Críton

Críton Platão




Resenhas - Críton


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GuiToochi 21/05/2024

Impressionante como cada vez que Sócrates abria a boca para falar era sempre uma aula de conduta e ética
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Emilson5 26/04/2024

A soberania do Estado
Críton, ou do dever, é um diálogo socrático de Platão que versa sobre o dever do cidadão para com sua Pátria. Pode ser que os argumentos de Sócrates para Críton, em defesa das leis e da soberania do Estado (ainda que pareçam injustas) nos seja estranha e, até mesmo, equivocada. No entanto, é preciso ter em mente qual era o pensamento de um grego da época. Consegui traçar paralelos com A Cidade Antiga (que ainda estou lendo) o que facilitou meu entendimento sobre as discussões do diálogo. Não é um texto complicado, mas, ter um pouco de contexto do período e de como era o pensamento daquele período, ajuda e muito!
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LucasFaeru 29/01/2024

Sócrates era certinho
Muito interessante a visão de Sócrates sobre o que é justo, injusto e qual seu papel a ser desempenhado nessa discussão. Para alguém acusado de subverter jovens, ele se preocupava bastante em estar dentro da lei.
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esquadroz 16/12/2023

O homem é brabo pra caramba mesmo, não tem como não deitar para ele... da aula de comportamento e lealdade
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Wesley Sales 21/11/2023

A conduta virtuosa
O livro trás uma conversa entre Críton e Sócrates, a respeito do cárcere e a possibilidade teórica de fuga.
Considero uma aula sobre a boa conduta para com a virtude e as leis, devido ao fato de mostrar que diante da possibilidade de morada em vários locais, sócrates optou por ficar e construir sua família alí. Logo, fala que se nasceu e foi criado se beneficiando das leis de ensino, casamento, (...). O racínio termina com o pensamento moral de que se o benefício advindo da lei foi usufruido durante sua vida, ir contrário a ela na tentativa de escapar é algo imoral. Nada diferiria o homem virtuoso dos desonestos. Se a injustiça foi feita para contigo, não se deve ser injusto contra o autor, pois que sua conduta e virtude não deve ser abalada por terceiros.
Destacam-se:
- "Retidão"
- "Asseveramos que não se deve cometer injustiça voluntária em caso nenhum, ou que em alguns casos se deve, e noutros não ?" "Porventura, todas aquelas convenções de antes se entornaram nestes poucos dias e, durante tanto tempo, Críton, velhos como somos, em nossos graves entretenimentos não nos demos conta de que nada nos diferíamos das crianças"
Minha interpretação foi a de que agir de forma injusta visando o benefício, não é algo que deva ser levado em consideração por um adulto, ora, somente uma criança age por vontade própria, ignorando o que é correto.
- "Logo, jamais se deve proceder contra a justiça", "Nem mesmo retribuir a injustiça com a injustiça, como pensa a multidão, pois o procedimento injusto é sempre inadmissível."
- " Mas agora não fazes honra àquelas palavras, nem hesitas na tentativa de aniquilar a nós, as Leis; fazes o que faria o mais vil dos escravos, tentando fuga contra as convenções e acordos, pelos quais te obrigaste para conosco aos deveres de cidadão."
Minha interpretação foi de queNão se pode fugir pois preferiu ficar na cidade com as leis vigentes e usufruiu dos benefícios e direitos, logo, deve aceitar a sanção proposta pelo julgamento em detrimento da desordem social apresentada.
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jonasbrother16 09/10/2023

À primeira vista, é mais um pequeno diálogo de Sócrates, que ocorre algumas horas antes de sua morte. É, por assim dizer, a terceira parte do arco dramático do julgamento, condenação, e morte de Sócrates. Esse arco começa com o diálogo Eutífron, que se passa horas antes do julgamento; depois a Apologia, que é o julgamento em si; e então Críton, onde Sócrates, já condenado, discute com seu amigo Críton se deve fugir do que foi dado a ele como pena. Por fim, há o Fédon, que se passa momentos antes da morte de Sócrates.

A conexão entre os diálogos é mais dramática do que temática. Entretanto eu consigo ver uma ideia de "dever" permeando o Eutífron, a Apologia, e o Críton. O Fédon, que ainda não li, parece desviar um tanto do tema. Em Eutífron, discute-se o que é a piedade, que é um dos deveres do homem, ligado ao serviço aos deuses. Na Apologia, além de sua defesa propriamente dita, Sócrates também destila a sua filosofia e o que pensa que uma pessoa deve fazer de sua vida. No Críton, o que está em pauta é se Sócrates deve ou não fugir de sua condenação.

Talvez como diálogo isolado não seja tão inspirador, mas como parte de uma trilogia também composta por Eutífron e a Apologia, acaba por ser uma boa leitura a um tempo dramática e filosófica.
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Marcia 23/06/2023

Muito interessante como defende as atitudes não hipócrita, além da visão de dependência da pátria que ele mostra e da separação entre a Lei e os homens que as aplicam. Porém, hoje não há mais com criar esta distinção e por isso acredito que é impossível ter essa aceitação inquestionável das leis e do poder.
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Charly.nunes 10/02/2023

Esse é um dos dialogos mais incríveis qie li na filosofia, é uma pena que Platão não tenha deixado seus ensinamentos pois ele tinha um pensamento/filosofia muito singular e interessante. Eu pensava tanto como Críton, mas ao ver o lodo de Platão, sua escolha e sua lealdade com a lei de sua terra é digno de um filósofoso clássico como ele msm
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Djullie 08/04/2022

A preservação dos valores do contrato social firmado
Se Sócrates veio antes de Jesus e o discurso do mesmo se assemelham. Jesus como um bom político deve ter se debruçado e ser conhecedor dos ensinamentos de Sócrates explicitados por Platão kkkkkk. De fato ele prega nesse diálogo que a injustiça não deve ser tratada com a injustiça, deve-se ser respeitado o contrato social que foram inseridos, fugir disso seria covardia, seria traição, mesmo pra assegurar o bem que é a vida, seus valores se sobrepõe a tal fatalidade. É de se perceber que se fosse outrem teria aceitado a oferta egoisticamente sem nem pensar duas vezes, mas a moral de Sócrates e a aula que ele deu sobre uma nova perspectiva de respeitar a ordem vigente que ele também assegurava ser a certa não poderia agir de outra maneira se não respeitando a decisão que lhe fosse tomada pelos governantes. É um tapa na cara, o uso das razões em detrimento da emoção. Admiro, mas não sei se agiria igual. E como q justiça é falha e utópica, tudo acaba girando em torno de interesses políticos e medo, condenam inocentes por ameaçar seu poderio e inocentam criminosos desde que coadunem com seis preceitos.
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Mariah 02/04/2022

Idées de thèmes, questions possibles, apophtegme, maxime, exposé, problèmes possibles etc.

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A|

B|

C|


I.
Sócrates: - Mas para nós, meu caro Critão, é tão importante assim a opinião do povo? A gente melhor, com quem mais importa que nos preocupemos, cuidará que as coisas se terão passado tal como se tiverem passado.

[...] As razões que alegava no passado, não as posso enjeitar agora em vista de minha sorte presente; elas se me apresentam como que inalteradas; [...] ainda que, com mais ameaças que as atuais, nos acene o poderia da multidão, como a crianças, com o espantalho das prisões, mortes e confisco de bens. Como, portanto, faremos tal exame o mais acuradamente possível? [...] Estávamos certos ou errados ao repetirmos que das opiniões umas devemos acatar, outras não?

II.
[...]devemos nós seguir a opinião da multidão e temê-la, ou a do único, se algum existe, entendido, a quem devemos respeitar e temer mais do que a todos os demais juntos? se não obedecermos ao qual, corromperemos e danificaremos aquilo que melhora coma justiça e se arruina com a injustiça? Ou isto não tem cabimento? Critão: - Acho que tem, Sócrates.

III.
Sócrates: - Asseveramos que não se deve cometer injustiça voluntária em caso nenhum, ou que em alguns casos se deve, e noutros não?

Ou que de modo algum é bom nem honroso cometê-la, como tantas vezes no passado conviemos? e é o que acabamos de repetir.

Ou, sem dúvida alguma é como dizíamos, quer o admita a multidão, quer não? Mais: ainda que tenhamos de experimentar momentos quer ainda mais dolorosos, quer mais suaves, o procedimento injusto, em qualquer hipóteses, não é sempre, para quem o tem, um mal e uma vergonha? Afirmamos isso ou não? Critão: - Afirmamos. Sócrates: - Logo, jamais se deve proceder contra a justiça. Nem mesmo retribuir a injustiça com a injustiça, como pensa a multidão, pois o procedimento injusto é sempre inadmissível.

IV.
Que se deve mais veneração, obediência e carinho a uma pátria agastada do que a um pai?

Que o dever é ou dissuadi-la ou cumprir seus mandados, sofrer quietamente o que ela manda sofrer, sejam espancamentos, sejam grilhões, seja a convocação para ser ferido ou morto na guerra? Tudo isso deve ser feito e esse é o direito - não esquivar-se; não recuar; não desertar o posto.

V.
[Em que Sócrates personifica a justiça como um ente falando para ele como se sente diante disso.]

Sócrates: - Vê, portanto, Sócrates - diriam talvez as Leis -, temos razão em tachar de injusto o que intentas fazer-nos agora.

Nós que te geramos, te criamos, te educamos, te admitimos à participação de todos os benefícios que podemos proporcionar a ti e a todos os demais cidadãos, sem embargo, proclamos termos facultado ao ateniense que o quiser,

uma vez entrada na posse dos direitos civis e no conhecimento da vida pública e de nós, as Leis, se não formos de seu agrado, a liberdade de juntar o que é seu e partir para onde bem entender.

Se, por não lhe agradarmos nós e a cidade, algum de vós quiser rumar para uma colônia ou quiser fixar residência em qualquer outro país, nenhuma de nós, as Leis, o impede ou proíbe de seguir para onde lhe parecer, levando o que é seu. [...] desobedecendo-nos, é réu tresdobradamente: porque a nós que o geramos não presta a obediência; [...] tendo convencionado obedecer-nos, [...] nos dissuade se incidimos nalgum erro; nós propomos, não impomos com aspereza o cumprimento de nossas ordens, e facultamos a escolha entre persuadir-nos do contrário e obedecer-nos; ele, porém, não faz nem uma coisa nem outra. Tais são os crimes, Sócrates, em que, se puserem em prática o teu plano.

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Felipe 19/09/2021

Vemos Sócrates frente à possibilidade de fugir da prisão com ajuda de Críton. Há o debate sobre justiça, injustiça, e a conclusão de que uma injustiça não se combateria com outra. Sócrates não cometeria uma desfeita para com as leis da Cidade para compensar seu odioso julgamento. Há uma deificação das Leis como eternas e absolutas, o que cansa um pouco, mas como sempre é admirável a resiliência de Sócrates ao defender o que acha correto.
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Lucio 07/06/2021

Sócrates Precisava Morrer?
INTRODUÇÃO

Este é um pequenino diálogo retratando uma (ou duas) noite (s) antes da execução de Sócrates. Críton vai à cela de Sócrates tentar convencê-lo de fugir, dizendo ter conseguido um esquema para tal feito. Sócrates se recusa a ir, dizendo ser tal fuga um ato vil com efeitos nocivos. Seu amigo discorda e trava-se um curto mas precioso diálogo no qual Sócrates desafia seu amigo a convencê-lo do contrário, prometendo que aceitaria a fuga caso fosse convencido. Sabemos que Críton não o convenceu de antemão, mas com os argumentos que levanta no início ficamos ávidos para ver as refutações de Sócrates e a sua justificativa para aceitar seu destino fatal.

RESUMO

Críton, além de dizer que perderia um amigo insubstituível, dá uma série de razões para a fuga. (1) Primeiro, argumenta que havia conseguido os recursos - inclusive de outros amigos, como Cebes e Símias - e um modo de fazê-lo fugir. Por isso, Sócrates não deveria se preocupar com a exequibilidade do plano. Até mesmo sustento e segurança para seu exílio ele havia conseguido. (2) Argumenta também que seria extremamente vexatório para Sócrates e para seus amigos que ele não fosse libertado, pois todos sabem que tinham recursos para tal. Não o libertando, ficariam com a fama de avarentos por não querer dispender de alguns recursos para salvar a vida de tão célebre figura. (3) Críton também diz que Sócrates estaria colaborando com a injustiça de seus acusadores ao escolher cumprir a execução injusta que haviam sentenciado, quando poderia muito bem fugir e evitá-la. (4) Por fim, Críton afirma que Sócrates estaria escolhendo o que lhe era mais cômodo e falhando principalmente para com seus filhos, os quais deixaria sem sua presença em sua criação.
A (1) e (2) há uma resposta similar, a saber, uma espécie de discurso aristocrático, de depreciação do vulgo. Assim como para a saúde do corpo devemos ouvir os especialistas, não a opinião da multidão, para a saúde da alma devemos igualmente ouvir os especialistas nas virtudes, não o que o povo diz. Ouvir o povo, em ambos os casos, acarretará na corrupção do corpo e da alma. Portanto, Sócrates recomenda o desprezo à opinião das pessoas e garante que os bons transmitiriam a verdade sobre o que aconteceu. Além disso, condena o apreço pela reputação como um anseio justamente dos que não entendem das virtudes. E quanto à questão sobre a ameaça à vida que o povo poderia trazer, Sócrates argumenta que valia a pena viver bem, não apenas viver. E viver bem era viver de forma justa e honesta. Isso abre espaço para considerar o ponto (3).
Em (3) podemos dizer que se concentra o principal argumento de Sócrates. O filósofo observa que jamais é correto cometer injustiça, e retribuir mal com mal é cometer injustiça. Portanto, a grande questão era saber se tal fuga poderia ser justa. Caso não fosse, não seria correto fugir. O argumento de Sócrates é basicamente o de que o cidadão era um devedor da cidade e às suas leis, pois foram elas que ensejaram o arranjo familiar, o casamento de seus pais e a concepção de suas pessoas, sua criação e educação e a formação de sua própria família e filhos. Além disso, estar na cidade é se beneficiar da ordem das coisas que as suas leis estabelecem. As leis podem ser contestadas pelas vias legais, pela discussão e proposta de reformulação. Caso não sejam apreciadas, o indivíduo poderia se mudar, com seus bens, para outra cidade onde as leis mais lhe agradassem. Caso ficasse, estaria dando sua anuência às leis e se submetendo às suas sentenças. Sócrates mesmo havia vivido toda a sua vida em Atenas e não havia contestado suas leis nem desejado se mudar da cidade, embora apreciasse as leis de outras cidades gregas. Portanto, Sócrates viveu beneficiando-se dessas leis e dando sua anuência às suas sentenças - inclusive ao direito de ser chamado à guerra para arriscar sua vida. Caso resolvesse fugir, estaria depreciando as leis às quais até então abraçava. Ao fazê-lo, minorava sua força e prejudicava seu poder de ordenar a cidade. Portanto, estaria lesando aquilo de que tanto se beneficiava e acabaria prejudicando a outras pessoas também. Estaria agindo com injustiça e retribuindo mal com mal - i. e., a injustiça dos homens, não das leis, com uma transgressão às leis.
Além disso, Sócrates teve oportunidade de ser exilado com o consentimento da cidade. Agora, buscaria o mesmo recurso sem o consentimento da cidade? Obviamente estaria se contradizendo e praticando inquestionável injustiça.
Acrescenta-se a isso que a fuga faria dele um corruptor das leis. Não poderia ser bem recebido em lugar algum por cidadãos morigerados. E como corruptor da lei, confirmava a acusação de corruptor da juventude, pois quem corrompe as leis certamente corrompe os jovens. Além disso, seu discurso sobre as virtudes, que incluíam a justiça, perderia totalmente sua força por 'paralaxe cognitiva'. Sócrates só poderia viver em meio a transgressores da lei ou em cidades desordenadas e/ou com leis ruins, além de ter de abandonar seu próprio filosofar. Parte desse último problema foi trabalhado na 'Apologia de Sócrates', a propósito.
Ainda se pode acrescentar que se Sócrates morresse como transgressor das leis terrenas, como injusto, teria de enfrentar as leis irmãs das leis terrenas, i. e., as leis do Hades, que não o tratariam com pouca severidade por tal corrupção que teria causado.
Quanto a (4), Sócrates observa que acabaria privando seus filhos da educação ateniense caso os levasse para outro lugar. Se os deixasse, seriam cuidados por seus amigos como o seriam se ele perecesse. Mas seus próprios amigos correriam o risco de exílio e confisco dos bens após a fuga de Sócrates.

AVALIAÇÃO CRÍTICA

O diálogo é curto, mas bastante profundo. É preciso considerar com bastante cuidado suas implicações políticas. Para tais, portanto, temos, agora, mais questões do que esclarecimentos. Será que somos devedores do Estado assim a ponto de devermos obediência às suas leis ainda quando formos injustiçados? Sócrates defende aqui a uma forma de protestar contra uma sentença sem, com isso, desobedecê-la ou evitá-la. Para o filósofo, evadir-se da execução penal é minorar o poder das leis como um todo e, assim, enfraquecer a ordem pública. Pode-se, pelas vias estabelecidas, contestar as leis e buscar reformulá-las ou emendá-las, mas não fugir às suas sentenças estando sob sua jurisdição. A discordância que não move à atividade legislativa deve encontrar alternativa no retirar-se da jurisdição dessas leis, indo para outra cidade ou país onde leis que julgamos serem melhores vigorem.
É claro que há aqui uma questão contra o poder judiciário em contraste com o poder legislativo. Quando o judiciário erra, temos o direito de transgredir as leis que concernem ao poder legislativo? Contestamos o judiciário ao contestarmos o legislativo? Temos responsabilidade sobre a desordem causada ao fugirmos à uma execução penal criminosa? Com efeito, se tal fuga gerar apreciação pública, poderá gerar efeitos culturais perigosos sem os devidos esclarecimentos.
O texto também observa a questão do vínculo que temos para com a cidade e as leis em que estamos. De fato, os benefícios de uma determinada organização, determinada por um certo conjunto de leis e valores, são inevitavelmente desfrutados pelos cidadãos. Isso faz com que, de uma perspectiva contratualista, nos percebamos desde o início comprometido com os pactos realizados pelos nossos antepassados. Ainda que adotemos uma perspectiva crítica da sociedade em que crescemos, temos que considerar os benefícios que ela nos legou. As liberdades das quais desfrutamos, o nível de sossego para a nossa criação e as oportunidades que surgem nas configurações presentes são vantagens que recebemos e pelas quais devemos ser gratos. Portanto, este pequeno diálogo é um excelente complemento à discussão contratualista.
No diálogo temos, também, questões morais e existenciais sendo brevemente consideradas. Primeiramente, a questão da retribuição do mal com o mal. Esta é uma questão delicada, que pode ser cooptada pelo discurso pacifista. Mas é preciso observar que Sócrates não considerou o uso da força contra o transgressor como um meio ilegítimo. Pelo contrário, o afirma categoricamente. Portanto, esse tipo de prejuízo ao indivíduo não pode ser considerado como uma forma de retribuição da injustiça como uma justiça. É a própria manifestação da justiça. Contudo, parece haver uma condenação à vingança. É evidente que a vingança faz parte da justiça. Na melhor das hipóteses, Sócrates estava condenando a vingança pessoal, sem o devido processo legal.
Quanto à questão existencial, Sócrates considera o viver bem como o viver virtuoso, e que ele é preferível à longevidade. Com efeito, Sócrates reputa ser ridículo o apego à vida, principalmente da parte de um velho e a ponto de transgredir a lei, e o fazer com tantos prejuízos para os demais. Essa questão seria, doravante, explorada pelos epicuristas e estoicos e encontram aqui um excelente fundamento.
Por fim, o diálogo complementa a justificativa dada por Sócrates na 'Apologia'. Se Sócrates deixasse, portanto, de cumprir a lei, levaria todo o seu ensino sobre justiça e honra, sobre as virtudes em geral, ao descrédito, manchando seu legado. Se ele sucumbisse à sentença, se tornaria um mártir da causa pela qual viveu. Se ele viveu por ela, não morreria por ela?

REFERENCIAL TEÓRICO

Platão é geralmente o referencial teórico dos demais autores. Por isso, é difícil determinar seu referencial. Certamente, seu referencial até então era o próprio Sócrates, de modo que teríamos que investigar os referenciais de Sócrates. Mas isso levanta a questão sobre a autenticidade dos retratos que Platão faz do pai da filosofia, o que extrapolaria o espaço de uma resenha. De todo modo, não há referências aqui. Só podemos ter conjecturas como pano de fundo. Seja Sócrates, seja Platão, sabemos que detinham conhecimento dos filósofos da natureza que os precederam e dos escritos dos Poetas e dos escritos dos sofistas. Há uma menção aos oradores que defendem as leis. Talvez seja uma referência a Sólon e aos demais sábios antigos. Há também uma referência ao Hades e às suas leis, nos levando à provável referência ao Orfismo, Pitagorismo e à religião grega pública. Mais do que isso não podemos alcançar.

RECOMENDAÇÃO

Este é um diálogo pequeno e escrito em linguagem bastante acessível. Embora seja profundo em suas implicações, é muito fácil de ser compreendido. Basta que seja lido com o devido cuidado. E é uma excelente forma de ver Sócrates argumentando logicamente, embora não haja o emprego do seu método clássico de demandar definições precisas e de se buscar a coisa em si - há apenas uma tímida referência. Acreditamos que principalmente os interessados em política e ética têm a obrigação de ler e gastar tempo pensando a respeito de tudo isso. Acrescentamos que o diálogo pode muito bem ser complementado - ou ser complemento - pela leitura da 'Apologia de Sócrates'. E para um retrato desses últimos momentos ainda mais completo, a leitura do 'Fédon' seria excelente.
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Teorema Espectral 24/01/2021

Nem Jesus prefere Aristóteles
Toda vez que Sócrates abre a boca é uma aula de conduta. Não só pelo que ele diz para fazermos, mas pelos comportamentos dele que absorvemos

Em Críton, ele praticamente expõe a moral cristã centenas de anos antes do Cristo! Me leva a me perguntar se Jesus, na verdade, não leu um pouquinho de Platão
Richard 24/01/2021minha estante
Diz a lenda que era Sócrates tentando Jesus no deserto


LucasFaeru 29/01/2024minha estante
O cristianismo é um platonismo mesmo




duda medeiros 04/10/2020

Em suma, trata-se do diálogo entre Sócrates e Critão o qual, dias antes da punição mortal de Sócrates, Critão tenta, mais uma vez, persuadi-lo, sem sucesso, a favorecer o exílio em detrimento de sua morte.
Sócrates discorre utilizando os argumentos morais que o fizeram ceder ao seu destino.

?Nem mesmo devemos retribuir a injustiça com injustiça, como pensa a multidão, pois o pensamento injusto é sempre inadmissível?
diz Sócrates sobre a fuga a qual Critão tenta persuadi-lo a acatar em detrimento de seu julgamento injusto.
?Examina também se continua de pé para nós este princípio: que não devemos dar máxima importância ao viver, mas ao viver bem.?

Mas fica o questionamento: Sócrates acreditava nos valores morais os quais: a ignorância permeia sob toda a existência humana.
e porque não, também não aplica-se ás leis ? Já que essas, são compostas e APLICADAS pelos homens ? E principalmente, quando são utilizadas para manipulação em detrimento de favorecer os manipuladores e afligir os manipulados ? Enfim, a hipocrisia
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