Queria Estar Lendo 18/10/2018
Resenha: Uma coisa absolutamente fantástica
Uma coisa absolutamente fantástica é o livro de estreia do Hank Green - irmão do John, isso mesmo. Bastante conhecido por seus vídeos e seu humor irreverente, Hank se aventura em uma história sobre jovens lidando com o desconhecido em todas as suas formas.
Esse eARC foi cedido pela Editora Seguinte através do NetGalley.
Na trama, a vida pacata e pouco agitada de April vira de cabeça para baixo com a aparição de uma estrutura de forma robótica no meio de Nova York. A coisa bizarra a respeito dessa aparição é que ocorreu ao mesmo tempo em várias cidades pelo mundo; o governo não tem nada a ver com isso, empresas não tem nada a ver com isso. Vários robôs apareceram ao redor do globo e ninguém sabe o motivo - April, no entanto, quer descobrir.
Uma coisa absolutamente fantástica tem uma sinopse... peculiar. E foi a curiosidade que me trouxe até o livro. A estreia de Hank Green no mundo literário é de uma criatividade excepcional, misturando ficção científica a uma temática jovem de tal maneira que elas funcionem em harmonia entre si.
Meu único e grandioso problema, motivo pelo qual a leitura não se mostrou tão prazerosa, foi a protagonista. April é insuportável. Eu entendo que parte da crítica dentro da história esteja exatamente na postura da personagem, mas por se tratar de uma narrativa em primeira pessoa e ficarmos presos dentro da cabeça dela, minha santa Eva Green, como eu queria gritar com aquela garota.
April é a definição de garota branca que se acha diferentona porque não age como as "outras garotas da sua idade" e acaba endeusada, dentro da própria mente, por causa disso. Ela vive e respira pela própria ambição de tal maneira que, conforme a investigação sobre Carl (nome dado ao robô) avança, mais se afasta das pessoas que se importam de verdade com ela e mais se torna maníaca por atenção e por conhecimento e por aquele gostinho de vitória de passar por cima de todo mundo pra descobrir uma coisa primeiro.
A crítica é sutil, mas bem óbvia, a respeito do comportamento da protagonista. Não só dela, mas de toda essa questão de endeusar e tornar famosa um indivíduo a partir de qualquer coisa, de construir um ídolo em cima de uma pessoa comum que viveu uma situação extraordinária. O livro abraça muito bem essa crítica. É compreensível a maneira com que o autor buscou colocá-la diante das situações e dos coadjuvantes, mas não freou as minhas reviradas de olhos e desgosto de ter que acompanhar uma personagem tão... chata.
Entre os coadjuvantes, Andy e Maya foram os mais bem desenvolvidos no background da April. Seu melhor amigo e sua namorada-talvez-não-mas-talvez-sim dividem bons momentos com a April e, sinceramente, eles mereciam coisa melhor. A Maya, acima de todos, porque ela é boa demais para uma garota tão egocêntrica como a April - o fato de o relacionamento delas ser indeciso não dá a April carta branca para agir como uma babaca esquecida e usar qualquer desculpa pra sair como a coitada. Gostei muito dos confrontos que Maya colocou no caminho da April; como bateu de frente e mostrou o quanto ela estava errada em várias situações.
Em relação à parte da investigação a respeito dos robôs e o mistério sobre sua presença na Terra, mesmo quando parecer muito óbvio, o autor consegue usar reviravoltas pra te surpreender. Foi, com certeza, a coisa que mais me prendeu nessa história; ainda que April seja de um desgosto total, a trama com os enigmas e as mensagens e aquela faísca de que algo grandioso está acontecendo e você precisa acompanhar os personagens para descobrir o que é faz com que as páginas avancem rapidamente.
Para um livro de estreia, Hank Green mostra altos e baixos que acabaram numa nota mediana. Indico a leitura pelo mistério e pelos Carls porque foi instigante acompanhar todo o suspense em cima de sua chegada e o motivo de estarem ali; ignorando a protagonista, Uma coisa absolutamente fantástica é um livro bom - e deixa gancho para uma continuação que, curiosamente, eu estou ansiosa para conferir.
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