@bibliotecadedramas 10/11/2022Segundo livro de Thrity Umrigar que leio, esse é uma continuação de “A Distância Entre Nós” que li recentemente e como a primeira história ainda está fresca na minha mente acabei escolhendo ele. Acho que já posso dizer que Thrity Umrigar é a Kristin Hannah indiana porque seus livros são densos, sofridos, belos e com muito, muito drama. Eu adoro.
"(…) Passa a noite sentada de pernas cruzadas no chão, levantando algumas vezes a urna que contém as cinzas, impressionada a cada vez com a incrível leveza do corpo humano. É difícil aceitar que o corpo físico se resuma àquilo. Mas e quanto a raiva de uma pessoa? E a sua voz? Sua risada? Sua arrogância? Sua irreverência? Seu humor, seu ego, sua honra, seu caráter? Essas impressões digitais de uma vida única simplesmente se evaporam e desaparecem com o ultimo suspiro? E, se for assim, de que vale toda a luta, os sofrimentos e os conflitos? Qual a diferença entre uma mulher viver ou não? Se foi amada ou mal-amada, educada ou analfabeta, deseja ou malquista pelos pais, se sofreu mágoas e traições, ou se ainda foi capaz de manter sua humanidade e nobreza? No final, pensa Bhima, não importa. É tudo pó e cinzas. É isso que significa ser humana, ela pensa: grãos de poeira organizados na forma humana – alguns escuros, outros claros, alguns altos, outros baixos, alguns machos, outros fêmeas, E, no final, a mesma rajada de vento desfaz todos eles."
A história de Bhima continua após ser demitida por sua patroa – Serabai depois um grande segredo que caiu como uma bomba em suas vidas e que Serabai recusou-se a revela-lo. Bhima é uma senhora indiana extremamente pobre que luta diariamente para sobreviver na super populosa Mumbai – uma cidade que está em crescimento, mas que tem uma pobreza ainda muito maior. Bhima fará de tudo para garantir que Maya – sua neta, tenha uma vida que ela não teve através dos estudos, e durante essa luta de muito trabalho, muitas perdas ao longo da vida e muita pobreza, ela conhece Parvati (que inclusive é citada no primeiro livro), uma senhora também muito pobre que está todos os dias na feira vendendo suas seis couve-flores e que tem um passado bem triste e comovente.
O que eu amo ler nesses livros de escritores indianos como a Thrity Umrigar é a imersão na cultura dos costumes, comidas e crenças, mas também a dura realidade de milhares de pessoas principalmente em um país como a Índia, aonde as mulheres ainda são tratadas com inferioridade, sobretudo quando são marginalizadas por suas castas. Essa é mais daquelas histórias lindas, comoventes, mas terrivelmente tristes também, tirando as ultimas páginas que me incomodaram um pouquinho porque achei o final, beem no final, um pouquinho forçado, mas isso não tirou de nenhuma forma a grandeza que foi esse livro, eu já quero ler todos os outros de Thrity Umrigar.
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