Luanda, Lisboa, Paraíso

Luanda, Lisboa, Paraíso Djaimilia Pereira de Almeida




Resenhas - Luanda, Lisboa, Paraíso


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Carolina Corrêa 17/10/2020

Tristeza sem fim
A autora faz poesia com a tristeza.
A narrativa apresenta muita sensibilidade, mas senti falta de histórias, acontecimentos, como se espera de um romance.
A riqueza do texto descritivo me encantou, mas faltou conteúdo.
Quem se propõe a ler romance quer história.
Alê | @alexandrejjr 21/04/2021minha estante
Só discordo do fim, Carolina: às vezes se procura num romance outras experiências além da história, como a forma e o estilo do que é contado. Mas eu sou do time que gosta de uma boa história também. ?




Toni 16/12/2019

O filho de Glória e Cartola, Aquiles, nasce com um calcanhar deformado numa Luanda em luta pela independência de Portugal. Os médicos advertem: antes dos 15 anos é preciso operar. A família se empenha: antes dos quinze, será preciso levá-lo a Lisboa para a cirurgia. As condições financeiras, no entanto, não favorecem a mudança de todos, e a família se divide: filha e mãe ficam em Luanda, pai e filho partem para Portugal.
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Esse seria, em linhas gerais, o pontapé narrativo do segundo livro da Djaimilia Almeida, autora de “Esse cabelo” (2015). Com “uma perna lá, outra cá”, Portugal e Angola, o romance surpreende a cada capítulo, complexo em sua representação da imigração, contundente e mágico na tentativa de falar sobre diferentes formas de pertencimentos (afetivos, familiares, territoriais, identitários). O calcanhar, a propósito, parte que permite ao corpo uma conexão direta com a terra sob os pés, guarda uma chave de leitura explícita: a condição anatômica de Aquiles lhe garante ligações continuamente falhas, incompletas, seja em relação ao lar materno, seja na vida encontrada a duras penas em um bairro pobre da capital portuguesa.
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A prosa de Djaimilia promete transformações até o último instante -- um final, inclusive, que abandona a narrativa muito mais que a encerra (mas não somos todos, enfim, narrativas em constante abandono?). Vocês já sentiram, ao entrar num livro, a sensação de pisar em território sagrado? Algo como um espaço de devoção e muita energia no qual as palavras parecem ter peso ou força mística? Esse sentimento me acompanhou por toda a leitura, alegretriste: há uma solenidade inexplicável em cada parágrafo desta história -- em cada carta, telefonema, visita, sonho dormido e sonho acordado.
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Apesar das injustiças politicamente inerentes à condição do imigrante, há inúmeros paraísos possíveis no coração desta história. Vencer o prêmio Oceanos deste ano foi apenas um deles, merecidíssimo.
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ClaudiaMF 26/02/2020

O peso da existência
Existir é o peso. Cada reviravolta na vida leva os personagens e perceberem que não há sentido e as mudanças são para poucos privilegiados. O texto é primoroso, mas me abateu por muitos dias e ainda. Não sei se eu estava pronta para ler esta obra tão profunda e sensível, e ao mesmo tempo crua e honesta. Só leiam.
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Mim 06/09/2020

Laços pela desgraça
Luanda, Lisboa, Paraíso foi um livro que li para a faculdade e fiquei muito feliz por ter sido apresentada à Djaimilia, pretendo ler Esse Cabelo também. O livro traz a história da família Cartola de Sousa onde o filho Aquiles nasce com uma má formação no calcanhar fazendo com que aos 15 anos ele tenha que se deslocar de Luanda em Angola, para Lisboa e fazer uma cirurgia.
A narrativa se passa basicamente na década de 1980, uma Angola pós independência, ou seja, ?deixada à Deus do Ará?.
É uma história extremamente triste e difícil, todos os personagens possuem uma profundidade e complexidade gigantesca, e em muitos momentos, são unidos literalmente pelas desgraças da vida.
Foi muito enriquecedor para mim ter uma perspectiva que é muitas vezes deixada à margem, mas a linguagem utilizada e os jogos de escrita me confundiram. Djaimilia é uma escritora brilhante e foi necessário um esforço da minha parte para compreender tudo o que aconteceu na narrativa, ainda mais por eu ter não costume de ler obras nesse estilo.
A leitura foi um pouco arrastada e difícil para mim, mas eu recomendo muito esse livro para aqueles que já tem um costume com obras do tipo!!
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Pretto 07/10/2020

Sublime em sua sutileza...
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Ivandro Menezes 01/01/2021

Lá e cá
Em Luanda, Lisboa, Parai?so na?o existem excessos. De monumental beleza, cada palavra parece compor uma fina tapec?aria, revelando personagens profundos, complexos e emocionalmente ricos, que na?o se furtam a? realidade tampouco ao poe?tico e ao simbo?lico.

Aquiles, uma crianc?a com uma ma? formac?a?o no calcanhar, e? levado pela pai, Cartola, de Luanda a Lisboa em busca de cura. La? se perdem em suas existe?ncias e lanc?ados ao vento acabam refugiando-se em Parai?so.

Nesse tra?nsito entre a mise?ria que os assola, a esperanc?a de melhores dias e os sonhos de uma vida juntos va?o se entrelac?ando num relacionamento amoroso, odioso, indiferente e dependente entre pai e filho, entre marido e mulher, entre a filha e a ma?e. Em comum, vidas em abnegac?a?o, postas de lado para que um socorra a enfermidade do outro contra o desejo (um tanto egoi?sta, mas justifica?vel) de querer uma outra vida. E a seu modo, Cartola, o pai, o esposo, o chefe da fami?lia, e? o u?nico que tem a coragem de experimentar.

A?rido e poe?tico, a narrativa de arrasta por uma gama de emoc?o?es diversas, mergulhando nos dias difi?ceis, nas estac?o?es, nas du?vidas e transformac?o?es ao longo dos anos. Por vezes, temos pena de Glo?ria que definha num quarto e anseio por reencontrar o marido. Entristecemo-nos por Justina condenada a cuidar da ma?e em Luanda, mesmo ta?o feliz em vera?o lisboeta. Odiamos Cartola e seu egoi?smo em desejar a mulher doente por se sentir livre e dependente com tal condic?a?o.

Cada palavra, cada cena, cada pec?a aparentemente solta e? bem aproveitada para construir esse mosaico rico e profundo de imigrantes angolanos em Lisboa, tornando-nos co?nscios de somos todos assim, imigrantes, passageiros, solita?rios e solida?rios num caminhar sempre em direc?a?o a? esperanc?a, seja la? diante do Tejo, seja ca? diante do Sa?o Francisco.
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Maria.Luisa 16/01/2021

Só sofrimento meu povo....
A jornada do herói de um homem que tinha seu emprego e sua importância, foi pra Europa e virou um imigrante fodido... Pq ser imigrante é sempre estar fodido
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Grace @arteaoseuredor 20/01/2021

Dolorido, mas maravilhoso!
?Luanda Lisboa Paraíso, Djaimilia Pereira de Almeida.

?Djaimilia Pereira de Almeida nasceu em Luanda, Angola, em 1982. É autora de quatro livros, entre eles os romances ?Esse cabelo?, que recebeu o prêmio Novos na categoria literatura, e ?Luanda, Lisboa, Paraíso?, vencedor do prêmio literário Fundação Inês de Castro. Mora em Lisboa e escreve no Blog da Companhia das Letras.

?Uma história triste. No início demorei um pouco a gostar dos personagens, mas acabei me rendendo e vou sentir falta deles.
?Em Luanda, na África, depois de um parto complicado, Aquiles nasce com um defeito em um dos pés. Os médicos falam que quando tiver 15 anos e fizer um cirurgia ficará bom, para isso terá que ir para Lisboa.
Ele e seu pai Cartola vão fazer essa jornada. Mas quando chegam em Lisboa, descobrem que a realidade é mais dura do que imaginavam. Achavam que iam ser bem tratados, vindo de uma terra colonizada por Portugal, o que não ocorre.
Por ironia do destino eles vão morar em um bairro chamado Paraíso, o lugar que não condiz com o nome.
Aos poucos vão vendo seus sonhos morrerem, levando uma vida árdua. Vários personagens interessantes passam pela história e vão deixando seus sonhos pelo caminho bem como vão nos conquistando. Gostei muito.
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Doug 21/01/2021

Luanda, Lisboa, Paraíso conta a história de Cartola e Aquiles pai e filho que viajam de Angola em direção a Portugal para realizar uma cirurgia. Tristeza, solidão e desesperança dão o tom dessa leitura. Daquelas livros que nos marcam para sempre.
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Luciana 14/03/2021

Por muitas vezes a poesia acaba sufocando a história, o que considero uma pena, pois a história em si não é ruim.
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Inês Montenegro 20/03/2021

"Numa narrativa lírica, bonita, sem cair no exagero ou no pomposo a autora cria uma leitura íntima, onde vários elementos se entrelaçam. Fá-lo através de um evento relativamente comum: a vinda a Portugal de cidadãos dos PALOPS (no caso, Angola) para aceder a determinados tratamentos ou cuidados de saúde. Ao fazê-lo, Cartola e o filho são deslocados do seu ambiente de origem e forçados a, gradualmente, se inserirem numa nova realidade, numa nova vida, na qual a anterior se mantêm agarrada por ganchos “enfiapados”, seja nas recordações, seja – e principalmente – pelas cartas, telefonemas, e pedidos da esposa de Cartola. (...)"

Resenha completa em:

site: https://booktalesblog.wordpress.com/2021/03/20/luanda-lisboa-paraiso-djaimilia-pereira-de-almeida/
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Licia Maria 27/03/2021

Margem
Sobreviver é exaustivo e solitário. As alegrias são inventadas para nos manter em pé. Não vivos, nunca felizes, só em pé. Que tristeza Djaimilia! obrigada por isso ?
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Carla Verçoza 16/04/2021

Com uma prosa bastante poética, Djaimilia fala sobre relações, vínculos, pertencimento, lar. Um relato melancólico e tocante.
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Mari 21/07/2021

A melancólica sensação de não pertencimento
Esta foi uma leitura dolorida pra mim...
Talvez seja pela sensibilidade do momento, talvez pela representação das vivências que o livro traz e pelas quais eu tenho muita empatia.
"LUANDA, LISBOA, PARAÍSO", de Djaimila Pereira de Almeida me abalou.
Nesta história tão carregada de uma melancolia doída, Cartola e Aquiles, pai e filho, saem de Angola e mudam-se para Lisboa motivados pela esperança. Aquiles recebe o nome do herói helênico, justamente por partilharem o mesmo ponto de vulnerabilidade: o jovem rapaz tem uma deformidade no calcanhar e precisa ser operado até os 15 anos de idade. Assim sendo, em 1985, pai e filho deixam a família em Luanda e seguem para Lisboa na expectativa do tratamento médico que pode aliviar as angústias familiares dos últimos 15 anos.
Quando chegam à capital lusa, a narradora afirma que “ninguém os esperava no aeroporto, mas era Portugal.”. A força adversativa desta conjunção dá feitios de "terra prometida" à Lisboa, o que reforça o desencontro entre o desejo de uma vida esperançosa e a dureza da realidade marginal. Nesse ponto, a narrativa machuca muito...
Durante os primeiros anos na cidade, as personagens enfrentam a dolorosa sensação de não-pertencimento. A faísca de esperança com que chegam a Portugal se apaga aos poucos, deixando tudo obscuro e frio... A fome, o medo, a saudade e as dívidas começam a tomar conta das experiências e sugam a pouca vida que resta. Não à toa, em uma ida ao cemitério, Cartola se vê entre iguais.
Após alguns anos vivendo na Pensão Covilhã, próxima ao hospital, endividando-se e sobrevivendo em condições medíocres, Aquiles e Cartola partem para a Quinta do Paraíso, o simbólico espaço suburbano de exclusão. Outro contraste se desenha, não mais entre o desejo e o real, mas agora entre os horrores da miséria e o conforto dos afetos. É ali, em Paraiso, que pai e filho passam momentos angustiantes de perdas amparados pela solidariedade terna de Pepe. A emocionante tônica do "nós por nós" se faz sentir ali, nos elos estabelecidos pelos protagonistas.
"LUANDA, LISBOA, PARAÍSO" é uma narrativa de diáspora. Que mostra com crueza a realidade da imigração, rompendo com qualquer tentativa de idealizar esse processo. Enunciam-se aqui os vínculos coloniais entre Angola e Portugal, além dos entrelaçamentos que se configuram no período pós-colonial. A dura sensação de não-pertencimento é o que dita o ritmo deste romance, em que os protagonistas parecem estar no lugar errado o tempo todo. Não se conectam mais com Luanda e não se sentem parte de Lisboa. O distanciamento da família em Angola é visível em cada carta ou telefonema reproduzidos, pois a escassez das palavras emulam a degradação desse vínculo também.
Há tanta poesia aqui neste livro. A melancolia lírica que permeia o texto reforça a sensação do peso de cada uma das palavras. Uma obra que carrega em si a força que a literatura tem para nos rasgar por dentro. Lindo, emocionante e transformador.
Um olhar sensível para a dureza melancólica da não-pertença.
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lais 08/09/2021

Um tanto quanto poético. Acho que posso dizer que o livro é poético. Doloroso. Com um resquício de esperança. A vida de Cartola e seu filho, Aquiles foi difícil demais. Muito difícil. Termino o livro com um misto de sentimentos
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