Junior Cazeri 10/07/2011
Homenagear um dos maiores mestres da literatura mundial, que influenciou e continuará a influenciar gerações de escritores e, mesmo 200 anos após seu nascimento ainda arrepia os novos leitores, não é uma tarefa das mais fáceis. A antologia Poe 200 Anos, organizada por Maurício Montenegro e Ademir Pascale, busca com seus 22 contos, prestar honras ao escritor através de narrativas que remetem, emulam, revisitam, recriam ou baseiam-se na vida e obra do grande autor.
Com tantos contos, é natural que alguns temas se repitam, o que acontece com O Gato Preto, Berenice, O Corvo e O Barril de Amontillado com maior frequência. Também é natural que a qualidade e originalidade dos contos seja flutuante em tal reunião. Pois bem, vamos começar pelos melhores. Márson Alquati consegue mostrar sagacidade em O Hospedeiro, M D. Amado prende a atenção do leitor em O Estranho Passageiro de Birgit, Georgette Silen mescla vários temas e constrói uma narrativa interessante em O Senhor do Inferno, Ademir Pascale moderniza e convence com Louco, Eu?, Gil Piva presta uma verdadeira homenagem macabra em Intermezzo, Jocir Prandi exibe um fino humor em Inferno no Circo e Mariana Albuquerque, no mais breve conto, A Máscara de Vênus, mostra força e segurança.
Isso não quer dizer que os demais contos sejam fracos, pelo contrário, dá pra sentir em cada um deles a intenção de alcançar o objetivo proposto pela antologia, homenagear. E isso é feito de maneira irrefutável. Os únicos trabalhos que considero dispensáveis são O Outono de Hatlen, do organizador Maurício Montenegro, por ser apressado e trôpego na narrativa; Relíquia, de Duda Falcão, pelo atrevimento infanto-juvenil que simplesmente não funciona; e Um Homem Afortunado, de Kathia Brienza, que começa muito bem, mas termina de maneira pouco original e forçada.
Em benefício da obra ainda temos um belo prefácio de Miguel Carqueija, que também participa da antologia com o conto O Quarto Caso de Dupin.
Um elogio justo e sensato, que será melhor admirado para os iniciados na obra de Poe, mas que não confunde os leigos. Bom trabalho.
Resenhado no http://cafedeontem.wordpress.com/