vicniro 25/05/2024Deveria ter lido antes de 1984 do OrwellÉ muito difícil ler esse livro depois de ter lido 1984 porque a todo momento eu ficava comparando os dois livros, o que não é justo com Kallocaína já que foi lançado 8 anos antes. A distopia totalitarista criada por Karin tem muitos elementos em comum com o famoso 1984, mas achei bem interessante que desde o ínicio nós estamos enxergando o lado de quem apoia o sistema e só depois de um bom tempo ele começa a entender o que isso tem de errado, começando pela pulguinha atrás da orelha que seu colega coloca ao falar “que nenhum cidadão-soldado acima dos quarenta tem a consciência exatamente limpa”.
Achei bem interessante que o foco do livro é mais nos pensamentos e relações interpessoais do que nas ações deles em si, principalmente considerando o grupo (des)organizado que nos deparamos ao longo da leitura. Isso pode deixar a leitura um pouco densa e maçante para alguns leitores, mas para mim serviu para entender melhor o Leo Kall. Assim, gostei bastante do amadurecimento do personagem principal e em como é mostrado a sua mudança de entendimento daquele mundo.
Apesar de em alguns momentos eu ter ficado um pouco confusa com o texto, eu acabava entendendo o sentido geral do que estava sendo dito. Dito isso, super recomendo a leitura, mas acho que teria um maior impacto se eu não tivesse lido 1984 antes! É bem interessante pensar que, como foi lançado em 1940, ela estava vendo a ascensão do nazismo e que deveria ter essa percepção das pessoas que apoiavam os regimes totalitaristas.
P.S. Confesso que pela sinopse, eu achei que nesse universo a droga utilizada para fazer as pessoas confessarem tudo fizesse parte do dia-a-dia das pessoas, como se com uma conversa com seu chefe, por exemplo, você falasse tudo o que viesse na sua cabeça.