J.F.Pagotto @biblioteca.eterna 16/03/2020Simples e realistaEsse talvez tenha sido meu primeiro livro de memórias. Por anos eu recusei a realidade, a não ficção por pensar ser chata, previsível e triste em sua maioria. Mas a grande verdade é que a escrita é uma arte inominável, as mais simples tramas se tornam fantásticas nas mãos certas.
Existo, existo, existo é um trecho do livro de Silvia Platt, logo após escrevê-lo ela se suicidou. E também é o sentido da obra de Maggie O'farrell, um apelo a simples existência, aos momentos em que chegamos perto de seus limites, em que o vazio parece nos sugar e nos temos que gritar a plenos pulmões para mostrarmos que estamos aqui, e que vamos lutar para continuar estando.
Parece estranho contar uma vida através das experiências de quase morte que a marcaram. Quão azarada pode ser uma pessoa ao ponto de poder escrever um livro sobre seus desastres pessoais. Mas esse livro não foca na morte , mesmo sendo o centro nominal de cada capítulo as experiências só mostram a evolução da protagonista com cada uma dela . São situações perigosas mas , incrivelmente simplórias, sustos que estavam lá para fazer se apegar ao desejo da vida.
A autora escreve para a filha, isso é claro. Ela mostra com sua vida o que espera da dela e, assim, faz com que todos os leitores vejam o quão importante é a luta diária para alcançarmos nossos objetivos. Isso é maior que qualquer obra que se diz de auto ajuda, porque é a realidade pura e simples.