Minha Coisa Favorita é Monstro

Minha Coisa Favorita é Monstro




Resenhas - Minha coisa favorita é monstro - Livro 1


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Bruno Oliveira 29/02/2020

UM QUADRINHO MONSTRUOSO
O título faz jus ao seu conteúdo. Realmente, este MONSTRUOSO álbum de estreia da Emil Ferris é a melhor coisa que tu verás em quadrinho atualmente. Seus desenhos são IMPRESSIONANTES! Eles saltam aos olhos fácil e divertidamente. Este álbum merece, com louvor, todos os prêmios até aqui conquistados. As histórias que o recheiam são boas. Sim, há mais de uma. É uma menininha (Karen) que conta uma e é uma moça (Anka) que conta a outra. Contudo, ambas têm o filtro da menina Karen. Então, não espere "um mundo de adultos" por aqui. Há sim temas pesados, bem pesados até, e imagens que podem ser consideradas "impróprias" para menores, mas é tudo parte desse mundo fantástico e único dessa curiosa menina de dez anos que escreve e desenha HORRORES no seu caderno/diário.
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DaniBooks 11/02/2020

Espetacular
Essa HQ tem um projeto gráfico incrível: toda feita em folha de caderno pautada e com caneta esferográfica e hidrocor. É incrível o resultado que a autora conseguiu. É lindo e você fica horas só admirando as imagens. Uma das coisas mais bonitas e bem feitas que eu já vi.

O texto acompanha a força das imagens. É forte, fluido, rico e com um leve toque de lirismo.

Minha Coisa Favorita é Monstro é o diário de Karen, uma menina de 10 anos, esperta, divertida, inteligente, irônica e com um talento artístico invejável: seu diário é a prova disso. Ela filha de pai mexicano e mãe com ascendência indígena: um prato feito para o bullying que ela sofre na escola.

Um dia,uma vizinha sua aparece morta e a polícia aponta suicídio como a causa da morte. Karen sente que há algo errado; ela acredita que sua vizinha foi assassinada. É parte para investigar a vida daquela vizinha de quem ela gostava bastante, mas que tinha um passado misterioso.

A partir daí, temos uma história dentro da outra: a do passado de Anka - a vizinha- e a de Karen e sua família.

Esse livro trabalha na muitos temas relevantes: bullying, descoberta da sexualidade, miséria, problemas de autoimagem, aceitação do diferente, guerra, abusos, violência, etc. E esse é só o primeiro volume.

Eu adorei essa história! Ela é cheia de nuances e observar essa narrativa a partir do ponto de vista de uma criança é uma experiência riquíssima. A Karen é uma personagem extremamente cativante e bem construída.

Esse primeiro volume termina de uma forma que você fica roendo as unhas querendo a continuação. São muitas questões e mistérios a serem resolvidos. Espero que lancem ainda este ano o segundo volume. Mais um favoritado do ano! Quem puder, leia, pois vale muito a experiência.
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Fabih 29/01/2020

SENSACIONAL
Sensacional é a palavra! Você acaba tendo pena de ler, olhar as ilustrações, se enfiar de cabeça nessa obra, pq qdo ela termina bate uma ressaca, bate aquela pergunta : e agora o que eu vou fazer da minha vida???!
Reler? ir morar dentro dela? Sair em busca de outra??
E se não achar nada compatível, e se a ressaca nunca passar, foi assim que eu me senti é assim que eu me sinto, até vir o segundo livro acho que vou viver assim, EXAGERO? Parceria paga? Nada disso, essa obra é simplesmente e tão unicamente sensacional. Apenas leiam. Bj me telefona =P
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Lusia.Nicolino 09/01/2020

Cada rabisco é um sentimento profundo
Qualquer coisa que eu escreva sobre essa Obra será menor do que ela realmente é.
Vamos encontrar, na Chicago dos anos 60, o burburinho político e cultural dos grandes acontecimentos e as feridas de um passado nem tão distante assim, na janela dos olhos de Karen.
Karen Reyes, de 10 anos, vive num apartamento porão com sua reduzida família de mãe e irmão. Louca por histórias de terror, rabisca seu caderno com esferográfica e vai desenhando sua história onde ela mesma é a personagem – a monstra lobismoça!
E é também a detetive que investiga a morte da vizinha, que não se resolve nesse volume! Será preciso esperar pelo volume 2 – e vale cada segundo de espera.

Uma obra fascinante, rabiscada como se fosse um caderno, entre cores sóbrias e de repente coloridas, um livro grande, pesado, mas que você vai devorar.
São mais de 400 páginas em que os personagens – saídos da esferográfica em forma de quadrinhos – nos leva a revisitar os horrores do holocausto, o abandono das famílias, a repulsa velada e descarada dos que ousam imigrar. Pelo olhar da nossa “monstrinha”, cada rabisco é um sentimento profundo, de dor, de amor, de sobrevivência.

Quote: “Se Deus existe, amar as pessoas que não merecem é o trabalho dele”

site: https://www.facebook.com/lunicolinole
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17/12/2019

Nunca demorei tanto lendo uma HQ. É tanta coisa acontecendo que nem sei por onde começar. A história parece simples no começo, mas vai ficando complexa rapidamente.

Aparentemente é sobre uma menina e sua paixão por monstros - e museus -, mas logo passa para uma história de detetive, com pinceladas de crítica social e até um flashback envolvendo o período nazista – por sinal, a última coisa que achei que fosse encontrar aqui. Tudo isso é muito bem amarrado e é bem legal acompanhar tamanha criatividade.

Mas o destaque é definitivamente a arte. Realmente sentimos que estamos folheando o caderno da protagonista, e quando levamos em conta que tudo foi feito com caneta BIC e marcador de texto, é no mínimo impressionante.

Ansiosa pelo volume dois!
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steph (@devaneiosdepapel) 10/10/2019

Minha Coisa Favorita é Monstro
Desde que vi a capa dessa HQ, fiquei encantada. A capa tem uma ilustração lindíssima da autora, Emil Ferris, e é claro que o conteúdo não poderia diferir disso. Com uma história rica e fascinante, Minha coisa favorita é monstro foi uma experiência totalmente diferente de tudo o que eu já li.

A protagonista, Karen, é uma narradora encantadora; uma criança bastante madura que precisa lidar com diversos problemas durante a história, dos mais simples aos mais duros e complexos. Eu adorei seu jeito sonhador e suas frases de impacto; ela soa sábia sem parecer inverossímil, pois é uma garota que precisou crescer muito cedo.

Quanto aos outros personagens, todos são repletos de características marcantes e falhas. Emil soube criar pessoas reais, tridimensionais, que nem sempre tomam as melhores decisões mas que nos fazem sentir bastante empatia.

O enredo é bem diferente e passeia entre diversos gêneros, como terror, suspense policial e ficção histórica. Inclusive, os trechos que se passam na Segunda Guerra Mundial me encantaram, foi algo inesperado e muito bem elaborado pela autora. Cheguei a me emocionar em algumas dessas partes.

Acho que nem é preciso falar muito sobre a arte da HQ. Os traços de Ferris são lindíssimos e eu nem consigo mensurar o tempo que ela levava para desenhar cada página, principalmente com suas dificuldades motoras. É um trabalho de encher os olhos, e a obra certamente vale o preço elevado.

Fica a minha indicação para leitores de quadrinhos experientes ou não. Minha Coisa Favorita é Monstro é uma história completa, que aborda temas importantes e pesados com a visão de uma menina esperta, curiosa e sonhadora. Um prato cheio para os amantes de enredos de tirar o fôlego!

site: http://www.dear-book.net/2019/06/resenha-minha-coisa-favorita-e-monstro.html
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Nikolle - Paradise Books 03/10/2019

Não tava dando nada pra HQ e me surpreendi
Minha Coisa Favorita é Monstro se passa no cenário político, e caótico de Chicago nos anos 60, onde vamos acompanhar Karen Reyes, uma garota de 10 anos de idade, que como escape da sua realidade, adora desenhar em seu diário uma versão de si mesma metade humana, metade loba, em suas aventuras como detetive, tentando desvendar o misterioso assassinato de sua vizinha do andar de cima. Além de sua ótima versão detetive, conhecemos o cotidiano de Karen, seu drama familiar, os segredos que sua mãe e irmão guardam, suas dificuldades na escola, e o medo de se abrir sobre quem realmente é, sem saber se teria a aceitação da sociedade, sua família e amigos. A coisa que Karen mais ama são monstros, e o seu maior desejo é se tornar um, pois assim todos os seus problemas desapareceriam, e sua vida seria bem melhor.

Visitar a brilhante imaginação de Karen foi uma ótima experiência, eu fiquei apaixonada pelos desenhos e o nivel de detalhes que a autora, Emil Ferris, consegue passar com seus traços feitos com caneta esferográfica. Minhas partes favoritas são as capas das revistas de terror que a personagem gosta de fazer, e seus passeios pelo museu de arte, o modo como foram refeitos os quadros famosos no estilo Emil Ferris, deixa tudo mais deslumbrante. Enfim, temos uma HQ completa, com mistérios, desenhos magníficos, e uma imersão profunda na mente de uma garota de dez anos, que enxerga o mundo diferente de todos. Fiquei bem curiosa pelo segundo vol, e quero saber como será o desfecho da história.
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Delirium Nerd 17/08/2019

O terror político de Emil Ferris: o perigo de ser mulher e imigrante
Falar sobre “Minha Coisa Favorita é Monstro“, lançado pelo selo Quadrinhos na Cia (Companhia das Letras), é falar sobre a arte em suas mais diversas formas e funções sociais, ainda mais se tratando das qualidades literária e gráfica que a autora norte-americana, Emil Ferris, dispôs em sua obra de estreia; sendo parcialmente biográfico, o premiado quadrinho foi elogiado por autores importantes como Alison Bechdel (“Fun Home“) e Art Spiegelman (“Maus”) e serve como mais um exemplo de que mulheres podem criar histórias magistrais na nona arte.

Ao longo da vida, Emil Ferris teve inúmeras profissões, mas era nos desenhos que ela se encontrava. Filha dos artistas Eleanor Spiess-Ferris e Mike Ferris, Emil sempre teve contato com as artes, por parte da mãe, que era pintora surrealista, e do pai, que criava quadrinhos pornográficos inspirados em personagens famosos; isto fez com que ela buscasse aprimorar seus próprios conhecimentos e viesse a trabalhar como freelancer.

A vida de Emil mudou drasticamente quando, em 2001, aos 40 anos, foi picada pelo mosquito culex e contraiu a Febre do Nilo Ocidental, doença que atingiu seu sistema nervoso central, causando encefalite, meningite e febres altas que acarretavam em constantes quadros de delírio. Além disto, Emil teve os membros inferiores paralisados e também a mão direita e, até hoje, mesmo após anos de fisioterapia, a saúde de Emil requer cuidados.

Foi no processo de recuperação que a autora começou a desenhar e roteirizar “Minha Coisa Favorita é Monstro“, quadrinho que levou seis anos para ser concluído e, após concluído, enfrentou muitas rejeições por parte de editoras. A finalização de seu trabalho foi uma forma de vencer as limitações impostas pela doença e, de várias formas, uma maneira da autora se reconectar com aquilo que sempre lhe fora precioso: a arte.

Assim como sua criadora, Karen, a protagonista de “Minha Coisa Favorita é Monstra” nasceu em Chicago e conhece muito sobre os lugares e as pessoas da cidade. Ao longo de seus 10 anos, a garota coleciona histórias criadas dentro de uma mente imaginativa, apaixonada por monstros como a própria Emil Ferris, que, desde pequena, apreciava filmes B como “Drácula” e “Frankenstein“. A paixão pelo sobrenatural e suas particularidades fazem com que Karen se enxergue como uma “lobismoça” e é esta identidade que a autora mantém por toda a obra para que conheçamos o mundo dela e das pessoas que nele vivem.

Karen mora com a mãe e o irmão mais velho, Dezê, em um prédio e um dia recebe a notícia de que a vizinha Anka, pela qual tinha tanto apreço, morrera com um tiro no peito e a cena apresentava elementos contraditórios e misteriosos: este é o pontapé para que Karen assuma o papel de detetive e passe a investigar quem – ou o quê – esteve envolvido na morte de sua amiga.

Ambientado em 1968, o quadrinho retrata uma Chicago marcada por um clima pesado, repleta de pessoas intolerantes e violentas, as quais Karen denomina de T.U.R.B.A, aqueles que querem a qualquer custo machucar e padronizar quem é diferente dos demais, como a própria protagonista. O interessante em “Minha Coisa Favorita é Monstro” é que, em momento algum, Karen tenta se enquadrar no padrão imposto pela sociedade, tanto que adota a persona de lobismoça com muito orgulho e não esconde isso de ninguém.

É incrível como Emil Ferris nos apresenta um roteiro original e nos brinda com a aparição de mulheres diferentes entre si, porém ligadas por uma força sem igual, ao iniciar por Karen, que mesmo tão nova precisa lidar com o bullying na escola por ter a aparência e gostos diferentes. Neste ponto, a autora também se conecta à sua personagem, por precisar utilizar suas peculiaridades ao seu favor na fase escolar para não se sentir sozinha; as duas também se conectam quanto à sexualidade, uma vez que tanto Karen quanto Emil são bissexuais.

Em determinada passagem, Karen visita um cemitério, encontra um túmulo e conversa com o fantasma de Kate Warne, a primeira detetive dos Estados Unidos. A representatividade e o sentimento de conexão entra as duas é imediato, uma vez que Kate também usava roupas masculinas para exercer seu trabalho. A mãe solo de Karen é outra personagem que, para além da superproteção que nutre pelos filhos, precisa enfrentar os obstáculos que a vida lhe impõe sem desanimar Karen e Dezê. É uma personagem leve, engraçada e dona de um amor e compreensão incondicionais.

Anka é uma das personagens mais instigantes da trama, pois além de boa parte da história girar em torno de sua morte, Karen também investiga seu passado e quais acontecimentos poderiam estar ligados ao trágico incidente. Nascida em Berlim, em 1920, ela cresceu em um bordel por conta da mãe, que tornou-se prostituta para oferecer melhores condições de vida à filha, devido à precária situação em que a população alemã se encontrava na época.

Junto à Sonja, a cozinheira do bordel, Anka encontrou uma válvula de escape para a condição de abusos psicológicos que tanto ela e a mãe sofriam; a mulher lhe contava inúmeras histórias e nota-se no desenvolver da personagem o quanto a mitologia e os contos faziam parte de sua personalidade e a ajudavam a escapar dos horrores da realidade em que vivera, passando pelo holocausto até sua chegada aos Estados Unidos, já adulta.

A arte está presente em cada quadro da obra de Emil Ferris: de citações de estreias de filmes da época no cinema local, como “Planeta dos Macacos” (1968, Franklin J. Schaffner), à exposições de arte no museu da cidade, Karen fala sobre as obras que admira e sobre o que a move como uma pequena artista. A vontade de ser desenhista profissional vem do irmão, Dezê, outra representatividade forte para a protagonista. Ele ensina à ela técnicas de desenho e também a leva para ver quadros famosos e, em uma cena comovente em que os dois visitam o Instituto de Arte, Karen literalmente mergulha nas obras, as analisa e de forma sinestésica, aproveita e absorve cada aspecto daquelas que mais lhe chamam a atenção.

A forma como Emil Ferris nos conta sobre seus conhecimentos e paixões pelos olhos da garotinha curiosa que Karen é, transforma cada página de “Minha Coisa Favorita é Monstro” em uma experiência extremamente catártica e as referências culturais são uma grata surpresa para quem gosta dos temas apresentados.

“Minha Coisa Favorita é Monstro” não é sobre luzes que piscam misteriosamente, uivos que congelam a espinha ou correntes sendo arrastadas no silêncio da madrugada; os terrores, aqui, são muito reais – doenças graves, amores não correspondidos, violências físicas, psicológicas e sexuais, racismo, a falta que se sente de um ente querido e a constante insistência em ter sua personalidade sufocada ganham status do horror que realmente representam na vida das pessoas e assustam muito mais, justamente por estarem ao alcance de muitos de nós.

Os fantasmas são os eventos e as pessoas do passado que, vez ou outra, voltam para assombrar quem resiste no presente. Os monstros são uma sociedade doente e decadente, sedenta pela carne de meninas inocentes, e os vampiros se arrastam a sugar, noite e dia, a vitalidade de quem, assim como Karen e Anka, quer existir sem amarras. O terror social e político de Emil Ferris assemelha-se em vários pontos ao de Mariana Enriquez, escritora argentina confirmada na Flip de 2019, pois as mazelas da sociedade são vistas por um viés grotesco e assustam por serem facilmente reconhecíveis e palpáveis. Karen, com tão pouca idade, nos mostra a fragilidade que há dentro de muitas pessoas e a maldade corrosiva que alcança tantas outras.

Antes de tudo, a obra é uma metaficção e surpreende por não se parecer com nada visto antes na história dos quadrinhos. Em primeiro lugar, ela foi estruturada em forma de diário e, assim como uma garota de 10 anos manteria seus mais secretos pensamentos dispostos nas páginas de um caderno, Emil escreve de diversos jeitos e em diversas direções e isto faz com que a obra se torne interativa. Em segundo lugar, as folhas são pautadas e o texto é disposto nas linhas e também dentro de balões.

Continua no link abaixo!

site: https://deliriumnerd.com/2019/05/20/minha-coisa-favorita-e-monstro-emil-ferris-resenha/
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Douglas MCT 14/08/2019

Desde já um dos maiores clássicos dos quadrinhos, ao lado de Watchmen, Maus e O Cavaleiro das Trevas
Não existe nada igual a essa graphic novel. Nada. Minha Coisa Favorita é Monstro é história em quadrinho. É literatura. É pintura clássica. É cinema e música e escultura. As 11 artes em uma só, num tributo formidável ao horror clássico, de alguém que conhece como pouco os monstros fantásticos (e os da vida real também), prestando ainda homenagens e referências para obras de arte famosas, as mitologias, as lendas locais, tratando de política e de História, de uma maneira natural, crua e cínica, mas sem abandonar a sensibilidade.

A história se passa em Chicago no final dos anos 60 e é narrada por Karen Reyes, uma menina de dez anos, fanática por histórias de terror, registrando tudo em um diário, feito com canetas esferográficas (na trama e na produção real do quadrinho, por Ferris). Cada folha tem linhas e buraquinhos típicos de um caderno mesmo. Se representando como um “lobismoça”, a protagonista encontra paralelos entre vizinhos e outras pessoas com os monstros clássicos (por isso vemos versões da criatura de Frankenstein, do Drácula, do Monstro da Lagoa Negra, de Mr. Hyde, entre tantos outros), que a fascinam. Por isso, ela lida tudo com bastante naturalidade. Ao contrário das verdadeiras abominações que ela acaba presenciando na vida real, como o assassinato de sua vizinha, o que serve de gatilho para o começo e desenvolvimento do enredo, que ainda aborda relações abusivas (em todas suas vertentes), bullying, racismo e homossexualidade, tudo embalado em uma velha e boa história de mistério e crime, com a mais pura nata do terror clássico de monstros, sendo várias histórias em uma.

Emil Ferris é uma artista de mão cheia, sem igual. Além do roteiro atípico e bem escrito, ela entrega páginas espetaculares, sem jamais manter um padrão ou um template. Com uma arte repleta de hachuras e “defeitos”, ela mostra personagens com visuais diferentes, tal qual são os humanos na vida real. Quando você acha que ela pode ter cometido qualquer erro no traço, logo ela mostra uma firmeza na página seguinte, com um retrato fiel e realista de uma pessoa, ou de um afresco famoso, retratado formidavelmente por aqui. E nessa inconstância proposital, Ferris nos leva pelo colosso que é este primeiro volume de seu quadrinho. As páginas são pequenas obras-primas, que não devem ser passadas com velocidade, merecem atenção e uma pausa antes da próxima folheada. Cada página e desenho trás uma surpresa ou informação escondida, seja crucial ou curiosidade, nada passa batido no trabalho minucioso da autora – que inclusive guarda uma história tão impressionante quanto a que está narrando. Durante a produção desta graphic novel, Emil Ferris contraiu uma infecção do vírus do Nilo e ficou paralisada da cintura para baixo, perdendo a fala e os movimentos do braço direito por um longo período. Assim, foram cinco anos até que ela concluísse as mais de 400 páginas do gibi.

Sagaz em sua narrativa, a autora constrói a história principal e as de escanteio sem pressa e com um desenvolvimento preciso, levando o leitor próximo de revelar ou desvendar algo, para logo em seguida mudar o rumo e foco, em outro personagem, em outro contexto. Tudo se agrega ao fio principal, no sentido conceitual, sem gratuidade. Sabendo deixar as pontas soltas, Ferris intriga o público justamente quando escolhe o momento certo para puxá-las de novo, assim, nos levando junto até onde quer chegar, em um enredo improvável e nada clichê, subvertendo vários gêneros por onde caminha, enquanto nos encanta e nos assombra, com a realidade de alguns naquelas páginas, que certamente foi a realidade de muitos naquele período. Outro ponto positivo da HQ, está na autora usar de uma criança como protagonista, afinal, mesmo que esperta e com conhecimentos culturais que a favoreçam para desenvolver melhor os rumos da coisa, ela ainda é carregada de inocência e ingenuidade, que gradualmente vão sendo corrompidos com histórias de imigrantes judeus fugindo da Alemanha, de mortes próximas e de um mistério complicadíssimo envolvendo seu irmão, outra grande figura da trama.

A edição da Quadrinhos na Cia é suntuosa e respeita o material original em toda sua proposta, com um trabalho meticuloso de Américo Freiria no letreiramento, que recompôs tudo que Ferris fez, na adaptação dos textos para o português.

Esqueça os rótulos e as modinhas do momento. Minha Coisa Favorita é Monstro é um dos maiores quadrinhos de todos os tempos e vai te levar para uma história inesquecível. Quando terminar a leitura, você não será mais o mesmo.
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Paulo 10/07/2019

A autora e artista desta HQ possui uma história muito especial. Emil Ferris atuou como desenhista industrial por muitos anos e a gente já se deparou com muitas de suas ilustrações nas bandejas do McDonald's. A virada na sua carreira começou de uma forma trágica: em 2007, ela foi picada por um mosquito e contraiu uma doença chamada Febre do Nilo. Ficando três semanas em coma, ela foi um dos raros casos desta doença em que a pessoa acaba ficando com paralisia nos membros. O trabalho com a HQ foi parte de sua terapia e a dificuldade dela para desenhar é muito grande até os dias de hoje. Só isso já demonstra o valor deste quadrinho que recebeu elogios até do grande Art Spiegelmann, autor de Maus.

Mas, se não fosse só essa incrível jornada da autora, o quadrinho em si é muito experimental. Ele é completamente feito com caneta Bic e canetinha. O leitor tem aquele estranhamento inicial, mas em pouco tempo a sensação é de incredulidade. É o quanto a Emil conseguiu retirar de instrumentos tão simples. Não só isso: ela abusa dos quadros e ilustrações e, acreditem, tem até mesmo splash pages. Imaginem: folha de caderno, caneta e canetinha. E a autora conseguiu produzir algo absurdo. A concepção veio da própria protagonista que é uma garota pobre que vive em uma Chicago em anos de muita criminalidade, violência e preconceito. O quadrinho seria uma emulação do diário da Karen, com seus pensamentos e reflexões sobre o mundo que a cerca.

"Eu vou achar um monstro, vou deixar ele me morder e trago ele aqui pra morder você e o Dezê e a gente vai viver juntos... Eu prometo."

Ainda no quesito arte é deslumbrante quando a Emil desenha a caneta Bic algumas obras de arte famosas. Tem Seurat, Delacroix, Velasquez e muitos outros. Novamente fiquei com aquela expressão de "é possível fazer isso com uma caneta?". Os cenários atendem aos desejos da artista: ora são super detalhados mostrando vários personagens ou situações na página; ora são estilizados tentando passar um sentimento. Os personagens conseguem também ser muito expressivos e transmiti-los para nós. Pouco a pouco vamos nos acostumando com as características de cada um e passamos a entender quando ele ou ela entra ou sai de cena. Inclusive tem um personagem lá pelo terço final que a gente imagina ser um personagem real, mas logo entendemos que não. Ou seja, a arte serve também para ajudar a movimentar a narrativa.

Grande parte da narrativa se passa com a família da Karen e sua vivência no cotidiano. Eles moram em uma vizinhança pobre e possuem poucos recursos. Uma vida difícil, mas obrigou a todos serem muito unidos. A relação entre o Dezê e a Karen é muito bonita. Dezê é alguém que também tem uma veia artística e um espírito crítico. As conversas entre os irmãos são muito profundas: seja uma questão sobre a violência, sobre preconceito, sobre a sexualidade. Acompanhamos as relações no prédio onde eles vivem, no bairro e até um pouco da realidade da escola de Karen. Algo que fica claro logo de partida é que Karen se desenha como monstro. Isso reflete o quanto a sua auto-estima é baixa, sendo que ela sofre bullying na escola.

Um dos acontecimentos que afeta a família a longo prazo é a descoberta que a mãe de Karen está em estado terminal. Isso afeta toda a dinâmica da família. Vemos que a revelação é um choque para os dois filhos, mas no começo isto não impacta de forma decisiva os sentimentos de todos. Pouco a pouco isso vai afetando a todos. Os sentimentos de desespero e impotência vão marcando principalmente Dezê que age quase como uma figura paterna para todos. Essa impotência vai marcando os personagens: em Karen isso é mais sutil e a vemos em busca de si mesma em um mundo que não a aceita; já em Dezê esse sentimento é mais primal, e vamos vendo as mudanças em sua forma de agir.

Dezê é um personagem muito, mas muito complexo. E Emil Ferris vai retirando cada uma de suas camadas, como se fosse uma cebola até chegar ao final avassalador. Vamos vendo no início um personagem que é uma espécie de Don Juan e mulherengo. Se envolve com as mulheres sem muito esforço e não se apega a nenhuma delas. Alguns dos casos amorosos são cômicos. A partir de um determinado momento, Karen nos mostra o irmão mais velho. Aquele que ela confia, que apresenta o mundo a ela, que mostra a importância da arte. Essa relação de parceria é importante para ela já que seu irmão é uma pessoa a quem ela pode se mostrar sem inibições. Temos também o Dezê que se envolveu com Anka e essa relação passa por um aspecto carnal e amoroso. A perda de Anka também afeta Dezê, embora isso não fique bem claro para nós. Mais para o final temos o lado obscuro do personagem quando o seu desespero e sua violência transparecem diante de uma situação que ele não sabe como lidar.

Um dos motores narrativos é o gosto da protagonista por filmes de terror. Sempre lembrando que os gostos de Karen refletem bastante a época em que ela vive: a década de 60. Portanto, os filmes se assemelham mais aos pulps do que aos filmes que ficarão famosos nas décadas seguintes. Então ela tem uma visão romantizada de um Drácula que lembra muito Béla Lugosi, ou de um lobisomem que gosta de uivar para a lua e estar com a sua matilha. Chega a ser inocente o fato de ela buscar se transformar em monstro apenas para deixar sua família imortal e viver com eles para sempre. Inocente e bonito. Claro que esse amor pelo terror vai afetar a maneira como ela enxerga o mundo. Algumas pessoas são desenhadas como monstros enquanto outros são pessoas idealizadas, como Anka que parece uma pin-up de cinema.
"[...] Enquanto eu pendurava minha capa de detetive com os outros casacos, lembrei que esperei a Missy dormir. Eu disse: "Você é linda", e aí... Eu acho que era sério, porque era ela dormindo, não acordada..."
Outra descoberta sobre si que a personagem faz é seu amor por mulheres. Ela se descobre apaixonada por Missy, sua colega de escola com quem ela compartilha seus gostos. Mas, ela vai resistindo a isso ao longo da narrativa porque não consegue entender seus próprios sentimentos. Somente quando ela perde o contato com Missy é que ela vai sentindo a perda de uma parte de si mesma. Isso "ativa" a sua percepção até que ela vai aceitar seus sentimentos muito tempo depois. Dezê expressa o seu sentimento de apreensão frente às dificuldades que sua pequena irmã vai passar com o preconceito das pessoas. Estamos falando de uma outra época, com outra mentalidade.

O mistério da morte de Anka vai se revelar depois em uma baita narrativa sobre a origem da personagem. Até fica aqui o meu alerta de gatilho porque envolve sexo, prostituição e pedofilia. A gente vê o que acontecia em uma Berlim prestes a entrar na Segunda Guerra Mundial. Anka sofria com o abandono e desde cedo habitava uma casa de prostituição. Ela teve uma criação difícil, embora sua preceptora fosse uma mulher culta que ensinou muito a ela. Vai ser graças a essa inteligência formada desde cedo que ela vai conseguir se livrar de algumas situações muito difíceis. Os momentos em que ela vai passar com Schultz são tenebrosos e a Emil nem precisa ser tão clara para entendermos o que está acontecendo. Depois vamos ver o que acontece a judeus e judias durante a perseguição dos nazistas.

O leitor ainda não consegue entender o que aconteceu exatamente. Isso porque a narrativa da Emil é bem compassada e progressiva. É aquele tipo de narrativa que você só vai entender muito à frente quando juntar todas as peças. Até mesmo porque a HQ conta com muitos subplots que ajudam a desenvolver todo o círculo de personagens ao redor de Karen. Quando chegarmos por volta da página 300 já estaremos íntimos de todos os personagens. E é aí que a autora apronta alguma. Essa profundidade e precisão narrativa (ela sabe de onde partiu e aonde quer chegar) é brilhante.

Certamente eu estou diante de um dos meus quadrinhos favoritos do ano. Não se deixem afastar pelo preço de capa. É um trabalho primoroso que levou anos para ficar pronto. Até acho o preço justificado por todo o sistema de impressão (que parece fac símile) e o cuidado em manter o máximo possível a arte da Emil. Talvez em outra época não seria possível fazer justiça a esse estilo de vanguarda da artista. O final me deixou maluco porque terminou com uma revelação incrível. Em setembro sai a continuação nos EUA e já quero que a Companhia das Letras traga o quanto antes para nós.

site: www.ficcoeshumanas.com.br
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C. Aguiar 09/06/2019

O quadrinho conta a história de Karen, uma garotinha completamente viciada em histórias de terror/monstros. Sua vizinha Anka acaba morrendo em circunstâncias misteriosas e Karen decide desvendar esse mistério. ⁣
Karen tem apenas 10 anos de idade, e diferente das garotinhas da sua idade ela não gosta de bonecas ou bandas famosas, ela gosta de terror e acredita ser uma jovem lobismoça. Existe um motivo para ela ansiar por ser um monstro; monstros não sofrem com determinadas situações ou são agredidos, monstros conseguem se proteger e manter suas famílias em segurança.

Nessa história é possível ver a narrativa pelo olhos de Karen através de seu diário onde ela desenha monstros e as coisas que acontecem em seu cotidiano. Vemos a sociedade e as pessoas que a rodeiam, em alguns momentos os fatos são narrados com inocência, mas o leitor consegue perceber a brutalidade da situação.
Conhecemos um pouco mais sobre a história de Anka e diversos personagens vão surgindo durante o decorrer da leitura. Inclusive temos algumas histórias paralelas a morte de Anka, o quadrinho aborda guerra, sexualidade, nazismo, preconceito e etc. Foi realmente uma leitura surpreendente porque eu não imaginava que tocaria em assuntos tão sensíveis.

Karen terá que lidar com muitas coisas com o passar o tempo, segredos familiares e descobertas sobre si que farão com que sua vida mude bruscamente. Ela é deslocada, solitária e terá de aprender as coisas do modo mais difícil.
Estou muito curiosa para saber como ela irá lidar com o que segredo que seu irmão está mantendo, apesar de ter ficado em dúvida em alguns momentos sobre o que dê fato o irmão dela está mantendo em segredo.

Todo o quadrinho foi desenhado com canetas esferográficas e é possível no decorrer da leitura ver algumas capas das revistas de monstros que a personagem gosta de ler.
Essa é uma leitura que tem que ser feita com calma, pois devido a grande quantidade de detalhes visuais e metáforas, é possível que você perca algo importante caso se apresse. Por isso aproveite a leitura sem pressa, aprecie as ilustrações e mergulhe em todos os mistérios que envolvem esse quadrinho!
O trabalho de diagramação dessa obra está espetacular e não conseguir ficar sem tirar diversas fotos. E se você gosta de quadrinhos, esse com certeza é um excelente exemplar para ter em sua coleção. Então vale a pena o investimento!

site: http://www.seguindoocoelhobrancoo.com.br/ ou https://www.instagram.com/coelhoobrancoo/
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leonel 26/05/2019

Historinha mongol cheia de forçada pra tentar sentimentalismo e dezenas de textões mimizentos por página. Os desenhos são legais, ao menos.
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Gabe | @cafecomgabe 21/05/2019

"Acho que a diferença é essa: O monstro bom as vezes dá um susto em alguém por causa das presas, da aparência.. fica além do controle deles. Já o monstro ruim só quer saber de controlar, quer que o mundo inteiro fique assustado para que os monstros ruins mandem em tudo."

Karen Reyes é uma garotinha de 10 anos fascinada por desenhos e histórias/filmes de terror, ela se desenha como uma mistura de mulher e loba e através de várias revistinhas ela vai nos contar uma história. Tudo começa quando há o assassinato de uma vizinha querida que intriga a todos e nossa jovem Karen decide que será a detetive desse grande mistério, pintando toda a história através de seus olhos.

Muitos aspectos rondam essa trama.. mistérios, dramas familiares, suspense psicológico e uma dose muito boa de crítica social. Dividido em revistinhas como falei, Karen vai narrar diversos pontos da história, suas descobertas, evidências curiosas, relatórios sobre suspeitos e muitas intrigas enquanto mescla tudo com um cenário político caótico dos anos 60.

Dando um ar totalmente vintage e rebuscado, Emil Ferris traz um quadrinho inteiramente feito em rabiscos de caneta em folha pautada, dando um aspecto colegial e ao mesmo tempo intimo a toda a narrativa, quase um diário pessoal.

De início tive um pouco de dificuldade com o formato do livro, o leitor precisa se ater a muitos detalhes, justamente como falei, por se tratar de algo que se assemelha a um diário, os relatos e desenhos as vezes ficam soltos nas páginas fazendo o leitor ter que virar o livro, ler de lado, ler nas margens e etc.. mas após eu me acostumar com isso li de uma só vez pois é impossível largar a história até a conclusão do mistério.

Sendo vendido como um dos quadrinhos mais impactantes desde "Maus" e levado 3 prêmios Eisner (Oscar dos quadrinhos), Minha Coisa Favorita é Monstro caminha em diversos terrenos, levantando discussões sobre homofobia, intolerância, abusos, preconceito racial.. com personagens fortes e bem construídos que vão nos fazer roer os dedos inteiros pra desvendar seus passados e suas relações com o grande mistério do livro. A jovem Karen terá que ser forte em meio a tantas descobertas sobre si e sobre a vida.
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Ana 13/05/2019

Tive uma surpresa quando recebi o quadrinho Minha Coisa Favorita é Monstro. Primeiro que eu não imaginava que ele fosse tão grande — sério, acho que é maior que um caderno — e segundo porque eu fiquei realmente impressionada com a beleza dele. O livro é um diário de uma criança que ama monstros e história de terror, e tudo é feio em caneta esferográfica. O mais interessante é que a protagonista, Karen, se desenha com uma lobismoça, enquanto a família e a maioria das pessoas ao seu redor são representados como humanos.

Mas enfim, o que vocês precisam saber é que existem várias histórias dentro de Minha Coisa Favorita é Monstro. Além da vida e dos pensamentos mais íntimos da Karen, que ela desenha com todos os detalhes possíveis, conhecemos a história dos outros personagens através dos olhos dela. Em primeiro lugar, temos a família dela, composta pela mãe e pelo irmão mais velho — cujo passado é cheio de mistérios que a gente fica louco para descobrir. Depois, o livro passa a ter uma outra cara quando a vizinha de Karen, Anka, é encontrada morta em seu apartamento.

Os policiais que cuidaram do caso juraram de pés juntos que Anka se matou, já que não foi encontrado nenhum sinal de invasão, mas Karen tem certeza que sua amiga foi assassinada — não só porque não encontraram a arma do crime, mas porque a menina sabe de uma coisa que mais ninguém sabe. Além do mais, Anka era judia e, aparentemente, também tinha vários segredos. A partir daí, somos inseridos em mais uma história, que narra o passado de Anka e nos dá esperança de entender o que realmente aconteceu com ela.

No meio desse bolo de informações, Emil Ferris ainda consegue inserir de forma magistral, sempre através dos olhos de Karen, a história de vários personagens secundários: a de um amigo que é negro e sofre bastante com todo o preconceito — que ainda é muito forte na atualidade e era ainda pior na época em que o quadrinho se passa; a de uma amiga muito próxima do colégio que não é que ela é de verdade; a de uma outra amiga que além de ser muito pobre, não é enxergada por mais ninguém além da própria Karen... E assim acompanhamos uma obra intrincada, mas extremamente bela.

Eu fiquei encantada pela Karen. Apesar de se esconder sob a aparência de um monstro, ela é com certeza a personagem mais bondosa de Minha Coisa Favorita é Monstro. Apesar de ter apenas dez anos, é muito inteligente e curiosa, e carrega uma inocência que acaba machucando a gente. Por exemplo, em determinado momento da história sobre o passado de Anka, em que os horrores da Segunda Guerra Mundial são explanados — as capturas, os guetos e campos de concentração, todas as mortes —, é nítido que para a protagonista são informações abstratas, e isso mexe com a gente justamente porque sabemos que foi algo muito horrível.

Minha Coisa Favorita é Monstro é, de um modo geral, emocionante demais. A única coisinha que me deixou muito bolada foi o final, que é tão aberto, confuso e frustrante que eu tive vontade de jogar o livro na parede. Eu já estava pensando em fazer um textão reclamando quando eu descobri que a obra original foi dividida em dois volumes — desculpem o chilique —, então eu mal posso esperar para dar continuidade às essas várias tramas que me trouxeram sensações inimagináveis. Ah, resolvi não colocar fotos da obra nessa resenha para que você sejam surpreendidos também. ;)
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@biaentreleituras 08/05/2019

Karen é uma menina de dez anos que adora tudo relacionado a monstros e seu irmão Dezê alimenta seu vício com quadrinhos, seu irmão também é o responsável pelo gosto por artes, ele sempre a leva a museus e eles admiram os quadros com minuciosidade, Karen até mesmo (com sua mente fértil) consegue sentir o cheiro dos quadros, imagina as cenas em tempo real e como se estivesse participando também.

Karen adora desenhar e em seu caderno ela relata detalhes de sua vida e assim podemos acompanhar questões importantes que acontecem tanto com ela quanto com outras pessoas. Karen sofre na escola por ser diferente, os alunos são cruéis, mas ela não se deixa abater. Ela queria mesmo é ser um monstro, tanto que em seu caderno Karen se desenha como uma lobismoça e se imagina assim também.

A vida da Karen em poucos dias vai virar de cabeça para baixo, começando com a morte de sua vizinha, Anka, passando por descobertas sobre o passado de seu irmão e terminando algo assustador que está acontecendo com a sua mãe. Karen sempre gostou muito de Anka, mas não fazia ideia que sua querida vizinha já tivesse sofrido tanto. Com a morte dela, Karen se veste de detetive e começa a investigar. A polícia diz que foi suicídio, mas a pessoa que supostamente atira em seu coração não iria - depois de morta - para a cama e se cobriria, nem limparia o sangue e nem sumiria com a arma do crime.

O marido de Anka está muito abalado e certo dia, depois de beber todas, ele chama Karen para mostrar o conteúdo de umas fitas cassete e através das gravações a lobismoça conhece o terrível passado de sua vizinha. Anka foi uma das vítimas do holocausto e as consequências dele em sua vida deixaram marcas eternas. Anka cresceu dentro de um bordel e ali via de tudo, mas nada que a preparou para os anos seguintes.

Anka foi vendida para um homem que mantinha meninas em cativeiro e atendia aos desejos mais sórdidos de seus clientes. Ele chamava seu estabelecimento ilegal de farmácia e as meninas eram os remédios. A inocência de Anka foi destruída ali, foi obrigada a crescer e teve que aprender truques para agradar os “pacientes”. Tempos depois Anka foi parar em um dos trens que levavam judeus para os campos de concentração e o que ela fez para se salvar foi completamente inesperado.

Enquanto desvenda o passado de Anka e tenta descobrir o que aconteceu com ela Karen se vê diante de uma situação que a deixa apavorada, o terror da vida real, e quando acontece o que ela temia Karen vai ter que aprender a lidar com a vida dali em diante. Ao mesmo tempo, todos os segredos do irmão vêm à tona e ela tem uma grande surpresa.
Minha impressão

*Resenha completa lá no blog > http://bit.ly/2Joaqb2

site: http://vocedebemcomaleitura.blogspot.com.br/
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