Baladas

Baladas Hilda Hilst




Resenhas - Baladas


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Arsenio Meira 08/05/2014

"Antes soubesse eu / o que fazer com estrelas na mão."

Hilda Hilst começou a publicar poesia em 1950, aos vinte anos de idade, ainda estudante na Faculdade de Direito do Largo São Francisco.O primeiro livro,"Presságio", e os seguintes, "Balada de Alzira" e "Balada do festival, " anteriormente excluídos das reuniões de poesia da autora, ressurgem no presente volume. O que pode levar o leitor a conjecturar que, os primeiros lances de sua poesia estão mais para o ensaio visando voos futuros do que propriamente a realização esteticamente efetiva das marcas centrais de sua escrita. Não é assim.

Hilda Hilst sempre guardou uma posição de afastamento em relação aos principais movimentos do cenário das artes nacionais. Ela passa a impressão de que sempre permaneceu absorta em sua singularidade. O início de sua produção poética já mostra uma dicção segura. O livro gira praticamente todo em torno da necessidade e ausência do amado. Da falta, do vazio que deveria ser preenchido por uma comunhão no amor, são tecidos os poemas. A poeta apresenta-se mais uma vez como aquela que faz do amor o objeto primeiro de seu canto, associado à passagem do que é perecível e à busca do sempre inalcançável, que a um só tempo escapa a toda a procura e cria um movimento incessante.

A condição de isolamento do poeta e uma poesia que não faz concessões à convenções, embora permaneça muitas vezes, diferentemente de outros modernos, afeita às estruturas do pensamento discursivo, pretendem permitir também o escape da capacidade de absorção que ameaça as obras de arte na sociedade de consumo, quando a possibilidade de se provocar estranhamentos já não mais existe. Ao recusar o elogio da rotina ou das promessas da sociedade do espetáculo, mostrando o desconforto da vida, o grotesco do homem e de sua condição, um universo de dores e angústias, a poesia de Hilst reitera a repulsa a um mundo vulgar e banal.

Ao contrário do que faz a indústria do entretenimento, baseada no princípio de satisfação do cliente, a autora apresenta-nos os difíceis estados de privação. Contrapondo-se a toda a facilidade do espetáculo, a obra poética da autora comprova a sua radicalidade moderna. Ao invés do apaziguamento, o que resta aqui é a angústia. Angústia como índex do mais límpido estatuto poético.


Maria Ferreira / @impressoesdemaria 19/07/2015minha estante
Que resenha impecável!




Luciano 28/03/2021

Algumas passagens me lembraram bastante a poesia de Arriete Vilela. No geral, curti e recomendo.
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b!ue 17/10/2023

Sensacional. esse foi o meu primeiro contato com as obras de hilda e me sinto simplesmente encantada. ela coloca em palavras sentimentos tão verdadeiros que me desconcerto. recomendo muito.
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Vini 29/12/2022

Difícil avaliar poesia?
Me interessei em ler mais livros da autora, marquei vários poemas para retoma-los depois.

De fato não me identifiquei tanto assim com as temáticas, mas quero conhecer mais sobre a Hilda. Mes
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gabriela lourenço 22/10/2020

"(...)
Os livros são criaturas.
Cada página um ano de vida,
cada leitura um pouco de alegria
e esta alegria
é igual ao consolo dos homens
quando permanecemos inquietos
em resposta às suas inquietudes.

As coisas não existem.
A ideia, sim.

A ideia é infinita
igual ao sonho das crianças."
MatheusA 13/02/2021minha estante
Muito bonito




Natche 24/02/2020

?(...) As coisas não existem
A ideia, sim.

A ideia é infinita
igual ao sonho das
crianças.?

Hilda Hilst sempre maravilhosa.
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Gabrielle.Marins 15/04/2020

aaa como eu amo poesia
Aaa eu realmente amo poesia e essa é das boas. Hilda Hilst conquistou meu coração com suas poesias lindas e cheias de sentimento. Incrível!
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none 02/05/2021

Maravilhoso
Hilda Hilst costuma ser considerada uma autora difícil. Seus textos são enigmáticos e ela mesma ironiza noutro livro com título hilário, jocoso e irônico: Fico besta quando me entendem.
Baladas são poemas mais acessíveis. Eu diria a quem nunca leu para começar a ler Hilda por este livro. Repleto de imagens poéticas da noite, do amor, da solidão, da água, das flores, do corpo. Definir o livro é impossível em um adjetivo. Apequena o texto. Hilst é esfinge, colosso, oráculo, não é pra menos que habitou a casa do Sol no campo, e a casa da Lua no litoral. Habita.
Sam 14/05/2021minha estante
Exatamente, também achei mais acessível. E é lindo




Maria Ferreira / @impressoesdemaria 19/08/2015

Bailando com a graciosidade de Hilst
Baladas" é a reunião dos três primeiros livros de poesia de Hilda Hislt: "Presságio", "Balada de Alzira" e "Balada do festival".

Em "Presságio" (1950) nos deparamos com vinte e um poemas que versam sobre a solidão. Solidão de quem ama e a solidão do ser humano. Também fala sobre o amor. O amor correspondido, o amor que vê e não vê barreiras e o amor que nem chegou a ser.

"Me fizeram de pedra
quando eu queria
ser feita de amor"
(estrofe do poema VI, do livro Presságio).

"Balada de Alzira" (1951) é composto por dezessete poemas. Percebi que aqui Hilst já demonstra uma densidade e amadurecimento poético bem maior do que o encontrado no livro anterior, o que surpreende se nos atentarmos para o fato de que é só um ano de distância entre os dois livros.

"Há desconsolo
permanecendo
nos meus prelúdios
de alegria.
Só tenho a ti
mas tão distante
que não me houves.
Chamo e pergunto
se não me queres
mas o teu grito
de assentimento
chega cansado
ao meu ouvido
e assim cansado
desaparece
como um lamento".
(Estrofe do poema XIV, do livro Balada de Alzira).

Vinte poemas compõem "Baladas do festival". Aqui é mais comum a presença de rimas e de poemas mais descrentes da bondade das pessoas.

"Somos humanos e frágeis
mas antes e tudo, sós".
(Estrofe do poema XX, do livro Balada do festival).

Ao final dessa edição encontramos uma vasta organização das obras publicadas da autora, separados por gênero: poesia, ficção, dramaturgia, coletâneas. Livros seus que foram traduzidos, bibliografias que se encontram em livros, artigos, teses, dissertações, jornais e por fim, uma cronologia suscinta da vida de Hilda Hilst.

site: http://minhassimpressoes.blogspot.com.br/2015/08/baladas-hilda-hilst.html?m=0
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S.Paz 06/04/2023

O melhor dela até agora
Somente Hilda foi capaz de me arrastar para a poesia de novo.

A cada página que passava, mais certa eu estava de que Hilda é, na verdade, muito mais do que a sua fase revolta e pornográfica. Na verdade, é muito triste que ela tenha tido que recorrer a isso para ser reconhecida por bem ou por mal como ela mesma e não como um comparativo sugetivo a outros escritores.

"Baladas" é a prova de que Hilda foi, antes de tudo, uma poetisa espetacular.

No geral, as poesias transmitem muito a mensagem da pessoa e sua sombra, da insatisfação humana, do deus qualquer que se tem em nossas entranhas, dos mecanismos de defesa aos quais recorremos, dos diversos lutos que perpassam nossas vidas... DUALIDADE é o que define o livro. É como se a segunda fase do Romantiso tivesse sido atualizada em algumas páginas.
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Deghety 16/08/2021

Baladas
Baladas de Hilda Hilst foi o livro de poesias que escolhi para ler esse ano. (Todo ano leio um pra ver se pego o gosto).
Por vezes li comentários que diziam sobre a contundência em sentimentos que a autora coloca em seus textos.
"Baladas" foi escrito quando a autora era muito jovem, o que chama muito a atenção pela forma como via o mundo.
Os poemas transmitem sentimentos melancólicos, apáticos, desesperançosos, etc; envoltos pelo cotidiano comum,  relações sociais e amorosas.
Segue alguns trechos elucidantes:

"Só não existe amargura onde não existe o ser."

"Dirão que és poeta. Porque a poesia aparece nos teus gestos como aparece fé na oração de um crente. "

"...Soubesses ao menos a eterna escuridão dos que procuram a luz."

"Somos humanos e frágeis, mas antes de tudo, sós."

Diferente da maioria dos célebres poetas, poemas quase que necessários decifrar, os poemas de Hilda Hilst são claros e objetivos.
Uma coisa que achei um pouco chato, deve ter origem na idade a qual foram compostos, é  a repetição de palavras, ainda mais pelo fato de ser um texto em prosa.
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Tuca. 30/06/2015

Se é para ler poemas juvenis, que sejam os da Hildinha. Já deu de publicitário se fazendo de poeta.
MatheusA 13/02/2021minha estante
Kkkkk. Ótimo!




Mayza7 24/02/2019

IV a Vinicius de Moraes
"Na hora da minha morte
estarão ao meu lado mais homens
infinitamente mais homens que mulheres.
(Porque fui mais amante que amiga)
Sem dúvida dirão as coisas que não fui.
Ou então com grande generosidade:
Não era mau poeta a pequena Hilda..."
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MatheusA 15/02/2021

Presságio
Grande prazer ler os primeiros poemas de uma escritora tão querida.

Muitos dos elementos da obra hilstiana já estão aqui: amores irrealizados ou mal realizados, o afeto intenso pelos amigos, réquiens, o mistério da morte, a loucura (personificada quase sempre na figura do pai) e, claro, muita beleza.

Muito cuidado e sofisticação no trato com as palavras. Uma leitura que exige menos do leitor do que as obras que viriam a seguir, e talvez por isto é mais leve, mais descompromissada.

Fundamental.
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Giovana.rAdua 27/03/2022

Me mataria em março
se te assemelhasses
às cousas perecíveis.
Mas não. Foste quase exato:
doçura, mansidão, amor, amigo.

Me mataria em março
se não fosse a saudade de ti
e a incerteza de descanso.
Se só eu sobrevivesse quase nula,
inerte como o silêncio:
o verdadeiro silêncio de catedral vazia,
sem santo, sem altar. Só eu mesma.

E se não fosse verão,
e se não fosse o medo da sombra,
e o medo da campa na escuridão,
o medo de que por sobre mim
surgissem plantas e enterrassem
suas raízes nos meus dedos.

Me mataria em março
se o medo fosse amor.
Se março, junho.
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