A corneta

A corneta Leonora Carrington




Resenhas - The Hearing Trumpet


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Nazrat 26/05/2024

Não sei o que ainda (e que bom!)
Ler este livro é como descrever um sonho, daqueles bem pirados. Há muitos simbolismos e que vão sendo gradativamente acrescentados na obra, chegando a questões conspiratórias, espionagem, aí se passa para cruzadas e Santo Graal, em que se fala a história de uma abadessa que chamou a atenção pelo quadro que ela protagoniza. A protagonista é uma mulher, velha, surda e sem dentes - ou seja fora de qualquer padrão - com interações que são por demais humanas e sinceras. Não sei que lição (há muito de crítica à sociedade patriarcal ao que parece) posso ter aprendido com este livro, mas sei que foi uma jornada de desconstrução e de me deixar guiar.
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Marcelo.Pedroni 24/05/2024

¡Viva la revolución de damas!
Onírico, surrealista, impressionante, são todos adjetivos que pouco expressam o que este livro de fato é.
É uma obra que retrata o perfil da sociedade patriarcal de uma forma cômica e satírica, mas que não poupa críticas e se posiciona de maneira bastante contundente, mostrando suas incoerências expondo o fundamentalismo religioso que há séculos cega o mundo.
Vejo que este livro deixa várias pontas para o leitor imaginar, talvez até de uma forma deliberada, que me faz pensar que é uma provocação à forma como a personagem é tratada pela sua própria família e pela sociedade em geral.
Talvez esta personagem possa representar as idosas, talvez represente às mulheres , talvez represente à quem é negligenciada após ter seu "prazo de validade" dado por vencido pelos homens que ditam as regras normativas e o que é "socialmente aceitável".
Ou, como vi por aí, é só mais um livro maluco escrito por uma mulher maluca...

Original, não?
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JairDantas27 19/05/2024

Não sei ao certo...
Li esse livro e tive que estudar um misto de mitologias e o pensamento de Carrington, achei um misto tão surrealista que considerei bom, espero reler um dia.

As alternâncias da autora lhe pega em uma viagem profunda ao fantástico, no final do livro fiquei tanto quanto confuso com todas as figuras mitológicas abordadas, após um breve apanhado consegui inferir as suas participações.

Seria mentira admitir que entendi completamente as ideias abordadas, mas até onde os breves limites me permitiram eu achei interessante.
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Icaro 19/05/2024

Lindo
"A Corneta" é um romance da autora Leonora Carrington, conhecida por suas contribuições ao movimento surrealista. Neste livro, Carrington tece uma narrativa rica e imaginativa que explora temas de transformação, magia e resistência.

A história gira em torno de Marian Leatherby, uma mulher de 92 anos que recebe de presente uma corneta acústica. Este presente simples se torna o ponto de partida para uma jornada extraordinária. Ao ganhar a corneta, Marian descobre um mundo cheio de maravilhas e absurdos, refletindo a natureza surrealista da autora. A corneta não só melhora sua audição, mas também amplia sua percepção do mundo, revelando segredos ocultos e possibilidades fantásticas.

Carrington utiliza a corneta como um símbolo de empoderamento e renovação. A protagonista, antes confinada pelas limitações da idade e da percepção convencional, começa a viver aventuras que desafiam a lógica e a ordem estabelecida. A narrativa é marcada por uma série de eventos bizarros e personagens excêntricos que ilustram a habilidade de Carrington em criar mundos onde o incomum é a norma.

O estilo de escrita de Carrington é ao mesmo tempo poético e provocador, combinando elementos de humor, crítica social e fantasia. "A Corneta" não é apenas uma história de descobertas pessoais, mas também uma reflexão sobre a sociedade e as normas que a regem.

Com uma prosa vibrante e cheia de vida, Leonora Carrington nos presenteia com um romance que é, ao mesmo tempo, uma celebração da liberdade criativa e uma crítica sutil às restrições impostas pela realidade cotidiana. "A Corneta" é uma leitura indispensável para os amantes do surrealismo e da literatura que desafia as convenções.
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Nicole 23/04/2024

Doido
Particularmente não consegui gostar do livro e não me conectei com ele em momento algum. É uma proposta interessante e diferente mas perdeu tanto o fio da meada e entrou tanto na loucura que depois dos 40% eu só torcia pra acabar logo. Talvez só não seja pra mim, mas não consegui gostar de nenhum elemento da narrativa.
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Toni 18/04/2024

Leituras de 2023

A corneta [1976]
Leonora Carrington (Inglaterra, 1917-2011)
Alfaguara, 2023, 215 p.
Trad. Fabiane Secches

Recebi com muito entusiasmo a notícia da publicação deste que é o único romance escrito pela artista plástica surrealista Leonora Carrington, autora de contos e de um livro de memórias. Conheci as pinturas de Carrington naquela que considero uma das melhores exposições que já visitei — “Frida Kahlo: Conexões entre Mulheres Surrealistas no México” — quando, entre outras artistas, descobri minha pintora favorita deste mundo: a Remedios Varo (há rumores de que uma das melhores personagens do romance, a Carmella, tenha sido inspirada em Varo). Mas retomando o fio inicial da conversa, o referido entusiasmo foi muito bem pago.

“A corneta” é uma leitura deliciosa, tanto por sua narradora protagonista nonagenária absolutamente cativante, quanto pelo tom mágico-apocalíptico de uma narrativa repleta de símbolos que não se deixam entrevar por qualquer expressão de rigidez formal. Tratada como um estorvo pela família, nossa protagonista é enviada para uma Casa de Recolhimento (a Fraternidade Poço de Luz — que nome!) onde entra em contato com uma galeria de personagens excêntricas que vivem em habitações bizarras (no quarto da narradora os móveis são desenhados nas paredes, apenas a cama é real). Mas para além do charlatanismo dos responsáveis pela instituição e de uma tentativa frustrada de homicídio que deixa as pacientes do asilo sob alerta, o romance ainda guarda outra história dentro da história, que acarretará o fim do mundo e o surgimento de uma nova ordem social.

Esta edição conta ainda com ilustrações do filho de Carrington e posfácio de Olga Tokarczuk, que cito: “A corneta é um texto hermético; refere-se a coisas que estão escondidas, deslocadas, esquecidas. [...] exige de seus leitores certa familiaridade com suas alusões, ao mesmo tempo em que zomba desse tipo de competência extraindo de seu baú maravilhas de todo tipo e histórias impressionantes e surpreendentes.” Partindo de um mundo desfeito, A corneta anuncia a possibilidade de se reimaginar a realidade após tantos séculos de uso da razão contra a razão. Deleite onírico sem igual.
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Luccubus 07/04/2024

Eu não consigo deixar esse livro como se fosse só algo que usei pra me entreter por um tempo e depois quero esquecer. Leonora tem uma potência gigantesca com as transformações recorrentes em suas imagens oníricas.
Eu termino o livro e quero mais. Não que queira mais dessa história, mas de estar junto desse mundo conceitual de Leonora. Já há admiro há muito tempo por conta de sua riquíssima obra visual, e também por conta de seu relato sofrido em "Lá embaixo" que li há dois anos. Como artista visual, escritora e que brinca também com o surrealismo sei que ela e Remedios Varo são umas das minhas maiores influências.
O surrealismo por si projetado como foi por Breton em seus manifestos é marcado por um sexismo rompante e visões um tanto deprimentes da humanidade por um pansexualismo devido a influência de um certo misógino dr. Freud. O próprio primeiro manifesto demarca o espaço da mulher na sociedade utópica almejada por Breton: ao lado de grandes visionários e artistas, talvez como musas, mas de qualquer forma como belos objetos apenas. É nojento pra dizer o mínimo.
Mas Leonora vai na contramão, ela deixa um calor em meu peito ao ler cada frase e um sorriso de cumplicidade com as piadas esotéricas e as críticas tão francas sobre religiosidades fingidas para se obter dinheiro e poder.
E ela não constrói uma narrativa feminista ao fantasiar sobre atributos femininos perfeitos ou idealizados, ela mostra que através de uma mulher travessa, como a Abadessa, existe uma fonte de transgressão revolucionária, e inspiração para outras mulheres que querem seguir seu próprio destino além da opressão. Tudo isso marcado por um terreno em que tudo se inverte, os próprios polos da Terra saem de eixo, e a fantasia toma vida e corre solta em momentos culminantes em que Marian, a nossa protagonista surda e velha, se encontra consigo mesma e decide canibalizar-se para se transformar em uma suma versão de si, não uma versão perfeita e espiritualizada como Maria, mas mais travessa e terrena, infernal e unida com suas irmãs.
O melhor desse livro é, como disse Olga Tokarczuk no posfácio, seu apelo kitsch. Ele não é uma narrativa sisuda, doentia em sua vontade de se estabelecer como um grande livro, mesmo tratando de grandes questões e sendo profundamente subversivo, a vontade subversiva se mostra até nesse tom leve, cômico, o que eu diria que é uma forma de rejeição total dos preceitos cristãos românticos neoplatônicos, de que só o mundo dos céus é importante, só o espírito deve ser nutrido, e pra isso é preciso flagelar o corpo. A lei maior do cristianismo seria o sofrimento, e Leonora não quer encorajar essa visão do mundo. Mesmo que os ossos idosos sofram com o frio, e o estômago doa de fome na sua greve, não é necessário se entender esse sofrimento como uma sublimação, e nem preciso se estender por ele. O mundo não precisa ser visto por lentes julgadoras dos confortos do corpo, nem é preciso premiar as maiores imolações, ainda mais se isso for vazio e não criar vida, mas só um senso de poder sobre os outros.
Então pra muitos esse livro pode ser bobo, ridículo, kitsch demais pra ser tolerado como boa literatura, mas o que resta a nós transgressores além de alentar os nossos com risos mordazes e horrorizar o senso comum com a nossa falta de decoro? Ser, por fim, levianamente fatal.
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Ana 30/03/2024

Surreal
é um livro bem doido, eu gostei de acompanhar a narração de uma velha surda e como as coisas mais bizarras são tratadas com normalidade.
o livro tem muitas críticas escancaradas ao patriarcado, preconceito etário, cristianismo e etc
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nay.gba 11/03/2024

A véia da Praça é Nossa
Uma leitura surreal, adorei a experiência.
O pósfácio da outra autora, Olga Tokarczuk, contextualizou muito bem os pontos principais.

De início, tive a sensação de deixar passar alguma coisa porque não identifiquei o viés surrealista. Com o desenvolvimento da história esse aspecto começou a aparecer até que no fim, tudo já tinha descolado da realidade.

O grande barato de ter narradores como a Marian Leatherby, é a liberdade poética que nós jovens temos de conhecê-la sem compromisso.
Para a maioria dos leitores, não estamos na fase de identificação com a personagem de 92 anos. O que vem dela é pelo viés dela própria.

Outro ponto, foi a inserção de uma história secundária que no decorrer das páginas submergiu e mesclou na principal.
Sabe daquele ditado: Lé com Lé e Cré com Cré, A Corneta uniu tudo em Lé com Cré.

Em conjunto, as reflexões sociais dos aspectos femininos, religiosos e etaristas são atemporais. A uma velha só lhe resta o papel da avó bondosa ou de excêntrica.
Ao entrar numa dança circular, nos igualamos à natureza e aos animais. Saímos do centro e nos deslocamos para dentro de nós mesmas.

Por fim, fica a provocação para pensarmos na herança que recebemos das outras que vieram antes de nós e qual é a herança que estamos criando para as próximas que virão.
A maior riqueza é aprender a viver com intenção, primeiramente para nós mesmas.
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MachadiAninha 07/02/2024

Diferente do que estou acostumado a ler, mas além de ter me divertido muito, superou todas as minhas expectativas! adorei demais ?
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Thaysa 07/02/2024

Surpreendente como um quadro de Bosch
Se precisasse definir A corneta em uma palavra, diria que é um livro excêntrico. Marian, uma velha senhora surda, é enviada a um asilo bastante peculiar por sua família. Além de todos seus pertences, Marian leva consigo a corneta auditiva que ganhou de sua imaginativa amiga Carmella.
O livro é bastante surpreendente, criando cenas absurdas com traços surrealistas a cada página.
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Pripricampos 05/02/2024

De 100 a 50
Gostei do início da narrativa mas do meio pro fim não consegui acompanhar a linha fantástica de raciocínio.
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Krishna.Nunes 01/02/2024

Eu consigo entender que a obra tem muitas metáforas e que faz críticas ao cristianismo e ao patriarcado. Que o livro é uma exaltação ao feminino e que zomba com ironia do etarismo, além de enaltecer temas que provavelmente são caros à autora, como a amizade, a família, o ambientalismo e o amor aos animais. Que a autora se utiliza do fantástico, do onírico e da sátira para contar sua história de maneira leve e divertida.

Mas, assim como as obras modernistas e cubistas, eu descobri que a literatura surrealista simplesmente não me agrada.

Consigo enxergar o valor da poesia e das plásticas modernistas, mas não do romance. Clarice Lispector que me perdoe.
Não consigo gostar do estilo, da forma, me parece tudo bobo, absurdo e sem propósito.

Honestamente, as únicas coisas de que gosto no livro são as ilustrações e o posfácio de Olga Tokarczuk.
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Wagner269 31/01/2024

A Corneta
Leonora Carrington

Só tenho uma coisa a dizer : doideira! Mas das boas mesmo, por trás de toda loucura da personagem principal, vamos identificando temas como a perda da autonomia da mulher principalmente ao chegar em idade avançada onde teoricamente ela já não pode oferecer a sociedade nada de novo. Além da reflexão sobre o que a humanidade tem causado ao planeta, sobretudo a própria humanidade.
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Para tanto Leonora cria uma microsociedade com governantes ditadores cercado por luxúria, mentira, gula - dando preferência ao dinheiro, já que aqueles que podem pagar mais conseguem mais atenção e respeito dos dois líderes da casa, sr e sra Gambit, que além de tudo economizam funcionários fazendo com que as próprias mulheres trabalhem.
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Por que ler? Há um grande mistério envolvendo um retrato, e uma figura indistinta na busca por um dos mistérios mais antigos do mundo... Carmela e a narradora Marian com quem é impossível não nos identificar, em uma das suas falas por exemplo ela diz:

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"Ninguém nunca ficaria entediado comigo, eu tenho alma demais."

"o cacto me parece vivo, então sinto que também posso fazer reivindicações de existência."

"Depois que eu morrer, os filhotes lobisomens de Anubeth continuarão o registro até que o planeta esteja povoado de gatos, lobisomens, abelhas e cabras. Todos nós esperamos com ardor que isso seja uma melhoria para a humanidade, que deliberadamente renunciou ao Pneuma da Deusa."
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Nath Mel 24/01/2024

A velha e o onírico
?Talvez a velhice seja mesmo o único momento da vida em que enfim podemos ser quem somos, sem nos preocupar com as exigências dos outros ou nos conformar às normas sociais que sempre nos ensinaram a seguir?

A corneta introduz abertamente a excentricidade no debate feminista como uma alternativa legítima à perspectiva patriarcal: tudo o que é excêntrico é como uma Deusa em espírito.

Na ordem patriarcal, ao chegar à velhice a mulher se torna um incômodo ainda maior do que já era quando jovem. Assim como as sociedades patriarcais pensam e organizam milhares de normas, regras, códigos e formas de opressão para manter as mulheres jovens na linha, elas tratam as mulheres idosas (que perderam seu poder erótico atraente) com um grau semelhante de suspeita e aver-são.?
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