yomaeli 05/05/2020
"nenhum deus é como uma mãe"
Fique Comigo acompanha a vida de Yejide, que também divide as páginas com seu marido, Akin. Vemos como o casamento deles é construído, como dificuldades surgem e como a conexão entre eles vai se estruturando. O livro fala muito sobre a busca de Yejide pela maternidade, exigida por todos (sogra, sociedade, tradição, etc), que acaba se tornando uma estrada cheia de dores e incontáveis perdas. É impossível não sofrer junto com ela, por todas situações as quais é submetida e por todas as feridas que vão se abrindo em sua existência. Achei que o livro foi certeiro na forma que ilustrou o processo de luto de Yejide, sua sensação de exclusão na infância e adolescência; e os sentimentos de culpa e falta.
Além disso, a obra traz uma riqueza de detalhes sobre a cultura nigeriana, então é preciso ler sem o juízo de valor que temos a partir da nossa cultura. Fique Comigo nos leva para mitos, crenças e exigências que, mesmo distantes das nossas concepções, se aproximam de nós, fazendo com que a gente sinta, se compadeça e compreenda.
Apesar de um livro relativamente curto, a leitura talvez precise ser feita em doses homeopáticas, por conta de suas passagens intensas.
Terminei o livro em lágrimas, pois depois de tantas tragédias, vislumbrar um possível recomeço feliz encheu meu ser de uma alegria imensa.