Ana 13/05/2019
Comecei a me interessar verdadeiramente por quadrinhos no ano passado, então não sou a maior conhecedora de autores desse gênero literário. Por exemplo, eu não fazia ideia de que Adrian Tomine é tão famoso pelas suas histórias — muito menos que ele é quadrinista regular do The New Yorker. Fique muito feliz com esse primeiro contato, porque realmente gostei de Intrusos, um quadrinho sobre pessoas que não se encaixam.
Essa HQ é um pouquinho diferente do que estamos acostumados, visto que é composta por seis contos ao invés de uma única trama que acompanha diversos personagens. Os contos — Breve História da Arte Conhecida Como Hortescultura, Amber Sweet, Vamos, Owls, Tradução do Japonês, Triunfo e Tragédia & Intrusos — são levemente interligados, pois possuem algo em comum: falam sobre pessoas infelizes, insatisfeitas e incapazes emocionalmente.
Eu poderia fazer um breve comentário sobre cada pedaço de história contida em Intrusos, mas acredito que isso tiraria um pouco do brilho do quadrinho. Acho que a única coisa que vocês precisam saber é que as narrativas não têm início ou fim, são apenas momentos vividos pelos protagonistas, momentos que desenharam toda a vida deles de alguma forma.
As ilustrações, sempre em tons frios, casam completamente com o enredo principal, demonstram a tristeza e o desânimo dos protagonistas. É até um pouco difícil aceitar, com o decorrer da leitura, o quanto somos falhos — e isso em todos os aspectos possíveis. É engraçado como sempre tem uma coisinha ou outra que tem o poder de acabar com toda nossa confiança e sugar nossa vontade de viver.
Ler Intrusos me fez refletir bastante, porque fala exatamente do quão sensível é a existência humana. Acredito que a intenção de Adrian Tomine, ao mostrar o cotidiano de pessoas tão comuns, tão gente como a gente, é justamente fazer o leitor repensar seus comportamentos e desenvolver a famosa empatia. Leitura muito inteligente e recomendadíssima.