Andressa S. 10/04/2024
Tinha tudo para ser incrível...
O enredo deste livro inicialmente me cativou por explorar um tema extremamente angustiante e provocador, instigando reflexões sobre a real possibilidade de tais eventos ocorrerem na realidade. Além disso, ele apresenta críticas incisivas relacionadas à posição das mulheres na sociedade, um assunto sempre relevante e necessário. Contudo, apesar de começar abordando essas questões profundas, senti que o tratamento do tema perdeu força e profundidade conforme a narrativa avançava.
Na primeira metade do livro, a narrativa eficazmente delineia um cenário onde mulheres e meninas são drasticamente limitadas, perdendo o direito à fala, ao trabalho fora do lar, e à educação avançada, sendo condicionadas a se tornarem meras esposas submissas. No entanto, ao progredir, a trama desvia para outros aspectos menos centrais e dilui o foco, tornando-se tediosa.
O cenário distópico esboçado pela autora prometia explorar profundamente as reações e adaptações das meninas anteriormente livres para expressarem-se, agora subjugadas a uma nova ordem que restringe suas palavras a um limite diário. Essa promessa de aprofundamento no impacto psicológico e social dessa mudança, infelizmente, não foi cumprida.
Ao invés disso, a história desloca sua atenção para um romance proibido que parece superficial e mal explorado. Os desafios e conflitos cruciais da narrativa são resolvidos de maneira apressada e superficial, não fazendo jus à complexidade dos temas propostos. O desfecho concentra-se nas ações redentoras de um marido arrependido e um romance oculto, deixando de lado as questões mais amplas e significativas levantadas no início, o que resulta em uma conclusão insatisfatória que não faz jus ao potencial inicialmente estabelecido pela trama.