goiabea 26/03/2024
"Deus te livre, leitor, de uma ideia fixa [...]"
Acho difícil falar sobre esse livro porque ele é tão fantástico (de todas as formas que isso pode significar). A linguagem pode mesmo ser um empecilho para as pessoas, mas eu encaro isso como um desafio muito legal. Porque além de toda a incrível história, a gente tem acesso à como as pessoas falavam nessa época, isso me interessa demais.
O Brás Cubas é um personagem muito, muito interessante. E a forma como ele vai nos guiando pela sua própria história é maravilhosa. O Machado não assume nenhum compromisso de contar a história pensando no leitor e em tudo que é natural que a gente queira saber. Tem capítulo que é composto só por reticências, porque é algo que o Brás Cubas não achou necessário contar, é algo que ele vê como particular, ele quer guardar aquilo para si.
Eu gosto muito de tudo que envolve essa história, os amores do personagem, sejam os passageiros ou aquele que definitivamente o marcou, seus pensamentos sobre a vida e como ele se enxerga no mundo... Adoro que o Quincas Borba está nessa história e o papel que ele tem na vida do Brás Cubas. Adoro tudo!
Tudo é muito original, desde a ideia de um defunto narrar sua história até a forma como isso é contado. Principalmente porque é engaçado. É uma história dramática, mas é uma comédia e eu gosto muito desse tom, acho até que isso fortalece mais o drama. Foi uma leitura incrível, muito prazerosa, e eu me sinto muito feliz por o Machado ser brasileiro.