Otávio 04/05/2024
Ler esse livro foi uma experiência que me trouxe diversas reflexões sobre a vida, a rotina, o conforto e a felicidade. Talvez ele não tenha me surpreendido muito, e a leitura tenha sido até um pouco enfadonha para mim, pois me deparei com diversas coisas que eu sempre apliquei no meu cotidiano, mesmo sendo muito brasileiro e nem um pouco escandinavo, quem dirá dinamarquês.
Durante boa parte da leitura, a repetição excessiva do Hygge e suas variações, além de dica sobre dica acerca de como trazer esse conceito para sua vida, me fazia parecer que a vida dinamarquesa é uma sucessão infindável de auroras e crepúsculos, na maneira mais proustiana de se enxergar isso como muito chato pela ausência de contraste. Mas depois percebi que não se trata exatamente disso, não se trata de tentar fazer com que todo momento seja hygge, mas sim sobre como fazer com que momentos raros na rotina sejam potencializados para serem mais hygge. Moro de frente pra uma avenida, então não quero parar a todo momento para prestar atenção nos sons à minha volta, pois esses geralmente não são muito agradáveis, contudo, ao parar numa manhã de domingo e perceber o silêncio na rua, porque não aproveitar esse momento para curtir esse silêncio e criar essa sensação de "poxa, que legal foi esse momento no meu dia"?
Acho importante pensar que o livro não é um manual de instruções, pois não é só colocar tudo o que ele fala em prática na sua vida, tipo sair acendendo velas a torto e à direito, que a felicidade vai se materializar. Hygge, felicidade, conforto é sobre criar memórias, sobre estar consciente do espaço que se ocupa e entender que só se vive uma vez e que o momento presente é raro e passageiro, e sobre aproveitar esse momento da melhor forma possível, do jeito que VOCÊ gostar.
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Enfim, é uma leitura que recomendo sim, com a ressalva de que se coloque um filtro para entender que o que está ali é apenas uma lista de exemplos muito específicos sobre como o hygge funciona para os dinamarqueses, mas que você precisa adaptar para sua realidade, com as suas memórias, preferências e sentimentos.
E não esquecer que bem-estar econômico e social é muito mais hygge do que vinho quente e meias de lã.