Eduardo 23/02/2023
Invasão de privacidade
O protagonista desse livro é o pensamento. As ações só são importantes como desdobramentos das reflexões, recordações, inseguranças, hesitações, preconceitos e julgamentos dos personagens.
Virginia Woolf faz uma captura (ou um quadro, para usar o recurso metalinguístico da própria obra) da mente humana, investigando as relações e convenções sociais pelo avesso.
Ao farol, toda aquela gente repensa seus papéis na sociedade. A dona de casa, o intelectual, a mãe, o pai, a esposa, o marido, a artista. O que tudo isso significa? Precisa significar algo?
Trumbiquei demais no começo da leitura, estreante no universo da autora, mas subitamente me peguei seduzido pela escrita intrincada, pelas colagens de intimidades, pelos borrões do cotidiano.
Tudo é como um sopro sobre o mar, que provoca ondas barulhentas. Volta e meia, a luz do farol encontra uma Sra. Ramsay perdida em seus pensamentos, realizando ações mecânicas. Pega no flagra, o raio-X a examina.
Virginia pintou aqui uma tela com áreas iluminadas, muitas sombras, contornos esfumados, linhas tortas, vazios. Para mim, impressões.