Gu Henri 21/04/2021
É claro que o livro é polêmico e gera inúmeras teorias, por vezes é mais superficial, pois, se trata de uma teoria que não pode ser provada de todo, já que ela é parte do chamado "deep state", e o que a movimenta são órgãos invisíveis como por exemplo CIA, NSA, Pentágono, etc. Não é de se supor que haja como ter provas concretas de tudo quanto se evidencia.
O livro não é para ditar sobre os espectros políticos ou ideologias políticas como esquerda ou direita, é para além disso, e não quer dizer que quem o leia deva rejeitar a análise marxista ou abandonar o socialismo ou o que quer que seja sua ideologia.
Ter em mente a geopolítica e o tal de mundo multipolarizado, conceito que permeia o imperialismo estadunidense. O termo/conceito imperialismo deixou de estar presente em muito no vocabulário político, principalmente no das esquerdas progressistas e liberais, que viam a democracia liberal como um sistema consolidador de poder trazer progresso e servir de apaziguador dos interesses imperialistas da potência hegemônica global, ou seja, dos EUA.
Outro ponto é que dizem que o livro é um intento pró-Putin, pró-Rússia, pró-China, etc, e que se alinha a teoria do Dugin, da chamada quarta teoria política. Pode ser, pode não ser. Se for isso não invalida que haja sim guerras híbridas sendo travadas por meio de novas tecnologias e com a ideologia de se combater regimes não alinhados dos EUA com um eufemismo de que é "pela democracia" a derrubada de tais regimes e governos. E a tecnologia e os conflitos internos junto com estratégias sociológicas e psicológicas se alinham de uma forma que se tornam armas na mão de quem controla de onde provém a informação. A informação no caso é sinônimo de manipulação.
Não é necessário sequer acreditar ou não que haja interferência externa nos assuntos de todos os países pelas mãos dos EUA, isso é documentado, é reportado, e é parte da história documentada, há documentos oficiais abertos ao público sobre isso que podem ser consultados.
E mesmo não existindo essa tal intervenção (uma hipótese plausível) com a evolução e expansão da tecnologia e das mídias e redes sociais haverá.
O livro trata bem claro de que há uma mudança no cenário global com a ascenção da China e da Rússia e uma cadeia de aliados destas, podemos pensar o BRICS como um órgão destas frente a OTAN (órgão do outro lado para dominação global).
Não é necessário sequer pesquisar muito pra saber que houve uma sabotagem para que o BRICS não fosse à frente. É mais que evidente, não precisamos pensar que a ascensão de governos pró-EUA não é mera coincidência que eles também sejam liberais e conservadores e extremistas (no caso quando chega o momento de realmente precisar da violência fascista), pois, sempre foi a esquerda mais radical que combatia o imperialismo e estava mais a par destas estratégias de nacionalização de recursos naturais, empresas chaves e estratégicas para soberania de uma nação. E caso não fosse a esquerda em si, ou sendo uma esquerda não progressista, ou países que impunham regimes soberanos e controlavam a economia controlando seus recursos naturais, ainda assim isso atravessa a todas estes conceitos de esquerda e direita, pois o que se quer é que a hegemonia do estado mais poderoso do globo permaneça, sendo ou não esquerda, regimes que controlam seus recursos e nacionalizam setores de sua economia e a planificam e tentam ser soberanos são sempre regidos por conceitos chave sobre o que é imperialismo e muito disso provém do socialismo e da análise marxista. Não importanto se o regime for descrito ou não como conservador, como o caso do Irã - que com sua revolução massacrou os comunistas socialistas e progressistas -. O espectro que ele se aloca nesse mundo é o de anti-imperialista (anti-potência hegemônica), mesmo o Irã tendo uma clara intenção imperialista, de potência regional, de emanador de uma doutrina islâmica, etc. É um empecilho para que se perpetue o poder hegemônico global. Por isso, os EUA não pensam duas vezes em também patrocinar movimentos revolucionários marxistas, caso como o dos Curdos, desde que isso seja não para criar o marxismo, mas para criar uma guerra neste local. Por isso os EUA apoiaram até certo ponto o PKK curdo e depois os abandonaram.
Regimes alinhados ou não-alinhados - daí provindo o termo de terceiro-mundo, onde não eram nem pró URSS e nem pró EUA - o que ocorreu na guerra fria. Tudo isto é uma extensão do capitalismo, do imperialismo, da SGM, da guerra-fria. O conflito, enquanto houver quem queira poder e quem queira dominar, sempre existirá.
É claro que manifestações e conflitos étnicos e culturais sempre existiram e existirão, mas há uma estratégia para utilização destes para agitação dentro de um governo por parte de um agente externo. Sempre foi assim, e o conceito de Estado-nação é uma criação recente, o mundo foi fatiado pelas potências imperialistas para permanecer dentro destas possibilidades de utilizar destes conflitos.
O alerta do livro é que há o controle da política por uso da tecnologia permeada em todo nosso cotidiano, ela é uma arma de espionagem. A internet é uma criação para espionagem e isso não é conspiração, é fato.
Claro que nem toda movimentação e proposta de mudança de governo ou revolta pode ser legítima e representar realmente o anceio de um povo ou uma nação frente a um governo orpressor, mas aqui se analisa se isso será ou não cooptado para que a queda deste regime seja boa para os EUA.
Rússia, China, Índia, etc, tem sim interesses e muito de imperialismo dentro de suas políticas, mas há que se pensar sobre que lado estar nisso tudo, sendo submissos aos EUA, que como os regimes da AL ou da África não tiveram muito desenvolvimento, se se pensar como os EUA fizeram para desenvolver algumas potências asiáticas que são parceiras. Ou se é melhor a uma nação o lado não-alinhado aos EUA que seja para seu desenvolvimento, coisa que a China faz em partes oferecendo desenvolvimento de infraestrutura e tecnologia.
Também com a mudança da matriz energética - do petróleo para o lítio - a América Latina se torna algo como o novo Oriente Médio do lítio, Chile, Argentina e Bolívia tem reservas imensas para a produção de lítio para o fabrico de baterias de carros e componentes de energia elétrica. O livro não analisa isso, mas podemos com ele pensar sobre o porquê de regimes e políticos esdruxulos (como Guaidó que nem são de fato eleitos) surgirem quase que no mesmo instante na América Latina, coisas impensáveis no nosso continente/quintal estadunidense acontecendo simultaneamente. Pensar ser coincidência é ser ingênuo demais.
Outro ponto, e o livro não fala disso, mas como nos casos da Síria, Líbia, Iraque, Afeganistão, etc, após sofrerem intervenções militares por parte da OTAN ou dos militares/mercenários estadunidenses, se conclui pela mídia que não conseguiram o que queriam com elas. Mas é claro que o que queriam nunca foi desenvolvimento, mas o oposto, a completa destruição da infraestrutura que poderia tornar este estado soberano e capaz de ser capaz de se auto-defender e oferecer um risco possível no futuro. As incursões militares são isso, a destruição de um país para mantê-lo num estado semi-feudal sem tecnologia e sem soberania sobre ele mesmo, necessitando este estado sempre de uma coalização de forças e ajuda dos próprios algozes. É uma constante, pois, a guerra gera empregos e lucros para os EUA, e sempre será assim, não se trata somente das indústrias bélicas, mas de todas que constroem um país devastado. Tão logo ele possa ser um pária e um problema logo pode de novo lançá-lo de volta à era das cavernas.
Com os conflitos se obtém também vendas de armamentos e isso favorece muitos países, tanto os EUA quanto Rússia, multi ou unipolar ainda a venda de armas é um negócio que gera lucro e movimenta muitas economias. Portanto nem sempre os contra potência hegemônica (EUA) são somente bonzinhos. Não é disso que se trata, mas de estratégia nesse jogo de xadrez global.