Canaã

Canaã Graça Aranha




Resenhas - Canaã


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Laís Barcelos 22/12/2012

A sociedade brasileira refletida
Em Canaã, Graça Aranha analisa aspectos da sociedade brasileira com uma precisão surpreendente.
É um fato que a leitura de clássicos é algo complexo, que exige total atenção, pois muitas das informações encontram-se nas entrelinhas, além da dificuldade em compreender uma linguagem arcaica, porém ao ler a considerada obra-prima de Aranha, esses conceitos não permanecem válidos, pois em momento algum a leitura se transforma em algo monótono e cansativo. O autor compartilha com os leitores cenários panorâmicos através de suas descrições minuciosas, mas acima de tudo seus diálogos inteligentes e muito bem elaborados fazem com que as ideologias da época –patrióticas ou não – sejam delicadamente dissecadas de um ângulo diferente.
Com um bom pano de fundo e sem menosprezar qualquer tipo de pensamentos e opiniões, Aranha transformou Canaã em um livro memorável e gerador de muitas reflexões encerrando a obra com um grande apelo às gerações atuais. O patriotismo muito destruiu, está na hora de nos considerarmos uma única espécie, por que tampouco importa a origem, somos todos seres humanos e parte de uma única nação.
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Juh Lira 14/01/2012

Canaã: Paraíso?
Adiei por motivos de tempo e disposição a leitura do referido livro.
Não mais, finalmente cedi a oportunidade a ele – o coitado estava esperando há meses a vez – e não me arrependi.

Confesso que é aterrador de primeiro momento o contato com a linguagem extremamente lírica de Graça Aranha. Logo nos primeiros capítulos, percebemos o quão o autor se empenha em descrever a paisagem da colônia(s) alemã residida no Espírito Santo, onde o romance se desenrola, com a aparição de dois imigrantes alemães: Milkau e Lentz,que se conhece por acaso.

É fácil se apegar a visão de mundo de Milkau (que por incrível que pareça, em dados tópicos correspondem a meu ver). Generoso e de um coração bondoso, no decorrer da narrativa, particularmente, o encanto é imediato. Lentz, por outro lado, é mais pessimista e irônico.

O romance seria classificado facilmente como correspondente da corrente literária do Realismo, porém é muito vaga esse simples encaixe. O Modernismo da obra está na fácil percepção da crítica do autor a sociedade brasileira, misturada com as líricas e realistas descrições do ambiente – este praticamente como se tivesse vida própria – sendo a Canaã dos imigrantes. Era assim que eles no início do século passado enxergavam o Brasil, como a “terra prometida”, um paraíso para recomeçar.

No entanto, qualquer tipo de sociedade humana, é humana. Isso é exemplificado na personagem Maria, uma imigrante alemã que trabalhava na casa de umas das famílias da colônia, mas acaba por cair em grande desgraça ao ficar grávida do herdeiro dos mesmos. Aqui a trama ganha um novo rumo. Milkau que a conheceu numa festa passa a se compadecer da amiga e tenta ajudá-la.

A trama inteira do romance é apenas um pano de fundo para as críticas tão bem acentuadas da cultura e da sociedade brasileira. Já naquela época, o autor deixa claro seja através dos personagens, seja pela própria narração, a decadência que o país se encontrava – governo instável, invasão estrangeira, miséria, etc. – além de que o Brasil ainda não possuía a identidade nacional que possui hoje. A nossa cultura foi fortemente influenciada pela cultura europeia e mais tarde, a norte-americana, mas desta fusão encontramos a identidade que os intelectuais do século passado tanto almejavam (vide Semana de Arte Moderna. Graça Aranha foi um dos contribuintes no evento). Ainda sim, os próprios brasileiros não valorizam a cultura de berço.

A leitura desse romance veio em boa hora. Eu meditava sobre esse assunto com meus botões enquanto observava a cultura americana de agora deturpando a nossa. Brasileiros querendo ser o que não são; imitando de forma infantil aquilo que não nos corresponde.

Vou ser mais direta: livros de autores nacionais tentando imitar os livros de autores americanos. Não estou generalizando, nem nada disso, mas vamos ser francos: a maioria dos livros atuais lançados por autores que se dizem brasileiros, só é uma imitação barata e mal feita de livros sobrenaturais consagrados lá fora. Como uma corrente literária em alta, a Ficção Sobrenatural que começou nos EUA e companhia, chega aqui também, mas o correto é adaptar como aconteceu com as outras correntes literárias (Modernismo, Romantismo, etc) o que infelizmente não está acontecendo!

E é exatamente isso que o autor critica juntamente com a tenebrosa ordem social. Usei o exemplo dos romances sobrenaturais para mostrar que as coisas não mudaram em nada quase um século depois. A cultura brasileira existe, mas os próprios não a valorizam, entrando numa verdadeira decadência e mediocridade. Não quero dizer para você parar de livros estrangeiros ou parar de ouvir cantores internacionais. Não é nada disso. O que eu digo é: valorizar a nossa cultura também, e é a nossa cultura de fato, não aquilo que o senso comum diz ser cultura. Entendem o que eu quero dizer?

Desviando da minha própria crítica embasada na crítica do livro, a leitura deste, não considero fácil. Sim, o livro é curto, mas exige do leitor um bom vocabulário, paciência e reflexão. Em algumas passagens a leitura era por ora maçante devido às minuciosas descrições e os extensos diálogos. Porém é válido o relacionamento que ia crescendo entre Milkau e Maria que comandam os acontecimentos até o final. Em se tratando do desfecho... Fiquei surpresa, pois eu não esperava que o livro acabasse daquela forma, o que deixa o leitor intrigado.

Graça Aranha nos deixa um belo ensinamento na obra “Canaã”. Quem faz da vida um paraíso ou o inferno somos nós mesmos. Nossa ambição ou nossa virtude pode transformar nossa morada no mundo como uma Canaã ou um Purgatório.

A obra trata de tantos assuntos, que daria para escrever uma tese ou daria ótimos debates. Por ora, limito-me até aqui, indicando “Canaã”, caso o caro leitor se sinta propenso a uma leitura filosófica.
Encerro com um quote retirado da obra, que resume por demais toda essa resenha:

“[...] O aspecto da sociedade brasileira é uma singular fisionomia de decrepitude e infantilidade. A decadência aqui é um misto doloroso de selvageria dos povos que despontam para o mundo, e do esgotamento das raças acabadas. Há uma confusão geral. As correntes da imoralidade vagueiam sobre a sociedade e não encontram resistência em nenhuma instituição. Uma tal nação está preparada para receber o pior dos males que pode cair sobre o mundo: a geração dos governos arbitrários e despóticos. Se a sociedade é uma obra de sugestão, que se pode esperar dos sentimentos, da idealização das massas incultas, quando a imaginação delas é deslumbrada pelo espetáculo da mais desbragada perversão dos governantes? [...]”
Canaã, página 191.

PS: Para quem não está muito acostumado a ler romances desse grau, uma dica: leia com calma e devagar. Se não entendeu alguma passagem, volte e leia novamente quantas vezes for necessário. Terminada a leitura, pare e reflita sobre o que leu, então deixe para continuar só no dia seguinte. Garanto que esse exercício é muito prazeroso e quando você terminar vai sentir satisfeito e orgulhoso do esforço. =D

http://www.silentmyworld.blogspot.com/
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Senhora D. 10/08/2011

Notas de Leitura - Canãa
- Protagonistas: Milkau e Lentz (ambos são antagonistas em suas ideias, mas apesar disso, conviveram juntos). Havia uma espécie de 'monólogo' entre eles, ali não havia diálogo porque as ideias eram diferentes.

- Milkau se colocava com certa superioridade pelos sentimentos e Lentz pelo arianismo. Dessa forma, ambos poderiam conviver juntos, pois os dois se achavam 'superiores'. Eles estavam sempre diferenciados entre os demais.

- Milkau tinha a percepção dos problemas da exploração sem critério nenhum, por outro lado, Lentz já não tinha essa percepção.

- Na época, os colonos não queriam pagar impostos e, hoje, são os banqueiros que não querem pagar os impostos.

- Milkau se envolve com Maria e vai em busca de seu objetivo, enquanto Lentz não consegue sair do plano das ideias.

- Milkau retorna porque sabe que se deixasse Lentz sozinho, ele morreria. Possível homossexualismo platônico entre Lentz e Milkau. A relação de Maria e Milkau também é platônica.

- No momento da morte do cavalo, como era um ritual, o narrador demora para descrever a cena. No momento da morte do bebê pelos porcos, a cena é descrita rapidamente, pois se tratava de um acidente chocante.

- Os cargos não eram ocupados pelas competências. Utilizavam o título pela indicação ou pelos cargos da família. Os papéis sociais estavam bem definidos, mas na prática isso não ocorria. As autoridades, no fazer, não conseguiam manter o status, eles se trucidavam.

- A leitura de Canãa, às vezes, se tornava chata porque saia do espaço romanesco e entrava num espaço mais filosófico.

[continua...]
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Jefferson Fernando 15/04/2010

Bastante interessante
Esse livro não é pra quem quer encontrar uma bela história.
Fiquei admirado em ler uma obra do meu conterrâneo. Seria, como diz Milkau, que vivemos num progresso em que vamos encontrar a paz -Canaã- entre os homens? Ou como Lentz, voltado para o pessimismo, em que a solidariedade e o amor não valem a pena?
Confesso que não fiquei no lado de nenhum dos dois, mas essa obra me colocou pra pensar. Podemos separar homens em raças? Seria sua junção ou sua separação biológica influiria em alguma coisa? Existe raça brasileira?

É utópico, mas coloca a gente pra pensar sobre questões antropológicas.
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Jonara 15/04/2010

Canaã é um livro interessante sobre a imigração alemã na região de Cachoeiro do Itapemirim - ES. Através dos dois personagens principais, os imigrantes Milkau e Lentz, o autor coloca os diferentes pontos de vista da metrópole sobre a colónia. Milkau é o que acredita na paz, na vida equilibrada na nova terra e na bondade. Lentz acha que o mais forte dominará, que a guerra é boa e que é preciso aniquilar aquele povo preguiçoso brasileiro.
O teor do discurso é bom, a história e os diálogos são legais de ler. O encanto dos imigrantes com aquela terra nova, as andanças no meio do mato... ele te transporta bem pra dentro do livro. Agora, cá entre nós, não tenho mais paciência pra ler coisas muito cheias de firulas. O livro é precursor do modernismo, já tem umas descrições mais limpas, mas no geral a linguagem é muito rebuscada e cansativa. E a capa do exemplar que eu li parece romance Sabrina, mas não tem nada a ver. Quem for ler não se engane, não tem nada de muito romântico neste livro.
Américo 03/09/2010minha estante
Bela descrição! Acho sim que o livro tem sua parcela de discussão e contribuição pra dar, e como você disse, é um dos precursores do modernismo, então sua linguagem COMEÇA a deixar de ser enfadonha e rebuscada. Ainda assim, não foi dos que mais me agradou, talvez a descrição de alguns lugares tenha ganho o crédito do livro pra mim, pois realmente nos transporta para um ambiente campestre. De resto, não pude apreciar muita coisa.


Américo 03/09/2010minha estante
Talvez seja um livro interessante do ponto de vista histórico-cultural, porém do ponto de vista literário não consegui enxergar nenhuma riqueza ou valor maior, infelizmente.


Léo 18/11/2017minha estante
A história não se passa em Cachoeiro do Itapemirim, que fica no sul do Espírito Santo. A trama se desenrola na antiga Porto do Cachoeiro, ou Porto do Cachoeiro de Santa Leopoldina, atualmente cidade de Santa Leopoldina, na região serrana espírito-santense, próxima à Grande Vitória. Chegou a ser a terceira maior colônia de imigrantes do Brasil e se tornou um importante entreposto comercial do Espírito Santo no findar do século XIX, tendo recebido a visita do imperador Pedro II e sua esposa, Teresa Cristina, em 1860. Porto do Cachoeiro - hoje, Santa Leopoldina - foi a cidade mais cosmopolita do estado, se levarmos em consideração a quantidade de nacionalidades que lá se fixou, não apenas alemães, mas também negros libertos, suíços, italianos, luxemburgueses, austríacos, tiroleses, prussianos (pomeranos), belgas, holandeses... Diferente de outras regiões capixabas onde havia uma predominância de um grupo de imigrantes, como os italianos em Santa Teresa, Venda Nova do Imigrante e Nova Venécia; alemães em Domingos Martins (antigo Campinho, com alemães protestantes) e Santa Isabel (alemães católicos); pomeranos em Santa Maria de Jetibá; poloneses em Águia Branca, libaneses no sul do estado...




Sudan 11/07/2009

Canaã
Canaã
Graça Aranha
Bom Livro
Em uma pequena cidade do Espírito Santo, dois imigrantes alemães enfrentam as dificuldades de adaptação à nova terra. Mostrando o confronto entre visões do mundo antagônicas e a violência do preconceito racial, Canaã é uma obra fundamental.
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valreiss 22/05/2009

Um excelente Livro
O livro foi tão marcante para mim, que quando terminei de ler, inconformada com o final, criei um novo final para ele!
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