Valéria 12/03/2021
Descobri Clarice ainda criança e o primeiro poema decorado (meu Deus me dê a coragem..) sem entender o significado me colocava a pensar, o que fazia clarice enquanto escrevia, o que ela via, o que sentia ao deslizar o lapis sobre a folha, o que se desnudava da sua mente, ou do teclar da maquina o que saia além das marcas no papel, pq parecia que ali tanto peso encontrava alívio. Ler clarice me faz voltar no tempo, não que eu queira revive-lo, gosto e prefiro sempre o aqui e o agora, mas fica um que de incredulidade daquela para esta Valéria. E pensar, como escrever ou ler sao parte de quem eu sou, me ajuda a viver.
"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."
De todas, a minha favorita. Madrugada insone com Clarice, atemporal.