spoiler visualizarGabriel.Geisler 10/07/2023
Beren e Lúthien - Uma Resenha
Beren e Lúthien é mais uma das obras póstumas de J.R.R. Tolkien, e a penúltima editada por seu filho, Christopher Tolkien. Traduzida para o português por Ronald Kyrmse e ilustrada por Alan Lee, tendo sido publicada em 2018 pela editora Harper Collins.
Beren e Lúthien é o maior romance escrito pelo autor. É importante a leitura do prefácio, pois nele seu filho conta como essa história refletia na vida pessoal do pai, e como a vida pessoal dele próprio refletia em sua obra. Inclusive, ao final do prefácio, descobrimos que nas lápides do Tolkien e de sua esposa estão gravados os epitáfios "Beren" e "Lúthien", respectivamente.
A história narra a jornada de Beren, um homem mortal que se apaixona por uma princesa de um dos mais importantes reinos élficos de Arda, Lúthien. Apesar de no começo Lúthien temer Beren, vez que nenhum homem adentrava os domínios de seu pai, o casal acaba por se apaixonar. Beren passa suas tardes inteiras vendo Lúthien dançar e cantar nos jardins de Doriath, momento no qual até mesmo a vida silvestre no entorno silencia para ouví-la cantar.
Decidido a ter a mão da donzela em casamento, o jovem Beren vai diante do Rei Thingol e declara suas intenções. O Rei, que não desejava que tal união se concretizasse, respondeu-lhe que concederia a mão de Lúthien em casamento se Beren cumprisse uma tarefa hercúlea e praticamente impossível: Pegar uma Silmaril e lhe trazer como presente. Ocorre que, nesta época, todas as três jóias estão engastadas na coroa de ferro de Morgoth, o primeiro Senhor do Escuro, que reside em sua fortaleza infernal em Angband. Em que pese a tarefa ser uma sentença de morte, Beren desdenha de Thingol, e diz que os reis élficos entregam suas filhas por pouco, já que uma Silmaril (a maior jóia que já existiu ou existirá nos contos de Tolkien) seria uma paga de pequena monta pela mão da deslumbrante Lúthien. E assim ele parte para cumprir sua demanda, enfrentando fogo, ferro e inferno.
No que concerne à estrutura, a narrativa é dividida em algumas partes. Christopher habilmente conta ao leitor a evolução da história de seu pai, que com o passar dos anos sofreu alterações, até chegarmos a versão final publicada. Após a conclusão da história, há longos trechos em que Tolkien escreveu o conto de Beren e Lúthien em verso e prosa, composta por inúmeras estrofes (no livro temos a tradução na página esquerda e o original em inglês na direita).
A linguagem do livro é notavelmente rebuscada, sendo necessário estar acompanhado de um bom dicionário para pesquisar alguns termos. O que é perfeitamente normal, haja vista que é uma história que foi escrita na primeira metade do século XX. Portanto, se você é um leitor que não tem muita paciência, ou não está afeito a esse tipo de leitura, passe longe dessa obra.
Em breve síntese, uma lição que essa história nos traz é de que não há inferno que não possa ser vencido por amor.
Por fim, recomendações de leitura complementares: A Queda de Gondolin; Os Filhos de Húrin; ambas são histórias que se entrelaçam com Beren e Lúthien, de certa forma.
Avaliação: 5/5.