Layla.Ribeiro 25/03/2023
O que pensamos quando ouvimos falar sobre Maria Bonita? Negreiros propõe em seu livro escrever uma biografia sobre a cangaceira mais famosa, Maria Bonita como nós conhecemos, Maria do Capitão para os cangaceiros ou Maria de Déa como era conhecida pela família e pelo povoado de Malhada da Caiçara (Paulo Afonso) na Bahia, onde nasceu e foi criada. Vivendo em um casamento infeliz a jovem Maria de Déa decide fugir com Lampião e viver no cangaço. A autora explica inicialmente que Maria de Déa ganhou este apelido famoso somente após a sua morte e incentiva a uma reflexão durante todo o livro muito interessante sobre a construção da figura Maria Bonita que pensamos hoje, a criação de um mito, segundo aos sobreviventes que conviveram com ela, a Maria do Capitão era muito vaidosa, nunca manejou armas, andava com seu punhal, tinha vida realmente de rainha em comparação as companheiras, era vista como fresca, mimada e entrou para o bando como raras exceções, por querer, porém há registros e depoimento que ela exercia grande influência nas decisões de Lampião, a autora apresenta em contraste outras cangaceiras, como Dadá que foi raptada pelo bando aos 12 anos, estuprada e a única das mulheres que manejava arma e quando o ?marido? estava em péssimas condições tomou a frente do subgrupo várias vezes, a autora desromantiza a vida das mulheres no cangaço, tirando Maria de Déa que tinha seu amor recíproco dentro da sua época, as outras eram vistas como propriedade, agredidas, ou aguentava essa vida ou morria, se o companheiro morresse era entregue a outro cangaceiro solteiro e se fugir para contar aos soldados ainda eram agredidas e estupradas por esses.
A jornalista discorre muito sobre o cangaço como surgiu e como agia nos sertões nordestinos, a crueldade e o terror que eles cometiam , além da repressão e também crueldade dos soldados que iam tentar conter o grupo, ou seja, as únicas vítimas dessa história eram os sertanejos pobres que viviam no meio desse conflito, no livro consta muitos relatos de assassinatos, agressões e estupros de mulheres de todas as idades cometida por ambas as partes, não conhecia quase nada sobre o cangaço e esse livro ajudou a entender muitas coisas com a forma de sua narrativa muito interessante e estimulante. O que me frustrou nessa biografia é o fato de ela propor falar em Maria Bonita e falar muito mais do movimento do cangaço do que da estrela do livro.