o texto bíblico. Afinal de contas, qual fonte seria melhor para tratar do discipulado se não aquele que narra a vida do maior discípulo que já existiu?