Nana Barcellos | @cantocultzineo 12/11/2019
Segundo volume da série Família Davon, A Rosa Selvagem nos envolve no romance da irlandesa Rose O'Kelly com o barão de Davon, William. No primeiro livro, A Noiva do Barão, William teve que tomar duras decisões para proteger seu irmão e, sua então prometida noiva, Lisbeth. Sendo o lado durão, ele precisa lidar com certos sentimentos que persistem invadir sua mente, como formar uma família. William é o irmão Davon que todos temem, pois há boatos - falsos - que já fora violento com mulheres.
Nas primeiras páginas conhecemos a triste história de Rose, que precisou fugir de sua aldeia na Irlanda, quando uma tribo rival decidiu atacar a sua, matando membros de sua família. Para protegê-la, a mãe de Rose conseguiu sua fuga lhe dando algumas moedas para que se afastasse o máximo possível. Rose foi parar na Inglaterra, necessariamente em Davon. Seu primeiro encontro com William não é um mar de rosas. Ele, afogando as mágoas na bebida, mal conseguia andar e, ao vê-la, a confundiu com um inimigo. A jovem se protegeu o ferindo com sua adaga.
Rose mal sabe a língua local, e suas moedas não lhe garantem confortos. Então, ao se esconder em um fétido armazém, a jovem conhece a família da pequena Madie. Ao ser acolhida por eles, Rose passa a ser parte da família, que pouco tem, mas muito lhe oferece. Não demora até que seus caminhos se cruzem com os de William novamente. É quando a família de Madie é contratada para trabalhar no palácio.
William está só na sofrência, pois está absorvendo de maneira negativa a felicidade do irmão. Em breves momentos parece ciúmes, outros inveja... enfim, ele deseja ser nutrido da felicidade que o irmão compartilha com a mulher que ama. O Rei ainda insiste em lhe arrumar uma noiva, mas ele acha que nenhuma será tão compatível com seu jeito turrão e guerreiro. Havia uma, mas lhe foi tomada. Na noite em que estava bêbado, e confundiu Rose com um inimigo, pode vê-la perfeitamente e jamais esqueceria seus olhos. Por isso, colocou seu soldado de confiança atrás dela por toda vila.
O barão deseja vê-la novamente, e a prioridade é se desculpar, claro. Só não imaginava reencontrá-la junto à nova família que está prestes a se instalar na propriedade. E num pior momento: a nova prometida, escolhida pelo Rei, também chega à propriedade para conhecê-lo. E leva a mãe megera à tiracolo. As duas sabem a má fama de William, de ser durão e violento, e elas pretendem usar isso contra ele para forçar a união. E estão dispostas a infernizar a vida de todos no palácio.
As más línguas espalham cada vez mais histórias de seus maus tratos com mulheres e crianças. Tudo mentira, mas ele não faz questão de desfazer esses enganos. A única que William deseja que o enxergue como é de verdade é Rose. O barão está disposto a prová-la o quanto pode ser digno de todo seu amor.
"Via em Rose ternura e fúria, sol e tempestade. E aquilo estava realmente mexendo muito com ele, de uma forma que nunca acontecera antes."
Quem desejar ler apenas esse volume pode fazer a leitura a vontade. A autora dá uma resumida básica, de todos acontecimentos importantes do anterior. Mas não aconselho vocês lerem esse primeiro. Os dois romances são bem similares, uns toques de Cinderela e tals. Quando a nova prometida chega com a mãe no palácio, tornam a vida de Rose um inferno. Não muito diferente do que Lisbeth sofria da madrasta no livro anterior.
A ideia de Simone O. Marques é apresentar uma narrativa ágil, com uma boa escrita para nos entreter em algumas horas. Com o primeiro senti a história fluir naturalmente, sem sentir a pressa nos acontecimentos. Porém, neste volume, acredito que por ter mais páginas, dá pra notar o "corrido" em alguns momentos. Talvez pelo fato de ter simpatizado bastante com Rose e todas suas interações. As crianças são adoráveis, principalmente Madie. Daí temos William, todo atencioso com as necessidades dela e sentido por tê-la assustado. Eles são bem parecidos, principalmente no lado turrão. Ha!
A construção de Rose expõe uma protagonista com ar destemido, teimoso e aventureiro. Embora as tramas que se desenrolam, acabam por tocar bastante seu emocional. Um fato que pode irritar alguns leitores. E por ser irlandesa, alguns a veem como uma selvagem. Está sempre compartilhando histórias do seu povo com as crianças, e assim descobrimos um segredo sobre sua família. Por outro lado, William eu já esperava o que encontrar: a tentativa de anular sua fama de embuste. As cenas dele com as crianças são sempre fofas.
"Não importava naquele momento o que o rei pensaria, as ameaças das ladies ou qualquer outra coisa senão o homem que estava diante dela. Um guerreiro que havia, simplesmente, tocado sua alma e coração com a força de uma tempestade."
E toda tentativa de William provar seus sentimentos a Rose acaba por levá-lo a uma busca por sobreviventes da família dela. Dizer que foi o ponto que me deixou confusa, pois entendi que dois estavam vivos, e depois se fala apenas um. O final deixou espaço para uma possível continuação, mas só parte dessa questão foi resolvida. Já o final feliz rende lindas e românticas cenas nas páginas finais.
A Rosa Selvagem é um romance e, como tal, encontramos aqueles clichês que adoramos. Por que será que todo barão de romance de época tem esses boatos espalhados sobre coisas violentas que não fizeram? Simone O. Marques nos presenteia com um casal divertido e apaixonante. E como mencionei na resenha do volume anterior, a autora é ótima em desenvolver cenas eróticas e não as torna em excesso, sempre deixando parte para imaginação do leitor. Por isso não irei sinalizar com a avaliação da pimenta, ok?
"Minha espada está a seu serviço! - Sorriu, malicioso."
A edição segue o padrão da primeira. O livro é tamanho médio, a fonte de tamanho confortável, então dá pra finalizá-lo em um dia. Eu até tentei prolongar, mas quando cheguei nas cem páginas fiquei bem curiosa. As flores adoráveis ainda continuam pelas páginas, assim como o estilo "documento antigo" na primeira página de cada capítulo. Também adorei a capa. A revisão não apresenta erros gritantes, mas notei uns de digitação que certamente serão corrigidos numa edição mais recente.
Não sei se terá um próximo livro, mas acharia bem fofo uma história natalina dessa família.
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