Tamara 23/07/2019
Se há um estilo de leitura que eu reluto sempre em colocar na lista de livros que eu quero ler, esse estilo é o juvenil, ou também conhecido popularmente como young adult. Um dos motivos que me fazem não ter apresso por essas obras na maioria das vezes é a falta de maturidade dos personagens, o que sempre me deixa bem frustrada, e muitas vezes os temas são trabalhados com certa superficialidade, o que também não entra nos requisitos que eu gosto em um livro, apesar de eu saber que essas história são atrativas para muitas pessoas.
Porém, para toda regra há uma exceção, e ocasionalmente alguns enredos simplesmente me chamam atenção e eu sinto que deveria lê-los pois seriam diferentes desse estereótipo do qual não gosto, e isso aconteceu com Juntos somos eternos, e felizmente a minha intuição estava correta e esse foi um livro muito mais surpreendente do que eu poderia imaginar. Logo nas primeiras páginas o livro já mostra a que veio, e ao invés de encontrarmos futilidades ou jovens imaturos, encontramos aqui três amigos com uma amizade linda e verdadeira, e são eles Lydia, Travis e Dilard que é conhecido como Dill, e cada um possui dilemas intensos, especialmente os dois garotos, que não tem uma vida nada fácil, e enquanto jovens como Lydia se preocupam com fatos como a ida para a universidade, Dillard precisa se preocupar em como ajudar a mãe a pagar as contas da casa depois que seu pai foi preso por pornografia infantil, bem como precisa ouvir diariamente o fanatismo da mãe religiosa e exaltações ao pai que era um pastor, o que faz com que o garoto sofra uma série de ofensas na escola e nas ruas, e também há Travis, que usa sua série literária de fantasia favorita para fugir do pai abusivo e intolerante. Assim, entre momentos descontraídos onde os amigos simplesmente passeiam, riem juntos e são apenas adolescentes, até momentos em que vemos o quão pesada é a vida de cada garoto e também acompanhamos a força da amizade entre os três, Jeff Zentner consegue nos inserir profundamente no enredo e nos toca de uma forma ímpar.
Nessa obra, são discutidos vários temas como religião, violência, luto, o abandono de sonhos, e também os caminhos inesperados que a vida nos impõe. Em certa altura da história, fui impactada por um acontecimento que jamais esperei e esse foi um dos pontos que mais mexeu comigo e me emocionou, especialmente pelo modo surpreendente como ele chegou, o que fez ser um dos livros mais lindos, e ao mesmo tempo dramáticos dentre os que já li nesse gênero.
Se fosse para escolher uma única palavra para definir essa história eu escolheria sensibilidade, pois é o que encontramos em cada uma das páginas, e ao final, apesar dos tons de tristeza que acompanham partes do enredo, também encontramos fortes traços de esperança, coragem, de sonhos realizados e uma expectativa de que as coisas podem sim ser diferentes. Para mim essa leitura foi incrível e fiquei com vontade de ler mais coisas do autor, então o recomendo muito e espero que quem o ler também tenha as mesmas sensações que consegui encontrar nessa linda história.