Nina Souza 03/02/2024
Um livro para ser (re)lido [5/193 países - EUA]
O quinto país escolhido para vivenciar uma aventura de volta ao mundo foi o Brasil, e eu não poderia deixar de representá-lo com um livro de um autor que é um marco definitivo da literatura brasileira.
“Memórias póstumas de Brás Cubas” subverte as convenções da época, de forma que se desvincula completamente da configuração colonial e permite que haja uma nova invenção e construção da literatura brasileira e, consequentemente, do próprio Brasil.
Acaba sendo um marco do realismo, e introduz um narrador improvável e sem nenhum tipo de credibilidade: um defunto autor, que escreve os fragmentos de sua vida após ter falecido, tornando-o um verdadeiro fracassado de sucesso.
A obra apresenta diversas características multiculturais que, por serem frutos de pensamentos políticos e intelectuais de uma determinada comunidade, compõem a formação do sujeito e a formação da identidade brasileira.
Brás Cubas é um personagem delicioso que expõe arranjos sociais, formalidades, politicagens e situações de vida do século XIX e todo o funcionamento da lógica de época em uma dualidade constante nas entrelinhas – que não funciona para todos os leitores.
Por ser uma leitura social de uma publicação de 1881, “Memórias póstumas de Brás Cubas” não é um livro fácil. É um livro cheio de hipocrisia, de sonhos e manipulações, erudição e revolta, que se utiliza das letras para a elaboração e materialização da raiva, do absurdo e de metáforas complexas que tornaram a minha experiência literária cansativa – e, em muitos aspectos, difícil.
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