Um Tal Lucas

Um Tal Lucas Julio Cortázar




Resenhas - Um Tal Lucas


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livroselabirintos 19/08/2023

De surrealismo e arte literária
De início, não estava gostando. Adoro o Cortázar do « Bestiário » e dos outros contos fantásticos. Mas no caminhar (e não no arrastar, como parecia que ia ser) da leitura, você percebe que os textos/contos/pensamentos, seja lá o nome que quer dar, têm unidade temática e formal. Dos temas, sonho e morte são os que remetem ao movimento surrealista. E são geniais. Não é um livro de entrada, mas um livro para quem já tem familiaridade com o Cortázar. E vale a pena ler, reler, sonhar com ele.
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HonorLu 06/11/2022

Primeira leitura integral em Cortazar
Cortazar certamente é um dos meus autores favoritos, apesar de estar ter sido minha primeira leitura integral de uma obra sua, sempre fui muito fã dos textos e excertos que os professores usavam durante as aulas da graduação em Letras. O motivo de não ter lido um livro inteiro: a dificuldade de encontrar as edições e o baixo número de reimpressão. Os sebos online deram um jeito nisso, por enquanto.

Sobre a leitura do livro: sinto-me lisonjeado em compartilhar o nome escolhido para o alter ego desse livro, com muito humor ácido, sarcasmo e um tom bem particular do autor, a leitura se fez muito satisfatória e companheira. Preciso exaltar o texto "O copiloto silencioso" que me passou uma verdadeira sensação de medo.

Recomendo demais.
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Guilherme 07/09/2021

Os contos são ótimos e, no geral, bem humorados, você lê em uma sentada só. Uma das surpresas boas do livro foi a tradução do Zipper Sonnet, do nosso Haroldo de Campos (embora o conto, em si, não tenha sido dos meus favoritos). Recomendo!
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regifreitas 12/08/2020

UM TAL LUCAS (Un tal Lucas, 1979), de Julio Cortázar; tradução Paulina Wacht & Ari Roitman.

Trata-se de um livro de contos, dividido em três partes, sendo que na primeira e na última todos os títulos estão vinculados ao tal Lucas que nomeia a obra. São textos que podem ser lidos de forma avulsa, não existe uma sequência cronológica para as histórias.

Confesso que num primeiro momento houve um certo estranhamento da minha parte em relação aos contos. Muitos tiveram que ler lidos e relidos algumas vezes. Mesmo assim, não posso dizer que todos foram compreendidos completamente. Certamente deixei passar muitas coisas.

Excetuando-se esta obra, de Cortázar eu havia lido apenas um livro de contos - TODOS OS FOGOS O FOGO (1966) - e um contendo as aulas ministradas pelo autor na Universidade de Berkeley, em 1980 - AULAS DE LITERATURA (2013). Assim, é um autor que ainda estou aprendendo a conhecer, mas sobre o qual tenho ainda muita curiosidade.
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Pablo Barra 16/06/2015

Cortázar
A minha esposa comprou o livro e eu comecei a ler, na verdade acho que ela comprou para mim sem querer. O primeiro capítulo ou mini história já produz um choque. É uma história fragmentada de um personagem totalmente transparente com o leitor que sem dúvida deixa entrever a personalidade e pensamentos mais pessoais do Cortázar. Uma das melhores reflexões que se nos apresentam é sobre a morte em outras pessoas. Básicamente ele nos faz entender que vamos morrendo lentamente em outras mortes, quando morrem pessoas que amamos ou admiramos!

Recomendadíssimo!
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Jacqueline 02/11/2014

Esse tal Lucas
Sobra humor, crítica e ironia no livro. Muito boa a ideia de amarrar um livro em torno de um personagem que vive diferentes coisas. Em cada conto (ou crônica?) vamos conhecendo outras de suas facetas ou algumas vão se afirmando coerentemente. Lucas é uma espécie de alter ego do autor e, não raro, desconstrói o óbvio, denuncia hipocrisias e modismos e destila doses salutares de veneno. O livro é dividido em três partes: nas partes 1 e 3, o próprio Lucas figura nos títulos dos contos e, na parte 2, são os diferentes temas que se colocam como tópicos. Logo no início somos apresentados às várias cabeças de um Lucas-hidra, que estão em constante conflito, e vemos algumas das vozes, desejos, necessidades, dúvidas e neuroses que o constituem (Quantos de nós consegue manter sua hidra sobre controle?). Sobra pra todo mundo: pra crítica literária, pra academia, para os políticos, para o sistema de saúde, para os naturebas, os saudáveis, os ricos etc. Algumas situações inusitadas povoam as páginas do livro, como quando:

- um pianista que se joga contra um teclado totalmente indefeso leva a plateia ao delírio, ocasião que faz com que Lucas reaja de forma pouco convencional;
- se indaga sobre a possibilidade real de escuta dos barulhos advindos do banheiro;
- barbariza a vida no campo, dizendo que toda beleza da vida campestre só pode ser devidamente apreciada quando se tem garantido na volta dessa intensa relação um bom banho, um portentoso hotel, jantar, vinho etc.;
- desenvolve a tese de que o princípio da identidade pode ser quebrado: nos jogos eróticos A pode ser não A e não A pode ser A;
concebe um lugar em que se juntariam todas as explicações;
pensa em alguém que envia cartões, dizendo verdades (nada amáveis) a seus familiares;
- concebe uma série intrincada de textos que criticam uns aos outros, ironizando a crítica literária;
faz uma conferência sobre a mesa que se interpõe ente o conferencista e plateia, tratando a academia com sarcasmo;
propõe uma terapia que consiste em fazer em excesso tudo que é prescrito para não se fazer;
- descreve um restaurante chique num vagão de metrô: para saborear a diferença associada à vantagem tem-se que estar perto do diferente (do menos privilegiado). Não basta ter, é preciso mostrar que se tem.

Merecem destaque ainda o conto que fala sobre a fabricação de necessidades e a venda espetaculosa de produtos a ela associada (nesse caso, vale destacar o absurdo da necessidade: injetar minúsculos peixinhos de ouro no sangue a partir do momento que se completa 18 anos acesso à felicidade - e passar o resto da vida administrando ampolas injetáveis quando os peixinho morrem e obstruem alguma artéria (com direito à venda à prazo com juros altos para os pobres e a constituição de um mercado paralelo de ampolas e peixinhos).

Genial o diálogo de ruptura, em que as falas são propositalmente incompletas. Faltam palavras em todas as falas (mas que diferença isso faz, nessas horas não há entendimento possível mesmo, não é? Cada um quer mesmo é apresentar a sua verdade).

Genial também é a forma de escrever um roteiro amoroso (cujo título já desconcerta Maneiras de estar preso), entrelaçando o ponto de vista da personagem, do narrador e do leitor. Foi só começar e pronto. Primeira linha que leio deste texto e quebro a cara porque não posso aceitar que Gago esteja apaixonado por Lil; de fato eu só soube disso várias linhas adiante mas aqui o tempo é outro, você por exemplo que começa a ler esta página fica sabendo que eu não estou de acordo e assim toma conhecimento antecipadamente de que Gago se apaixonou por Lil, mas as coisas não são assim: você ainda não estava aqui (e o texto também não) quando Gago já era meu amante.

Por fim, vale notar uma espécie de ode à literatura contida no conto Lucas, suas discussões partidárias. Militantes não literários propagam que a mensagem dever ter clareza, ser inteligível para todos. Depois de muito contra-argumentar, Lucas vai propor um pacto: simplificar a linguagem, em prol do diretamente comunicável, em troca do abandono de carros e tratores e a consequente volta do pegar na enxada. Tudo de volta ao simples... Justo!
Que bom que alguns como Cortázar transitam tão bem pelo simples e pelo mais complexo ou será que vamos clamar pela volta dos carros de boi?
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