Utopia Para Realistas

Utopia Para Realistas Rutger Bregman




Resenhas - Utopia Para Realistas


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Daniel Rolim 04/08/2019

O livro é mediano, um apanhado de textos tomados de outras obras, de autores como Michael Lewis até Thomas Piketty.
Apesar de algumas boas ideias, como a renda básica universal, a extinção dos paraísos fiscais e uma menor jornada de trabalho, o autor peca em quase todo o resto. Vejamos:
- ao criticar o status quo, Bregman clama por mudanças e uma nova utopia, mas busca elas em ideias ultrapassadas, como o socialismo ou o trabalhismo;
- alertando que devemos sempre nos ater, principalmente, à análise dos fatos, ele esquece ou finge não enxergar o quanto esta mesma análise nos revela que o seu tão querido estado do bem estar social, bem como seu ídolo Keynes, estavam basicamente errados em muitas coisas;
- pregar a livre movimentação de pessoas e bens, mas não a de capital, soa contraditório e pouco inteligente. O livre fluxo de dinheiro, como já visto no período anterior à Primeira Guerra, gera a transferência do mesmo dos países ricos aos mais pobres, a juros cada vez mais baixos, ajudando na construção de estradas, fábricas, universidades, etc, o que não seria possível se capital não houvesse;
- do mesmo modo, um grande controle sobre o capital, bem como sobre toda a atividade produtiva, levaria não só à paralisação da indústria e das finanças, ou ao fechamento do comércio internacional, como se deu após a Primeira Guerra e a Queda da Bolsa de 1929, como talvez até à emergência de estados totalitários, como o horror do nazismo e do comunismo nos mostrou;
- o que salvou os bancos de investimento da bancarrota, na última crise financeira internacional, não foi o neoliberalismo, mas o intervencionismo estatal à la Keynes. Se esta intervenção não tivesse ocorrido, instituições que não estavam funcionando bem quebrariam, abrindo caminho para outras com práticas mais saudáveis, o que é da essência do capitalismo e da natureza como um todo, que abandona o que não presta mais e dá lugar ao que melhor se adapta;
Enfim, dentre tantos outros equívocos, o último que acho melhor ressaltar é o erro mais básico do marxismo, o de acreditar em uma inevitabilidade histórica, que o mundo caminha em uma direção clara, pré definida, sendo resultado da luta de classes ou o que mais for. Mas não é, os empregos talvez não acabem, a desigualdade talvez não aumente, o sistema financeiro talvez não imploda. A única coisa certa sobre o futuro é que ninguém sabe o que vai acontecer.
Mauricio 31/10/2019minha estante
Daniel, vi que seus argumentos e conclusões são baseados mais nas suas convicções do que em embasamentos, pois não encontrei nenhuma fonte ou prova do que você escreveu acima. Perceba que "o intervencionismo estatal à la Keynes" não foi em ajuda a grandes Bancos monopolistas e sim a trabalhadores assalariados, mas isso você não citou.
Ao ler os seus argumentos, penso que talvez você tenha sido mais uma vítima do que o autor descreve no capítulo: Quando profecias fracassam: "pessoas inteligentes não usam seu intelecto para obter a resposta correta, usam-no para obter o que elas querem que seja a resposta".
Mas só de ver que você leu um livro que é contra as suas convicções, já achei uma grande coisa!


Daniel Rolim 04/11/2019minha estante
Mas eu disse que o intervencionismo estatal salvou os bancos de investimento da bancarrota, e que esta ajuda evitou a substituição de instituições predatórias por outras mais saudáveis.
Ainda, o fato de eu concordar com renda básica, diminuição da carga laboral e controle sobre os paraísos fiscais já demonstra que a minha convicção é sobre boas ideias, sobre ser pragmático, e não sobre ideologias, estas que já provaram que não funcionam, pois as verdades mudam com o tempo e com as circunstâncias.
Utopia e ideologia são só desculpas para tentar impor aos outros estas "verdades eternas", que tanto solapam a capacidade de observação da vida.




Fabio.Nunes 25/04/2024

Abre as portas para um bom debate
Utopia para realistas: como construir um mundo melhor - Rutger Bregman
Editora: Sextante, 2018.

Iniciei a leitura desse livro com uma certa desconfiança. ?Lá vem um branquelo, europeu, de chinelo havaianas, que nunca passou as reais dificuldades de um trabalhador de um um país pobre, falar de forma romântica sobre como solucionar os problemas do mundo.? Admito - julguei mal.
Este livro fala de uma utopia possível. Uma utopia que aponte fins, e não se furte de ser reavaliada a cada passo do caminho. Para tanto, o autor inicialmente nos adverte que vivemos na ?Terra da Abundância?, fazendo jus aos progressos materiais proporcionados pelo capitalismo, mas denunciando alguns dos vários problemas gerados por esse sistema produtivo (motivo pelo qual uma utopia é necessária).

?O credo moderno - ou pior, a crença em que não há mais nada em que se acreditar - impede-nos de enxergar a miopia e a injustiça que ainda nos cercam diariamente.?

?Mas a verdadeira crise do nosso tempo, da minha geração, não é não termos uma vida boa, ou mesmo que ela possa piorar mais tarde.?
(...)
?As melhores mentes da minha geração estão pensando em como fazer as pessoas clicarem em anúncios.?

E toda sua ideia de utopia para um mundo melhor é embasada em três pilares: renda básica universal (RBU), jornada semanal de trabalho de 15 horas e abertura total de fronteiras para mão-de-obra.

RENDA BÁSICA UNIVERSAL

O autor aqui apresenta estudos que comprovam que receber dinheiro grátis não torna as pessoas preguiçosas. E ainda ataca um elemento fundamental dessa crítica: a ideia de que a pobreza é fruto da preguiça e, portanto, um defeito moral, e não apenas falta de dinheiro.

?em qualquer lugar onde você encontra pobres você também encontra pessoas não pobres teorizando sobre a inferioridade e a disfunção cultural deles.?

Alega também que a RBU teria a vantagem de ser muito mais barata do que os atuais sistemas de assistência social e que é o melhor meio de atacar a desigualdade (tanto de oportunidades quanto de riqueza) e a pobreza. Sobre esta última o autor afirma que acreditamos na ?falácia de que a vida sem pobreza é um privilégio que só pode ser atingido com muito trabalho e não um direito que todos merecemos ter.?

O livro aborda também uma crítica ao Produto Interno Bruto (PIB), à maneira com que é elaborado e utilizado para tomada de decisões.

?O banqueiro que vende indiscriminadamente o máximo de hipotecas e derivativos para faturar milhões em bônus contribui mais para o PIB hoje do que uma escola repleta de professores ou uma fábrica de automóveis cheia de mecânicos. Vivemos num mundo em que parece ser regra corrente que quanto mais vital for a sua ocupação (limpar, amamentar, ensinar), menos você conta no PIB.?

JORNADA SEMANAL DE 15 HORAS

Aqui Bregman defende que há ganho em qualidade de vida com mais tempo livre para as pessoas. E ao tentar responder a pergunta ?o que a redução das horas de trabalho vai de fato resolver?? o autor nos apresenta outra: ?existe alguma coisa que trabalhar menos não vai resolver??
Estresse, mudanças climáticas, acidentes, desemprego, emancipação feminina, desigualdade e envelhecimento da população são pontos que seriam diretamente afetados com a redução de carga horária no trabalho.

?A alternativa é que, em algum momento neste século, possamos rejeitar o dogma de que é preciso trabalhar para viver. Quanto mais rica uma sociedade se torna, menos eficaz será o mercado de trabalho para distribuir prosperidade.?

Aborda também a preocupação com as inovações tecnológicas - mas sem demonização -, apresentando dados alarmantes para os próximos 20 anos quanto aos empregos. Informa que, pela primeira vez, a produtividade da humanidade está em nível recorde, a inovação nunca foi tão rápida e, mesmo assim, temos a renda média em queda e menos empregos.

?Se quisermos continuar recebendo os benefícios da tecnologia, nos restará apenas uma escolha, que é da redistribuição. Redistribuição em massa. Redistribuição de dinheiro (renda básica), de tempo (semana de trabalho mais curta), de impostos (sobre o capital, não sobre o trabalho) e, claro, de robôs.?

ABERTURA DE FRONTEIRAS

No capitalismo de hoje o mundo está aberto para tudo, menos para pessoas. O autor afirma que abrir as fronteiras para a mão de obra ? não apenas para bens, serviços e mão de obra altamente qualificada - aumentaria muito mais a riqueza mundial (e apresenta dados que corroboram sua narrativa).
O problema aqui é que ele não cita nem ataca o maior problema com relação às fronteiras: as ideologias nacionalistas.

Em resumo, este é um livro que pode causar estranhamento inicial, mas que é conduzido numa linguagem muito acessível. Ainda que possa gerar objeções, o objetivo do autor aqui é bastante claro: abrir as portas para o debate. E só por isso esta é uma leitura que recomendo.

?Uma jornada de trabalho semanal de 15 horas, uma renda básica universal e um mundo sem fronteiras... São todos os sonhos malucos - mas até quando??
Fabio 26/04/2024minha estante
Mais um resenha impecável meu amigo!
Sua escrita esta ficando cada vez mais apurada!!!
Parabéns!


Fabio.Nunes 26/04/2024minha estante
Que isso irmão. Vindo de vc isso é mais que um elogio. Obrigado!




Gustavo.Borba 13/12/2018

Utopia Para construirmos
Utopia para realistas: Como construir um mundo melhor, de Rutger Bregman. Ed. Sextante. Este livro ficará marcado por alguns bons motivos. O primeiro é que ele me foi presenteado pela editora após participar de meu primeiro sorteio via Instagram. Foi mesmo uma surpresa. Outro motivo foi porque este livro foi o escolhido para o dia da eleição, em que depositei meu voto de esperança de que o progresso, o conhecimento, a educação superariam o ódio, o preconceito, a violência, a barbárie. Infelizmente, perdemos essa oportunidade histórica. Mas outro motivo pelo qual me lembrarei deste livro é pelas suas propostas progressistas e inimagináveis em um país do capitalismo central. O autor é holandês e escreve para jornais de alcance mundial, como The Washington Post e The Guardian. No entanto, suas propostas são arrojadas e inesperadas para alguém tão próximo do centro do capitalismo. Ele inicia discorrendo sobre o que é utopia e seu papel para nos fazer continuar buscando o que há de melhor. Mostra que alcançamos uma antiga utopia, mas que ela não foi suficiente para a humanidade e demonstra, utilizando os conceitos anteriores, a necessidade de novas utopias. É aqui que entram suas propostas de renovação social arrojadas e progressistas. Resumindo, ele faz a defesa da renda básica para todos os cidadãos do mundo (à la Eduardo Suplicy), além de se garantir residência a todas as pessoas, inclusive pessoas que estão sem moradia e vivem nas ruas, redução da jornada de trabalho para apenas 15 horas semanais, tudo isso sem nenhuma condicionalidade para acessar tais ?benefícios? e para garantir que todos tenhamos mais tempo para desenvolver nossos interesses, nossa vida familiar e nosso descanso. Tudo com muitos dados de experiências concretas e estudos sérios quanto à viabilidade econômica. Antes que pensem se tratar de um ?vermelho?, o autor afirma defender o capitalismo, mas que este precisa aprimoramentos para continuar sendo viável. Um livro maduro, que indico para todas as pessoas, a fim de acreditarem que um outro futuro é possível. Maravilhoso. Leitura concluída em 16/10/2018.
Thiagookling 25/01/2021minha estante
logo na minha primeira atualização sobre o status de leitura, falei: propaganda capitalista com ideias progressistas, e tua observação vai de encontro a isso.

Inicialmente muitas pessoas falariam de cara se tratar de doutrinação comunista (já que no Brasil atual tudo se resume à isso).
Mas acho que ele faz uma reparação necessária, sobretudo àqueles que julgam o dinheiro sujo. O problema não está no dinheiro, mas sim em como o temos usado.




Mauricio 31/10/2019

Transformando utopia em realidade - ou tentando
Fiquei sabendo desse livro numa indicação do ator Gregório Duvivier no Clube Panaceia.
O escritor/historiador holandês Rutger Bregman aborda vários dilemas da sociedade atual: econômicos, comportamentais, humanitários, entre outros, e faz sua defesa para soluções justas/igualitárias, muitas das quais pouco ortodoxas, com bons embasamentos, tanto econômicos e científicos como também éticos e filosóficos. No campo da economia, traça um contexto histórico ao lado das mudanças na ordem mundial tomadas sob influência de grandes economistas, desde o início do século XX até os dias atuais. Economistas que, desde então, se tornaram os grandes influenciadores do rumos de várias nações pelo mundo.
Apesar do grande embasamento para seus argumentos, o autor faz uma ressalva ao citar que "um homem com uma convicção é um homem difícil de mudar" frase descrita por Leon Festinger num livro sobre a psicologia social, e diz que, inclusive muitas de suas conclusões são baseadas com boa medida de convicção em detrimento da razão.
Mas, sabemos que em tempos de radicalismo e polarização política, o campo da convicção tem dominado a mentalidade das pessoas, mais do que a razão, em ambos os espectros da política (esquerda e direita), dada a sua facilidade de propagação e persuasão.
A meu ver o livro tem um tom otimista, porém as mudanças necessárias na sociedade passam também por grandes mudanças éticas e culturais na mentalidade das pessoas, empresas e governos. Essas mudanças serão o grande desafio para o futuro da nossa sociedade.
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Tiago.Zulian 10/05/2020

Uma realidade possível
O autor apresenta suas inovadoras ideias como renda universal e explica com clareza o conceito de que a utopia termina quando é alcançada, por isso estimula os leitores a refletirem sobre realidades possíveis e questionar suas convicções.
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Saulo.Tarso 07/06/2020

Leitura necessária, independente de sua convicções políticas.
Nesta obra o autor holandês Rutger Bregman traz provocações e reflexões que abordam temas como: o combate à desigualdade, redução da jornada de trabalho, políticas alternativas para o combate ao desemprego, entre outras. O autor nos faz sonhar alto por um futuro melhor, porém sem tirar os pés do chão. Mesmo que alguns planos propostos ainda estejam distantes de nossa realidade, a leitura sobre utopias é necessária para expandirmos nossos horizontes políticos e sociais.
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Julinhafox 16/06/2020

"A dificuldade não está nas novas ideias, mas sim em escapar das antigas" (J.M Keynes)
De forma irreverente e instigante, o autor aborda não apenas a temática da renda básica universal, mas também sugere uma reflexão sobre nossas formas pré-concebidas de enxergar o mundo e a nós mesmos.
O livro é tomado por fontes, estudos, enfim, não lhe falta conteúdo - o que é excelente para quem quer se aprofundar no inúmeros assuntos levantados pelo autor.
Confesso que senti leve falta de uma autocrítica feita pelo autor dentro da temática que ele defende - às vezes, fica parecendo que a teoria é mágica ou milagrosa (ou utópica, para brincar com o título haha). Bem, talvez seja.

Recomendo para quem se interessa pelo assunto e para quem gosta de refletir sobre a sociedade.
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Tama 01/10/2020

Excelente! Esclarecedor!
Discorre clara e solidamente sobre um enorme viés que sempre assombrou a humanidade. E chama para a responsabilidade de sobrepujá-lo de uma vez por todas.
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Gui 24/10/2020

É um livro interessante, mudou minha perspectiva sobre algumas banalidades sociais que eu pensava se forma errônea. O autor mostra os causadores dos problemas sociais e mostra tbm inúmeras pesquisas sociais que foram feitas sobre os métodos que acabariam com tais problemas. É um livro fora do meu padrão de leitura, mas adorei bastante ler.
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Daiane 21/01/2021

Esclarecedor. Recomendo muito!
O livro aborda temas como renda básica, pobreza, desemprego e jornadas menores de trabalho, mas o autor usa diversas pesquisas psicológicas e sociológicas para sustentar seu ponto de vista. Livro é mais que recomendado. Acho que todo mundo, sem excessão, deveria ler.
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Marcela.Sanchez 30/01/2021

Adorei
Um livro que aborda de forma inteligente o impacto positivo da renda básica universal como uma maneira eficiente de resolver problemas socioeconômicos tais como a pobreza extrema,desigualdade social, segurança e saúde pública. Bem bacana!
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