Mariana.Vilela 26/01/2023Pride, prejudice, and other flavorsComeço por onde? Bom, sim, eu também li o segundo antes de ler o primeiro. Meros detalhes.
Vamos lá, estava com uma certa expectativa para esse livro porque gostei do outro "Recipe for persuasion". Mas aí o negócio só foi indo laderinha abaixo.
Bom, aqui temos um reconto de Orgulho e preconceito e já adianto que não sou a maior fã de Jane Austen, então não sei avaliar muito bem todas as correlações que essas histórias podem ter. Mas sei as mais óbvias, como: o nome dele, as questões de preconceito, a birra inicial dos dois. Além de algumas citações gerais ao mundo Jane Austen. Não reclamo muito desse aspecto, embora já esteja um pouco saturada de recontos de livros da Jane.
Aqui a gente tem esses dois personagens que se encontram de uma forma ruim: ele está cozinhando na casa da família dela e ela, com fome, entra na cozinha e assume que ele é só um ajudante e não o chefe. Entendo onde a autora quis chegar com isso, mas me pareceu meio forçado a cena toda. Só uma desculpa para eles se odiarem e para, aparentemente, ter a questão do preconceito.
Falando em preconceito...não seria mais interessante, já que temos dois personagens não-brancos na história, de criar algo um pouco além disso? Sim, eu sei que cada um é de uma cultura diferente e que a cultura dela também é racista, mas já que temos essa diversidade cultural, não era mais interessante ir por outro caminho? (Só uma reflexão).
A protagonista tinha muito potencial para crescer. Ela acha que só a profissão dela e o trabalho dela é que são importantes. E isso que causa um pouco da rusga entre eles. E seria muito interessante ver ela evoluir nessa questão, mas a "evolução" dela me pareceu miraculosa (sabe, um dia acorda e muda de opinião? Pois é). Além disso, ela tinha umas questões familiares e seria interessante ver isso também, o evoluir essa relação.
Sobre a família...eles tinham mais espaço para crescer e evoluir do que ela. A irmã teve problemas, o irmão tinham umas questões para resolver com ela, os pais estavam irritados com ela, mas todos eles tiveram mais tempo para resolver as questões do que a própria protagonista.
Aí tem toda uma coisa com o irmão dela e uma ex-amiga dela que afeta a família em vários níveis e aí magicamente essa mulher aparece e resolve se envolver com o protagonista (não romanticamente). Jura? Já tava cheio de coisa acontecendo realmente não precisava de mais uma coisa que resolveu de um jeito meio ok, né?
O protagonista...bom, tirando o fato que ele é um chef, que a irmã dele tá com um tumor, que ele teve uma infância difícil, eu não sei mais nada sobre ele. Ele gosta de que tipo de comida? Qual tipo de atividade ele gosta de fazer? Ele é romântico? Pois é.
A irmã do protagonista...estava bem interessada pelas questões dela e desde o início queria ver mais disso. Talvez essa tenha sido a parte mais bem organizada de todas no livro, mas a personagem em si, talvez tenha tido algumas inconsistências. Claro, ela está passando por muita coisa e eu entendo isso, mas também me pareceu que ela resolveu as coisas meio de uma hora para outra. Estava esperando mais momentos de reflexão dela sobre a questão da arte e de como isso era importante para ela. Não sei se ela lutou o suficiente com a nossa protagonista para fazer ela entender que tudo ia muito além de só "ah, mas você consegue fazer de outro jeito". Simples.
Falando nisso, depois de um certo tempo eu já estava bem incomodada com a protagonista forçando o mesmo discurso sempre. Sim, eu também ia querer que um paciente meu tomasse a decisão "melhor" para a vida dele, mas até que ponto essa decisão seria melhor? Tinha que abrir mais a questão de que ela tinha outras coisas na vida, mostrar essas outras coisas, abrir espaço para analisar o além e não só repetir o mesmo discurso 50 vezes.
Sobre os dramas...todos eles eram mais sobre outras pessoas do que sobre eles. Beleza, tem horas que isso afeta sim, mas tinha coisa que era problema realmente dos outros. Eles que tinham que resolver. Se o livro não é deles e se isso não acrescenta em muita coisa para a história do casal protagonista, para que que eu vou querer acompanhar? E assim, eu gosto de drama, mas aqui talvez tenha tipo um pouco de drama demais.
Sobre o romance... perdido, se encontrado por favor devolver.
Sério, 500 páginas e não teve uma interação digna de um romance. Só no final que eles foram ter algo próximo disso, mas eu já não tava nem ligando mais. E nem foi uma cena tão interessante assim.
Bom, queria dizer que gostei mais, mas esse aqui não rolou. Vou dar uma chance pro próximo (pro terceiro, no caso) e ver no que dá. Até porque ainda não confirmei se o quarto livro é sobre a Emma desse livro aqui. (Mas vamos pro irmão dela primeiro).