LT 08/04/2019
Quando fui na Bienal de 2018, esperava encontrar vários autores conhecidos e encontrei mesmo! Para minha surpresa, me deparei com a Marcia Rubin , eu já tinha ouvido falar dos livros dela, mas não tinha lido nenhuma de suas obras ainda. Apaixonei-me pela capa de "Pátria chamada "mor", depois pela sinopse e, agora, vou lhes contar um pouco desse enredo. Vamos à resenha?!
Christiano é um rapaz moreno, de porte atlético e alto, é capitão do exército e deseja chegar ao topo que sua patente permite, que é ser general. Mas para chegar lá tem muitas coisas pela frente e nada lhe tira a vontade de conquistar e provar que é bom no que faz, isso implica em não ter nenhum tipo de problema.
Nina é uma moça bonita, loira, que está cursando a faculdade de medicina. Ela deseja ajudar muitas pessoas sendo médica, ter uma carreira brilhante está na prioridade de sua jornada, no entanto, tem muitos problemas com um pai alcoólatra que a agride tanto verbal quanto fisicamente. E para ela, está cada vez mais difícil encarar essa realidade.
Quando Christiano vem para o regimento em Niterói acaba conhecendo Nina, uma garota que abalou suas estruturas, ele ficou encantado com sua beleza e seu jeito de ser. Ela acabou lhe trazendo muitas dúvidas, pois um relacionamento agora poderia ser uma distração, todavia, como não se envolver com uma pessoa meiga como ela?
[Quote] Mas Nina era exatamente isso: um paradigma em forma de mulher e um paradoxo pelo qual eu quebraria todas as regras. E aquele presente, o de ser o escolhido, eu jamais esqueceria enquanto vivesse. [...]
Quando Christiano vai até a casa de Nina, e a vê toda marcada e machucada, ele não pensa duas vezes em tira-la de perto de um pai bêbado e abusivo, levando-a para sua casa até que as coisas melhorem e que eles possam encontrar uma solução para o seu problema.
Porém, como nada é perfeito, ele foi convocado para uma missão de paz no Haiti, e é aí que começa o verdadeiro tormento dos dois. Uma série de acopntecimentos começam a se desenrolar abalando os dois emocionalmente, uma tragédia atrás da outra. Palavras não ditas e muitas faladas no calor do momento causando ressentimentos aos dois de maneira que nunca irão se curar.
Temos uma divisória de tempo na história a partir daqui, se passam onze anos entre o relacionamento dos dois. E agora, depois de muitos anos separados, esses dois vão se reencontrar, todavia, cada um seguiu sua vida completamente com seus novos pares, aparentemente estão em situações satisfatórias, aos olhos de quem vê de fora.
Não vou entrar em mais detalhes porque não quero deixar spoilers aqui. Posso dizer que temos nesse livro um dilema: as coisas poderiam ser diferentes se os personagens dialogassem. Principalmente em relação ao Cristiano, se ele não fosse tão turrão teria visto o lado da Nina nessa confusão toda. No entanto, tanto Nina quanto Cristiano trazem uma bagagem do passado que enquanto não resolverem esses problemas vão ficar em um impasse, onde ninguém perdoa ninguém e não se deixam perdoar.
[Quote] Quando damos a cara a tapa, o buraco é mais embaixo... Eu sei o que é sentir as duas coisas. É uma doença silenciosa que nos corrói de dentro para fora. Quando a gente percebe ficamos sozinhos, sobrando apenas uma casca. [...]
O livro me trouxe vários tipos de emoções, dentre elas raiva, dor, ressentimento, também me levou a muita choradeira. Ao decorrer da leitura vivi uma mistura de tudo a cada página virada. Foram erros, mágoas, intrigas, mentiras e a trama ainda nos leva a refletir: Por que um amor tão lindo e puro tem que passar por essas provações?
Marcia Rubin está de parabéns na construção desse livro! Ela nos presenteia com uma leitura que me levou ao êxtase, me fez embarcar em convivência com o dilema do exército com suas gírias, como é estar no meio do pelotão e o amor à pátria. Faz uma mistura de sentimentos, ao mesmo tempo é uma leitura rápida e fluida de dimensões conflitantes e angustiosas sem perder a essência da trama.
O livro é narrado em primeira pessoa intercalando os pontos de vista de Cristiano e Nina. Vemos as reações de cada um de perto, o que vaio nos causando "ataques do coração" a cada diálogo. As páginas são amareladas, a fonte é confortável para leitura, não encontrei erros de digitação, a capa é muito linda e nos dá uma amostra do que tem dentro do livro.
Se recomendo? Claro que sim! Para todas as pessoas que gostam de um romance, com drama e que gostam de se emocionar, apesar de choros e coração palpitando, nos passa uma lição muito significativa e uma reflexão sobre o enredo.
Resenhista: Cris Santana.
site: http://livrosetalgroup.blogspot.com.br/