Cláudia 04/10/2017Penelopeia: o mito de Penélope e as 12 escravas enforcadasO livro A Odisseia de Penélope, vai contar esta história pelos olhos da Penélope, esposa de Odisseu que ficou 20 anos esperando o marido voltar da guerra, causada pelo rapto de Helena, que era sua prima. O argumento deste livro, o que explica porque está sendo contado esta versão, é que Penélope, após 3 mil anos nos Campos Elísios, reflete sobre sua vida e conta a sua participação nos acontecimentos narrados na Odisseia.
Intercalados com a narrativa da Penélope, há os capítulos do Coro das escravas que foram enforcadas à mando de Odisseu, quando este retornou à Ítaca, já que elas faziam sexo com os pretendentes de Penélope. Entregar as escravas aos convidados eram um costume normal, o crime era que elas se entregaram sem a permissão do dono delas, que era o Odisseu, que estava fora. Então os capítulos delas são os mais fortes em críticas, do costume em si, de serem entregues, de livre vontade ou forçadas, elas se submeteriam aos pretendentes, que eram homens livres, com posses e nobres, muito acima delas.
Mas também identifiquei a questão de como é tratada a parcela feminina da alta classe e da classe inferior: enquanto Penélope tem os seus problemas em relação ao marido que não volta e está encurralada pelos pretendentes, isso tudo parece “problema de rico” quando é a vez do Coro das escravas.
Os capítulos de Penélope ainda esclarecem que ela só tolerou os pretendentes que ocuparem o palácio, pois se tentasse bota-los para fora, eles revidariam matando à ela e a Telêmaco, tomando o palácio que não tinha proteção, todos os leais à Odisseu haviam partido junto para a guerra, então era melhor tolerar as tentativas dos pretendentes a convence-la a escolher um dentre eles e, assim, Penélope criando o ardil da mortalha: escolheria um dos pretendentes quando concluísse de tecer uma mortalha, mas todas as noites desfazia o trabalha do dia, evitando assim a conclusão da peça.
O livro se baseou nesta ideia inicial de falar sobre escravas, então o coro é o ponto forte do livro e o que faz o livro ser mais interessante de ser ler (não que a outra parte deve ser pulada, ela é muito bem escrita, só não me agradou em termos de empatia com a personagem). A narrativa de Penélope é objetiva quando descreve os acontecimentos, ela não mostra o que aconteceu em detalhes, ela conta sem rodeios, os diálogos contem só o essencial, por isso o livro é pequeno.
Já o coro de escravas, fazem sátiras à tragédia, peças teatrais representando Penélope, a escrava metida que não lembro o nome, a que reconhece Odisseu, o próprio Odisseu e seus soldados; outro capítulo é tipo textão de Facebook, depois uma aula de antropologia; há até um capítulo que é o julgamento de Odisseu, por num tribunal do século XXI.
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