spoiler visualizarGustavo 12/03/2024
Um final lindo
O estilo desta obra encapsula tudo que sempre apreciei na literatura contemporânea: a vibrante paisagem do sertão nordestino entrelaçada com elementos de surrealismo.
Em alguns momentos, a narrativa parece se desdobrar em crônicas, onde as partes se interligam de forma mais solta. Cada capítulo é uma nova aventura protagonizada pelo caçador Toninho e pela enigmática Maga, filha do Sete-pele Josefa.
A trama é permeada por uma aura de mistério, com a Maga despertando interesse através de suas missões. No entanto, tudo isso se transforma quando nos deparamos com o desfecho.
A Maga, misteriosa, engraçada e decidida, vai reunindo ao longo da narrativa itens provenientes de suas aventuras com vampiros, golens, lobisomens, múmias e dragões, tudo com o propósito de fazer um pacto com Deus. Sim, você leu corretamente.
O que mais me emocionou foi a forma como a autora aproximou essa figura tão imersa em religiosidade da simplicidade das pessoas comuns, dotadas de corações simples, mesmo que carreguem consigo uma herança genética maligna, em busca da salvação.
A disputa pela alma de Josefa, tendo Toninho como peça nesse jogo entre Deus e o Diabo, é uma batalha de repente, imersa em camadas de significado.
Ao terminar o último capítulo, me vi escrevendo esta resenha com lágrimas nos olhos. A profundidade, delicadeza e singularidade que a autora conseguiu imprimir em toda a obra alcançou seu ápice nesse desfecho, demonstrando maestria narrativa e um poder de evocação emocional que permanecerá comigo por muito tempo.