Aione 14/12/2018Em Arquidata: a dama da espada e o segredo do medalhão, Raquel Cassiano mescla um universo fantástico a um clima histórico para narrar a história de Gaia e as muitas aventuras e injustiças que a cercam.
Gaia não se lembra do próprio passado. Encontrada no mar, a única pista sobre sua origem era um lenço em seu bolso, no qual estava bordado o nome “Gaia”. A jovem, então, é levada para o orfanato da cidade, onde as crianças sofrem nas mãos da proprietária, Senhora Oliver. E quando enfim completa 16 anos, sua situação não melhora, já que ela novamente é submetida a humilhações e maus tratos ao trabalhar como criada na escola da cidade. Porém, é lá que ela conhece a professora Meredith Walorne, capaz de dar um rumo inesperado a sua vida.
O universo de Arquidata: a dama da espada e o segredo do medalhão é amplo, o que já fica indicado nas primeiras páginas do livro ao nos depararmos com o narrador onisciente em terceira pessoa que nos apresenta a perspectiva de diferentes personagens até se “aproximar” da de Gaia. Embora seja a visão da protagonista a majoritariamente acompanhada ao longo do livro, ela não é exclusiva; ao contrário, ao sermos apresentados às perspectivas múltiplas, mais conhecemos do mundo de Arquidata e suas dimensões.
Na parte da história em que temos a infância de Gaia até sua chegada à escola, ficamos, como ela, limitados à cidade de Aura e às difíceis situações lá vividas. Nesse momento, a autora aproveita a trama para trabalhar questões como o abuso e a exploração infantil, e vai construindo as personagens de maneira a já indicar o que mais pode estar por detrás do enredo. Gaia, por exemplo, é uma criança que nitidamente se destaca por sua maneira de falar e por suas habilidades, o que deixa o leitor curioso para saber sobre suas origens. Ainda, é já aqui que notamos o quanto muitas das personagens terão papéis pontuais, indo e vindo no enredo e nos deixando com o coração na mão sobre seus destinos.
Quando, então, a história tem seus limites expandidos para além de Aura, o clima de aventura realmente começa e nos vemos em meio a um universo muito mais amplo e complexo. Novas cidades e personagens passam a surgir e pouco a pouco o leitor começa a fazer a conexão entre todas elas. Raquel Cassiano, ainda, consegue manter o suspense em meio ao clima de ação e guarda na manga revelações que são feitas mais ao final, provocando reviravoltas no enredo.
De modo geral, gostei da leitura de Arquidata: a dama da espada e o segredo do medalhão por ela ter sido bastante envolvente e repleta de acontecimentos. O final foi um tanto quanto abrupto e deixou pontas a serem explicadas, o que indica que esse pode ser o primeiro livro de uma série. Apesar de alguns problemas de revisão, a narrativa é bastante fluida e promove uma leitura não só agradável como também empolgante.
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