Guerras Híbridas

Guerras Híbridas Andrew Korybko




Resenhas - Guerras híbridas


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Pablo1930 12/12/2018

Uma nova estratégia geopolítica
"[...] Como foi discutido em todo o livro, a Guerra Híbrida é o novo horizonte da estratégia para troca de regime dos EUA. Ela preserva os EUA dos riscos políticos e militares associados à intervenção direta e é muito mais econômica. Ela usa indiretamente uma miscelânea de grupos por procuração para realizar, por Washington, o que meio milhão de soldados dos EUA podem não ser capazes de conseguir diretamente. Ela é, portanto, extremamente atraente para os tomadores de decisão dos EUA à medida que seu país caminha relutantemente para um mundo multipolar, e a implementação bem-sucedida da Guerra Híbrida em vários palcos de guerra poderia reverter de fato esse processo e restabelecer o momento unipolar por um período de tempo indeterminado. Logo, conclui-se que é do interesse de Estados orientados à multipolaridade dominar sua compreensão acerca da Guerra Híbrida para elaborar com eficiência estratégias com vistas a neutralizar sua aplicação bem-sucedida em todo o supercontinente da Eurásia e prevenir o retorno à unipolaridade."

Trata-se de um estudo altamente documentado sobre a nova estratégia norte-americana na complexa geopolítica do século XXI. O conceito de guerra híbrida é a junção de duas táticas para a mudança de regime: as chamadas “revoluções coloridas” e a guerra não convencional.

Tal estratégia não é similar à clássica intervenção militar direta aplicada pelos Estados Unidos em muitos países e regiões do mundo durante o século XX. Ela é mais complexa e efetiva: tem seu cerne na sociedade civil através da incitação à rebelião de determinados grupos étnicos e políticos. Uma estratégia bastante flexível, variável conforme o Estado alvo, e mais eficaz.

Na periferia do sistema internacional do século XXI a tradicional intervenção militar direta é utilizada para a troca de regime, como a intervenção da OTAN na Líbia. No centro do sistema e nos principais países alvos, o recurso para a intervenção é a guerra por procuração, a guerra híbrida.

O autor do estudo, russo, foca suas análises em dois casos emblemáticos da prática da guerra não convencional e da revolução colorida: as guerras da Síria e da Ucrânia, respectivamente. Na Síria, o intuito dos EUA é desestabilizar a região para atingir o Irã; enquanto no leste da Europa a Ucrânia é utilizada e desestabilizada para atingir a influência da Rússia.

Julgo importantíssimo o autor denunciar as ligações internacionais de ONGs e grupos organizados na sociedade civil para a prática das revoluções coloridas. Em nosso país é evidente o papel das ONGs e dos agentes ligados ao capital financeiro internacional no golpe de Estado de 2016. Aliás, o Brasil constitui um dos casos de maior sucesso da guerra híbrida atualmente. Não só a sociedade civil, mas também corporações do Estado – sobretudo o Judiciário – foram utilizadas para mudar o regime, vender as riquezas e a soberania nacionais, além de realinhar o país geopoliticamente sob a órbita do unilateralismo do imperialismo. Aqui, a tática da guerra híbrida utilizada foi sobretudo o “lawfare”. A lava jato é uma farsa.

Os EUA, à medida que a multipolaridade avança, desenvolvem estratégias políticas mais radicais e complexas para manter sua posição e a unipolaridade. O Brasil, como um Estado que buscou uma maior democratização da ordem internacional durante a primeira década do século XXI, foi um dos alvos da guerra híbrida.
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