Maro 08/12/2021minha estanteOi, Kassem!
Eu realmente não vou mais dar prosseguimento além daqui, pois acho que faz pouco sentido discutir sobre um aspecto narrativo em um livro que você não leu, que é toda a motivação da minha publicação inicial (não me entenda mal, não tem problema algum você opinar! Só fica mais difícil pra mim pôr em pauta as nuances do acontecimento nesse livro especificamente, sabe?).
(Mas como aparentemente você está em busca de reflexões, talvez seja válido pensar o que te fez defender essa ferramenta narrativa a partir de um comentário de uma pessoa que você não conhece, em um livro que você não leu. Não é pra responder, e eu também não tenho respostas pra isso, só acho que é um fato que vale a reflexão, já que você se mostrou aberto)
Como você já "disse tudo", também vou finalizar com meu "tudo" aqui, hahahah Principalmente porque você disse estar aberto a outros pontos de vista, o que é bem positivo, então acho que pode te interessar ter uma última resposta.
Eu entendo o que você está falando, o seu ponto de vista, de verdade.
Mas eu não disse nenhuma dessas coisas hahah Até entendo, pois são considerações possíveis, mas não é bem por esse caminho pelo qual eu estava indo. Por exemplo:
A. Eu não disse que o problema é que pode influenciar comportamentos ou afetar mulheres fragilizadas por isso, embora eu ache impossível afirmar que influencia ou que não influencia. E, bom, pode chegar a uma mulher fragilizada sim, pois não se sabe desse acontecimento do livro pela sinopse, afinal esse é o plot twist, mas esse não é o ponto mesmo (se eu soubesse, inclusive, teria me poupado de ler, pois já sei que esse é o tipo de experiência literária com o qual não me identifico). Além disso, deixa eu te contar uma, já que você enfatizou que tem uma experiência masculina, diversa da minha: nós, mulheres, VIVEMOS diariamente desacreditadas, negadas e julgadas. Não precisa ser em relação a esse acontecimento específico; somos, todos os dias, sobre tudo o que fazemos, dizemos, vestimos, como existimos no mundo... Então não é preciso passar por uma situação grave e/ou específica pra ser afetado em algum nível, seja qual for, pelo acontecimento do livro e por inúmeras outras coisas sobre nossa experiência de mundo. Isso abarca o que disse com "desserviço". Eu particularmente sinto que não preciso de mais um descrédito na minha leitura, que fiz em busca de fruição (mas ganhei decepção kkkk).
B. Não disse que deve haver algum tipo de censura na literatura, ou assuntos vetados, ou algo do tipo. Aliás, jamais diria isso, rs. Estudei literatura (academicamente, inclusive) o suficiente pra entender o quanto isso seria absurdo. O que eu disse é que como mulher e como leitora estou cansada dessa abordagem, e além de tudo acho narrativamente pobre, fraca e de muito mau gosto. É questão de gosto mesmo, por isso tá ok você discordar. Mas, novamente, como você está aberto, vale a pena refletir sobre.
E sobre as motivações mencionadas, bom, é tudo questão de gosto e experiência pessoal, pelo visto, pois:
1. "Chocar": não funciona pra mim, não me causou choque algum, mesmo sendo construído narrativamente pra ser uma reviravolta. Como disse, pelo contrário, só me causou frustração e decepção. Choque não é inerente ao acontecimento (neste e em qualquer outro livro), mas na verdade faz parte da experiência do leitor, da leitura. É construído nessa interação. Não rolou pra mim.
2. "Inspirar": Gosto novamente... Eu particularmente não acho nada inspirador, rs. Sou uma leitora ávida de literatura policial, thriller, suspense e terror psicológico, já li bastantes ferramentas narrativas diferentes, vários enredos, muitas reviravoltas... E essa não me impressiona, muito menos me impressionarão as que partirem dela (espero não ler por engano novamente, rs). Mas sua experiência pode ser outra, você pode ler e adorar. Arte é isso aí mesmo.
3. "Ampliar a imaginação": como já disse, a obra não me acrescentou positivamente, então pessoalmente não faço questão alguma desse tipo de ampliação kkk Eu trabalho lendo, então quando busco literatura, busco por fruição mesmo. Se fosse por outros motivos, talvez até acrescentasse, mas não é meu caso.
Por fim, é isso, Kassem.
Bom que esteja aberto ao diálogo e a outras percepções, e bom que curtiu seu livro, seu filme... E já que você gostou de Garota Exemplar, pode ser que goste desse (embora já saiba o plot twist hahaha :P).
Até a próxima. Nos vemos em outras resenhas e/ou desabafos.