Don Hoffman 23/07/2021
Este é só para aqueles que realmente anseiam por evolução pessoal
A arte da sabedoria
Ano de lançamento: 1647
Gênero: Não tem uma definição fechada. Todavia, pode-se classificar como autoajuda.
Autor: Baltasar Gracián
A arte da sabedoria pode ser conceituado como: "um manual de condutas", que são conselhos, ou oráculos como o autor gostava de chamar. São no total 300, divididos em seis partes entre as 126 páginas deste pequeno livro. Não se deixe enganar por este dado, como o próprio autor afirma no mesmo: "Dê mais valor à qualidade do que à quantidade"; "em vez de ser grande e oco, vale mais ser pequeno e sólido"...
Tais conselhos, são enumerados e não costumam extender-se por mais de dois parágrafos. Cada página pode conter de dois até três. A leitura em suma é bem didática; fluída e de fácil compreensão.
Parte 1 - Como alcançar a excelência?
A ideia central desta parte introdutória é a virtude em si, o que pode ser traduzido num conjunto de valores próprios do indivíduo. Por meio dela é possível ponderar o que se faz e alcançar a excelência em diversos aspectos. No entanto, a virtude não é mero conceito único e fechado, mas sim, abrangente. Ou seja, não se restringe unicamente a um conjunto de valores pré-definidos. "É seu dever entesourar um universo de virtudes..."
Nesse aspecto, o autor abarca uma série de qualidades que uma pessoa virtuosa deve ter. Dentre elas destacam-se: inteligência, cultura, prudência, sabedoria, discrição, conhecimento. A prudência, é a virtude mais importante e a base de todos os oráculos do livro, sem ela não há como obter qualquer tipo de sucesso, sua ausência torna todas as outras virtudes ineficazes.
O uso da prudência, consiste em analisar uma situação e buscar tomar a atitude correta, a atitude que uma pessoa boa tomaria: "a perfeição suprema é ser uma pessoa boa". Ou seja, é a atitude razoável. Ser uma pessoa boa em todos os aspectos resulta em admiração, respeito e sucesso profissional e pessoal.
Parte 2 - O agir com prudência e comedimento
Cinco conselhos combinados dos quais se extraem importantes lições.
Para compreendê-los basta entender o conceito, todavia serão citados por fins didáticos: valor, paixão, ardil, comedimento e empreendedorismo, este último mostra uma aplicação prática dos outros quatro.
A intenção de Gracián ao condensar esses conceitos em uma série de dicas para a vida era, explicitar a importância de três coisas: "Prudência, ponderação e razão".
Prudência para descidir, ponderação para agir e razão para não ceder aos impetos dos instintos.
A razão é o pilar que sustenta ambos, pois sem ela é impossível a aplicação dos mesmos.
Tudo deve ser feito com sutileza e cuidado, para que se mantenha a boa reputação, evite a ridicularização e sobretudo obtenha-se sucesso, isto por sua vez se consegue através da "discrição", que também pode ser considerada uma virtude.
Necessário é ter bom senso "meio termo para tudo", não é preciso se abster de qualquer coisa, desde que se esteja no controle de si mesmo.
Parte 3 - Aprimorando relacionamentos profissionais
As lições contidas aqui reservam-se ao âmbito empresarial, observando questões recorrentes no mesmo meio que, se não tratadas da maneira correta podem acarretar em problemas que culminariam no fracasso do indivíduo.
No que se refere aos ambientes profissionais, destacam-se três categorias de indivíduos responsáveis pelo funcionamento da organização.
Os superiores que são os chefes, os pares que são os iguais, ou seja aqueles que compartilham do mesmo cargo e os subordinados.
O trato para com cada categoria é diferente, e determina como será a vida do indivíduo dentro da "empresa", ou local de trabalho.
⚫ Chefes:
Não gostam de ser ver ou sentir que foram superados. Portanto, a esses os fatos devem ser apresentados como se os mesmos já tivessem conhecimento do assunto. É bom estar ao lado deles, e mesmo que se esteja acima em qualquer circunstância, o ideal é que se esconda isso.
⚫ Pares:
Deve-se buscar aprender com eles. Em suma, procurar relacionar-se com aqueles que possuam visão, ou seja os que são bem sucedidos. Andar com fracassados transforma qualquer um em fracassado.
⚫ Comandados (subordinados):
Com estes firmeza e justiça. Necessário descobrir uma força secreta (interior) que promova superioridade em algum aspecto. Algo de destaque.
A ideia central deste capítulo, é agregar importância a si próprio de modo que se faça indispensável ao funcionamento da organização na qual se está incerido.
Parte 4 - Conhecer a vida e entender a alma das pessoas
Este capítulo focará num vício que costuma acometer parte considerável dos indivíduos. A vaidade. De modo que, os conselhos estarão sempre a ensinar formas de se prevenir e evitar atos de vaidade.
Por vaidade, entende-se: "atitudes tomadas pelo indivíduo que o coloquem propositalmente numa posição de destaque".
Destaque que, surge de meticulosos artifícios o que o torna passageiro e ilusório. Em outras palavras, é intenção do indivíduo ser o "centro das atenções".
O autor portanto, sugere que se faça justamente o contrário; que a pessoa deixe de se preocupar com admiração pois a mesma deve vir por mérito próprio, o que a torna uma consequência positiva dos atos do indivíduo.
Destaca-se outro ponto importante neste capítulo, no qual o autor destrincha o funcionamento dos favores.
Aquele que faz muitos favores domina o mundo, porque dele dependem. Logo é melhor ter vários na sua dependência que estar na dependência de um, pior se for o contrário. Pois isso coloca o indivíduo em débito com aquele que lhe favoreceu. Em todo o caso é prudente usar os favores com sabedoria, ou seja, estando na condição de requerente convém avaliar se aquele a quem o favor será requisitado é o certo para prestá-lo, pois as vezes é possível dele tirar mais em outras circunstâncias, nas quais se necessite mais.
Parte 5 - Conhecer a vida e entender a alma das pessoas
A base paras as lições contidas aqui pode soar até um tanto óbvia, todavia a maioria de nós sempre se esquece de levá-la em consideração. Trata-se de reflexão, ou seja, pensar muito bem antes de se tomar qualquer atitude, pois atitudes impensadas ou inconsequentes além de serem potenciais causadoras de danos, as vezes podem criar males irremediáveis.
Isto aplica-se a todas aquelas situações nas quais há uma escolha. Pensar, ou agir de imediato. Atitudes tomadas ao impulso, no calor do momento ou quando não se tenha total conhecimento sobre aquilo que está diante de si, quase sempre acabaram em consequências negativas para aquele que agir ao ardor do imediatismo.
Em vista disso, destacam-se duas importantes situações que geralmente são acometidas pelo descuido. Conflitos e aparências.
No que se refere aos conflitos, analogia pode ser feita com "enfermidades", pois existem aquelas que quanto mais medicação é empregada em seu tratamento, mais ela se agrava, da mesma forma ocorre com certos tipos de conflitos para os quais a solução é deixar passar, deixar que se "curem" sozinhos, pois o ímpeto de resolvê-los só poderá fazer com que piorem.
Quanto as aparências. Nem sempre aquilo que aparenta ser algo, o é em essência. Aparências são doces dissimuladoras de verdades, portanto é sempre necessário olhar além daquilo que se vê, além do óbvio, principalmente com pessoas. Não há nada que necessite analisar-se mais profundamente que o ser humano.
Por outro lado, as aparências regem a maioria das coisas, logo não importa apenas o "ser", mas também o "parecer ser", há pessoas que vêem apenas o superficial (a grande maioria) o que, em certas situações fará com que a aparência fale mais alto que a essência.
Parte 6 - Maximizando relacionamentos sociais
A última, e talvez mais importante parte deste aglomerado de conhecimento pragmático. Nela, o autor enfatiza a conduta do indivíduo no meio, explica a importância das amizades e bem como conseguir as melhores e mais duradouras. Por fim, trata do mais volátil e significativo. A reputação. E como protegê-la em face daqueles a quem ele denomina como tolos ou néscios.
Por conduta, entenda-se: "a forma como nos relacionamos com os outros que integram ambos o círculo social e profissional", a qual deve ser regida pela discrição. Pois, demasiada extravagância ou afetação no modo de se portar atrai atenção indesejada, isso deve-se ao fato do muito diferente naturalmente gerar enfado.
Assim como no trato com os chefes, dissimular a superioridade, faz-se imprescindível, não por questões empresariais, mas sim, de reputação. Pois a inveja daqueles que carecem de tais qualidades decerto falará mais alto, tornando-se a causa de grandes transtornos. Não se deve deixar absorver pelos tolos, pelo meio, mas sim, empregar estratégica discrição quanto aos próprios dotes. Ideal é que se busque adaptar ao meio no qual se está, a fim de evitar o repúdio, reservando-se para si próprio e para aqueles que compartilhem das mesmas características.
Quanto as amizades. Os amigos, devem ser escolhidos com esmerada cautela, visto que são um "segundo eu", compartilham dos bons e maus momentos.
Não se pode viver sem estes, caso contrário não terá ninguém para compartilhar nem a bonança e nem as debilidades, com os amigos dividem-se as responsabilidades, o pesar é repartido em dois.
Não se deve buscar nos amigos apenas a complacência, mas, as três qualidades do bem. Único, bom e verdadeiro. Único porque deve ser seu amigo em qualquer circunstância, bom porque poucos são assim e verdadeiros porque a amizade criada deverá durar muito.
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