Mulheres esmeraldas

Mulheres esmeraldas Domingos Pellegrini




Resenhas - Mulheres Esmeraldas


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Bia Sousa 19/03/2019

Gostei bastante
Logo que li a sinopse de Mulheres Esmeraldas eu fiquei completamente eufórica, pois como vocês já sabem, eu amo thrillers e acompanhar um que se passa na Amazônia me deixou ainda mais curiosa.

“Melhor do que fazer o que o coração manda é fazer o que a alma pede.”

O personagem principal não tem nome no livro, na maioria das vezes o personagem é chamado de “Ele”, ou “Preibói”. Ele recebeu esse apelido pois é um repórter da renomada revista Playboy e está na região para fazer uma reportagem.

O livro se passa em 1984, ano em que foi eleito Tancredo Neves, como presidente do país após várias manifestações das Diretas Já ( Diretas Já foi um movimento civil de reivindicação por eleições presidenciais diretas no Brasil ocorrido em 1983-1984. A possibilidade de eleições diretas para a Presidência da República no Brasil se concretizaria com a votação da proposta de Emenda Constitucional Dante de Oliveira pelo Congresso. Entretanto, a Proposta de Emenda Constitucional foi rejeitada, frustrando a sociedade brasileira. Ainda assim, os adeptos do movimento conquistaram uma vitória parcial em janeiro do ano seguinte quando Tancredo Neves foi eleito presidente pelo Colégio Eleitoral).

“É preciso muita revolta para dar jeito no Brasil.”

Preiboí está hospedado em um hotel quando se depara com uma loira linda e que chama a sua atenção. A moça bonita lhe hostiliza e nosso protagonista é avisado para não ficar próximo a ela. Curioso como um bom repórter, ele quer saber o motivo de ter que ficar longe dela e acaba descobrindo que a bela moça trabalha em um garimpo apenas de mulheres, o que chama mais ainda a sua atenção.

Preiboí sugere ao seu editor que seja feita uma reportagem sobre o Garimpo de Mulheres, o que é aceito de imediato. Mas entrar no garimpo não será um trabalho fácil, pois Marianne, a garimpeira loira e chefe de todas não aceita a presença de homens no local de trabalho.

“- Relaxa, chefinha, quem muito reclama , desgraça chama.”

Mas os dois decidem se aliar, pois Marianne não aguenta mais ser roubada pelo seu sócio, que sempre fica com a grande parte do dinheiro. Ambos fazem um acordo, Mariane autoriza a entrada dele no garimpo, e em troca disso ele ajuda ela e suas companheiras a sair da cidade para vender esmeraldas que encontraram em um novo veio.

Nesse livro conheceremos também Dita, Portuguesa, Pintinha, Donana, Cida , cada uma com uma personalidade diferente, mas que são de certa forma muito fortes e carregam histórias e desejos diferentes, que também será retratado na história.

“- Homem apaixonado é o bicho mais besta que existe, e paixão é coleira que a gente mesmo coloca.”

Pellegrini escreve um livro único, que discute condições de vida precária, trabalho em péssimas condições, política, situações sociais, para falar a verdade, uma bela crítica as péssimas condições que infelizmente ainda presenciamos no Brasil.

Com uma escrita peculiar, o autor tem uma forma única de nos apresentar sua história. Confesso que demorei a engrenar na leitura e acredito que seja normal que isso aconteça já que não tenho costume de ler livros com uma narração tão diferente, mas não tenho dúvidas que ainda sim é uma excelente história.

Não posso deixar de parabenizar também a Editora Gutenberg que fez uma aposta de publicação bem diferente do que costumam publicar pelo selo. Simplesmente arrasaram e acertaram em cheio com essa publicação.

site: https://bercoliterario.wordpress.com/2018/10/02/resenha-mulheres-esmeraldas-domingos-pellegrini/
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douglaseralldo 12/10/2018

10 CONSIDERAÇÕES SOBRE MULHERES ESMERALDAS, DE DOMINGOS PELEGRINI OU "ADIOS" MICHAEL DOUGLAS
1 - Pintado com as cores das narrativas policiais, Mulheres Esmeralda é sobretudo romance brasileiro, impregnado de aventura e ido aos ermos deste país ambientando-se em período recente em termos históricos, época das esperanças de uma redemocratização que acompanha ao fundo os protagonistas que por determinados momentos farão colidirem-se a narrativa com os fatos históricos, de maneira sútil é verdade, mas o suficiente para valorar as abordagens críticas no miolo da ficção;

2 - Mas antes de mais nada dedico-me à questão da literatura policial, que embora toda sua roupagem aparente isso, como diz o texto de orelha "que é mais que um simples romance policial" e suficiente para apresentar as ambições da narrativa, pois como diz Todorov, ao enfeitarmos o romance policial, se faz na verdade, literatura, e parece-me o caso desta narrativa, que sim, tem sua pegada de romance policial, que aliás, trata das peculiaridades das narrativas de crime nacionais, mas que contudo, e no bom sentido, é mais amplo que isso, tratando-se de romance que embora ambientado no ontem, dialoga mesmo é com nosso presente;

3 - A narrativa está ambientada talvez no nosso penúltimo período recente de esperança, enquanto sociedade brasileira: as últimas semanas de 1984, cravejadas pelos bons augúrios da entrada em uma nova era com a eleição de Tancredo Neves e as expectativas com a posse iminente do primeiro presidente eleito* depois de décadas de ditadura. Aliás, caberá ao acontecimento histórico a ruptura da esperança ao final da obra, que contrastará com o desfecho de seus protagonistas, de modo que a mensagem será sutil, mas talvez não menos impactante;

+: http://www.listasliterarias.com/2018/10/10-consideracoes-sobre-mulheres.html

site: http://www.listasliterarias.com/2018/10/10-consideracoes-sobre-mulheres.html
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Gramatura Alta 23/09/2018

http://gettub.com.br/2018/09/23/mulheres-esmeraldas/
Já nas primeiras linhas de MULHERES ESMERALDAS, você irá descobrir que a narrativa não é tradicional. Embora seja em prosa, não existem quebras para diálogos, nem pontuações que o indiquem, como travessões e aspas, e algumas regras gramaticais são subvertidas e ignoradas, tudo em prol de uma narrativa sequencial bem dinâmica, sem excessos, que transformam todos os acontecimentos em algo rápido e urgente, como se você corresse sem tempo para respirar.

Essa singularidade coloca a obra de Domingos Pellegrini naquele grupo de livros que, além de contarem uma história, conseguem criar uma forma própria de fazer isso. A arte não reside apenas no que é contado, mas também na combinação das palavras e frases. Esse trabalho duplo de interpretação por parte do leitor, pode ser apreciado, ou não. Aí caímos naquela área da subjetividade, onde o gosto individual irá interferir no resultado final. Independentemente disso, não há como dizer que a escolha do autor é ruim. Ela é, simplesmente, a escolha dele, ímpar, única, e não interfere na qualidade da história.

"Pode ser, Mariane fala como quem dá licença à tropa e todas se alegram, ela dá mais dinheiro a Donana, comanda vamos e Pintinha estapeia a bunda dele, e vão, a coluna já não reclama. Seguem pela rua bem transitada até uma avenida engarrafada, Pintinha admirada: parece, preibói, uma boiada de lata."

Narrada em terceira pessoa, a história acompanha a investigação de um repórter da revista Playboy, em 1984, sobre um grupo de mulheres que mantém uma mineração de ouro na Amazônia: Mariane, Pintinha, Portuguesa, Donana, Dita e Cida. Para terem permissão, elas entregam uma parcela do que encontram para um delegado corrupto. Mas quando encontram uma quantidade absurda de esmeraldas, elas decidem fugir com as pedras, e, para isso, planejam utilizar o repórter como meio de passagem pelas barreiras até a civilização.

O repórter não tem nome, é tratado apenas por ele, preibói ou playboy. Pellegrini realmente esteve na Amazônia na época em que a história acontece, e o texto é permeado por referências à época, como as Diretas Já, Tancredo Neves e o fim da Ditadura no Brasil. Mas não fica apenas nisso, uma vez que, durante a viagem, Mariane e o repórter fazem vários comparativos, em tom de provocação e implicância, sobre o que existe de errado em seus países de origem. No caso de Mariane, os EUA.

As mineradoras se dividem em dois grupos para a fuga: Mariane, Pintinha e Portuguesa seguem com o repórter, enquanto as outras três vão por um caminho alternativo. Assim, elas garantem que se um grupo for pego, o outro consegue passar e salvar metade das esmeraldas.

O relacionamento do repórter com Pintinha é cheio de sensualidade, uma vez que a garota faz de tudo para seduzi-lo. Entretanto, ele está mais interessado em conquistar Mariane. Isso não evita que muitas partes da história sejam engraçadas pelas situações que eles criam. E nem que existam descrições de Pintinha seminua. Entretanto, tudo é bem singelo, não vai além de insinuações. Até mesmo na única parte onde acontece uma relação sexual, esta é descrita de forma bem rápida, sem detalhes, apenas o necessário para que o leitor compreenda o que aconteceu e o que os personagens sentiram.

"Ficam ali, num calor de escorrer suor nos olhos, sentindo o carro esfriar com a chuva – e então ele sai do carro e a chuva baixa a ereção. (…) Ele tira a camiseta e esfrega no corpo como bucha. Pintinha sai do carro só de calcinhas e botas de plástico, fica dançando e pulando em volta dele."

Apesar da premissa de MULHERES ESMERALDAS ser o de uma aventura, com perseguições e fugas, o que se destaca na história, de verdade, é o amadurecimento do relacionamento do repórter com Mariane e Pintinha, e o aprendizado, ou a confirmação, de como as pessoas pensam e agem em locações remotas do Brasil, motivadas pela ganância, ou, simplesmente, pelo desejo de terem uma vida melhor, mais tranquila, sem as provações que muitos enfrentam em uma cidade grande, ou em uma mina de minerais preciosos no coração da selva Amazônica.

De qualquer forma, se seu interesse não for esse, mesmo assim você deverá ficar satisfeito com o livro, uma vez que realmente existem os trechos de perseguições e fugas. Existem, inclusive, aquelas partes onde os personagens precisam improvisar para conseguirem escapar de algum perigo. Principalmente após o encontro dos dois grupos de mulheres, onde os reais interesses de cada uma, vem à tona.

Existe uma outra imensa qualidade na obra: as mulheres são as mandantes de toda a situação, mesmo sendo um homem o personagem principal. Isso não evita que existam partes machistas, mas elas são de propósito, uma vez que representam o comportamento natural e estereotipado de um ou outro personagem.

MULHERES ESMERALDAS é um livro ímpar, publicado de forma corajosa pela editora, uma vez que sua narrativa fica muito distante do convencional. Mas o conteúdo da história também se destaca, pela sensualidade, pelo contexto da época, regional e social, pela lição de que amizades e amores surgem sobre bases de confiança. Além do mais, é um livro sobre nosso país, sobre nossa história e sobre a diversidade de nosso povo, e onde, além de tudo, mostra a força da mulher. Não tem como pedir muito mais, tem?

site: http://gettub.com.br/2018/09/23/mulheres-esmeraldas/
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Cami @leiturizar 13/09/2018

A história fala sobre um repórter da Playboy que após voltar do exílio, em 1984, chega com a proposta de uma reportagem picante sobre os garimpos. Consegue convencer os diretores da revista e se manda para a Floresta Amazônica em busca de sua tão esperada reportagem, achando que conseguiria fazer alguns garimpeiros contarem suas fantasias e sonhos eróticos.

Mas quando chega lá, ele descobre um misterioso garimpo e ainda mais: só de mulheres! Homem não pode nem chegar perto. Encucado com isso ele resolve investigar e acaba conseguindo chegar perto do tal garimpo onde as tais mulheres, para sua surpresa, o recebem com muita cortesia e gentileza. Mas o que ele não sabe é que as mulheres sempre têm segundas intenções.

Sem dúvida, o livro tem um cenário inspirador e se passa em uma época delicada no Brasil. Acompanhamos a rotina das mulheres no garimpo ao passo que o repórter avança em suas pesquisas.

Não tem como negar que é uma história fluida e aguça totalmente a curiosidade do leitor para saber até que ponto essas mulheres são capazes de chegar.

Uma coisa que me incomodou um pouco foi a questão da escrita em texto corrido, utilizada pelo autor. A falta de sinalizações ortográficas e gramaticais. Às vezes um diálogo acontecia no meio de um parágrafo e depois ele puxava um travessão, como continuidade da fala e, para um leitor voraz, acaba ficando um pouco confuso. de modo que a leitura tem que ser realizada com muita atenção para não perder os detalhes.

Fiquei impressionada com a forma como o autor conseguiu desenvolver um thriller espetacular, com um mistério incrível e ainda colocou uma boa dose de romance. Mesmo com essa questão da escolha de dissertação dele, me vi presa na leitura aflita para saber o que viria a seguir.

Mulheres Esmeraldas nos presenteia com um grande cenário cultural, abordando temas até então desconhecidos, ou pouco explorados pelos autores e com um cenário político arrasador. É o tipo de leitura ideal para sair da zona de conforto.
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Lina DC 10/09/2018

"Mulheres Esmeraldas" é um thriller que retrata o Brasil do final de 1984 de forma única. Conforme a sinopse explica, a trama gira em torno de um repórter da Playboy chamado de "Ele" no livro e se passa no final do ano de 1984, com a eleição de Tancredo Neves e a perspectiva do povo de que o país estaria saindo da opressão militar. Ele está hospedado em um hotel quando se depara com uma loira que desperta o seu interesse, mas que não é apenas rechaçado por ela como também é informado para se manter longe da mulher, que é líder de um garimpo exclusivamente feminino. O hoteleiro avisa que ninguém chega perto desse grupo e aqueles que tentam, nunca mais são vistos...
"Ele" alterna entre a tentativa de escrever um romance, passar o dia de ressaca e demonstrar claro interesse no trabalho que possui, tanto que sugere uma ideia ao seu editor, uma matéria chamada "um tesão de garimpo", que é aceitada rapidamente.
Mal sabe Ele que ao começar essa matéria, sua vida virará de ponta cabeça...
O garimpo é formado por seis mulheres com personalidades completamente diferentes: Dita, Portuguesa, Pintinha, Donana, Cida e Marianne. Cada uma delas tem sua história contada, histórias essas que vão demonstrar a força que cada uma delas possui. Ele fica fascinado pelo grupo ao mesmo tempo que percebe que elas escondem algo importante. Marianne, a líder do grupo, faz uma proposta ao repórter: ajudá-las a sair da cidadezinha para que possam vender as esmeraldas que encontraram em um veio. O sócio delas tem recebido pagamentos altíssimos, extorquindo as trabalhadoras de forma injusta. Só que ele é a lei. E controla tudo no local...

"Agora precisam sair dali com aquilo, para vender em São Paulo ou no Rio por um bom preço, talvez até já lapidando por lá antes de vender. E ele entra na história, ela explica com um repentino sorriso, porque precisam alugar um carro, no dia seguinte, para tomar avião em Porto Velho, Rondônia; ele até pode ir lá com elas." (p. 32)

De forma brilhante, Domingos Pellegrini cria uma história que discute a condição humana, a política, a corrupção e a injustiça com personagens que quase chegam a ser caricaturas, mas que são excepcionalmente brilhantes. A narrativa tem um ritmo próprio e uma construção diferenciada, que pode causar estranhamento para alguns leitores e os diálogos são mais livres das convenções gramaticais, demonstrando todo o leque que a cultura brasileira possui.
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