filipebedendo 26/04/2024
Engenhoso e inteligente
Charlie Donlea é um dos autores que mais gosto. Seus suspenses engenhosos e bem estruturados sempre chamaram a minha atenção, mas depois de 5 livros lidos, passei a perceber alguns detalhes em sua escrita que tiravam um pouco da minha “surpresa final”. Então, guardei “Não Confie em Ninguém” para ler quando eu sentisse que era o momento certo.
Depois de 3 anos desde minha última leitura do Donlea, finalmente peguei para ler e fiquei com aquela sensação de “Por que demorei tanto?”. “Não Confie em Ninguém” é exatamente o que eu esperava de um livro do autor. Inteligente, ritmo frenético e com boas surpresas, o livro nos transporta para a história de Grace Sebold, presa por matar o namorado. No entanto, as pistas que levaram a sua condenação deixaram pontas soltas e Sebold afirma que não cometeu o crime. A história ganha uma nova camada quando a documentarista Sidney Ryan decide ajudar Grace a provar sua inocência por meio de um documentário televisivo que se torna sucesso absoluto nos Estados Unidos.
Sidney Ryan mergulha na história de Grace e acaba descobrindo pistas que atestam sua, mas, quando o sucesso do documentário se consolida, ela recebe uma carta que diz: “Você pode ter cometido um erro”, enviada pelo detetive aposentado Gustavo Morelli.
A presença de Morelli no livro ajudou a tornar a história ainda mais inebriante e rendeu bons diálogos com Sidney Ryan. Não vou dizer que fiquei surpreso com os desdobramentos da história, mas preciso destacar que o autor trouxe boas sacadas, incrivelmente calculadas, e optou por seguir um caminho ousado em seu plot twist final. Ao contrário de seus livros que eu li anteriormente, que traziam finais eletrizantes, aqui encontramos uma narrativa mais branda e irônica, que se conecta com todos os capítulos anteriores.
Sem dúvidas, um dos melhores livros de Donlea, cada capítulo é uma bomba explodindo e deixa acesa a vontade de virar a madrugada lendo. Mas acredito que sua fórmula se tornou repetitiva, o que acaba tirando um pouco da surpresa que seus leitores fiéis - como eu - esperam de seus livros.