Jerusalém

Jerusalém Gonçalo M. Tavares




Resenhas - Jerusalém


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Valéria Cristina 10/12/2022

Loucura?
Tenho de confessar que simplesmente adoro os autores de língua portuguesa contemporâneos! Gonçalo M. Tavares é mais um que vai para minha lista de preferidos.

Publicado pela Companhia das Letras, a edição mantém a escrita em português de Portugal, detalhe que se torna mais um atrativo para o leitor.

Na história, não são identificados tempo e espaço. Cidade e época não são-explicitados. Em uma narrativa não linear, Tavares nos põe em contato com vários personagens que participam da trama e estão conectados entre si de uma forma coesa, embora no início não tenhamos essa percepção.

O centro da narração gira em torno do médico Theodor Busbeck e de sua ex-mulher Milya. Aquele dedica a vida à pesquisa do desenvolvimento do horror ao longo da História e ao desejo de, com isso, poder prever as tragédias no mundo. Esta, é internada por ele em um hospício. As demais personagens vão se encaixando na trama na medida em que esta se desenvolve.

Uma percepção que tive foi a de que todas as personagens demonstram um comportamento peculiar. Porém, algumas são identificadas como loucas.

A questão de normalidade e loucura é amplamente apresentada. Por um lado, a loucura, na visão do diretor do hospício, é comparada à imoralidade e à sujeira! É ele quem pergunta: “para onde o homem deve dirigir o seu pensamento para não ser considerado louco?” Por outro, a normalidade é o que se adequa à ordem, disciplina, estabilidade.

Ainda, somos postos frente a frente com a total substituição da vontade daqueles que são tidos como loucos. Violência velada e tratamentos não autorizados (que terão consequências permanentes) são vistos como “necessários”. O medo, a doença, a normalidade e a anormalidade, a hipocrisia, o comportamento da sociedade ante os “diferentes” são temas recorrentes nessa obra.

O título “Jerusalém” nos é explicado por Milya e as vidas de todos vão se mesclando até um final absoluto! Imperdível!

Nasceu em Luanda, em 1970, tendo ido logo a seguir para Portugal. Premiado e elogiado pela crítica, estreou em 2001 com Livro da dança., e vem se firmando como uma das maiores vozes do romance português contemporâneo, sendo elogiado por escritores como José Saramago e considerado pelos críticos como um "Kafka português". De sua autoria, já foram publicados no Brasil “O homem ou é tonto ou é mulher”, “O senhor Valéry”, entre outros. Autor de uma obra prolífica que desde sua estreia, em 2001, já alcançou o impressionante número de 27 títulos. Por “Jerusalém”, foi agraciado com o Prêmio LER/Millennium BCP 2004.

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Fer 30/06/2022

Uma leitura marcante
Conheci Gonçalo M Tavares por recomendação de um amigo, uma grande coincidência. E que coincidência feliz! Sua escrita é tão rica que se torna aqueles leituras marcantes, que a cada linha ficamos impressionados com a escrita.

"Jerusalém" nos traz uma história difícil de esboçar sem prejudicar o prazer da leitura. Traz diversas personagens, cada uma delas ricamente construída, que cruzam seus caminhos ao longo dos livros. Loucos, prostitutas, veteranos de guerra, médicos, ..., que nos fazem questionar a todo momento o papel da dominação na sociedade, a maldade no mundo e o entrelaçamento de vidas.

É uma leitura sensível, daquelas que faz o coração bater mais forte, daquelas que nos faz pensar "como é bom ler um livro bom de um autor bom!". Recomendo para todos!
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plenitudinis 11/03/2022

Cuidado com este livro!
Se você gosta de livros que terminam e te deixam parada olhando pro nada, tentando entender o que você leu, então está no lugar certo. Para sua própria sanidade lhe darei alguns alertas: o autor gosta de spoilers, vai te dizer algo que acontecerá apenas futuramente, mas que no fim não te privará de uma surpresa (não necessariamente agradável); não confie em nenhum personagem masculino, os melhores são, no mínimo, ruins; ninguém é o que diz ser. Boa sorte!
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Val Alves 07/12/2021

Quem são os loucos entre nós?
"Para onde deve o homem dirigir o seu pensamento para não ser considerado louco?"
                                  -Gomperz

Jerusalém é um romance sobre, dentre outras coisas, saúde mental. Mais especificamente sobre a falta desta.
Possui vários protagonistas que tem suas vidas entrelaçadas sem que, contudo,  saibam disso. 
A estória toda parece se passar numa única noite devido a brevidade do relato, e ao mesmo tempo vai ao passado e ao presente numa inconstância que parece fazer o tempo se esticar e se despedaçar em décadas.  O texto se desfaz em intervalos onde os cenários e personagens se alteram de uma capítulo para o outro criando um tecido fragmentado, indo e voltando em períodos diferentes e até mesmo repetindo trechos inteiros,  o que acabou se tornando um desafio para a minha mente em demonstrar suas habilidades de não se deixar ludibriar.
Há muitos trechos destacáveis com ideias discutíveis e originais.
Todos os personagens são interessantes, porém destaco Theodor que, além de médico é um pesquisador que se aventurou a publicar uma polêmica coleção de livros sobre uma vasta pesquisa sobre massacres onde ele conjecturou sobre os papéis de cada povo nessas situações definindo a existência de dois perfis, e assim criando uma teoria capaz de fazer um "pressentimento científico" para os séculos seguintes. Insano! Gostaria que essas obras de fato existissem, mesmo que em formato de romance literário, pois seria muito interessante. Ou que o assunto tivesse maior desenvolvimento nessa trama (provavelmente seria algo inadequado, pois quebraria o ritmo do texto).
Um ótimo livro em vários aspectos, mas se tivesse que achar algo nele pra dizer que não gostei: os nomes dos personagens. Não irei teorizar sobre isso. Talvez não tenha entendido a função das escolhas feitas pelo autor e , no mais, isso é algo irrelevante diante desse ótimo texto.
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Tiago600 06/12/2021

"Se eu me esquecer de ti, Jerusalém, que seque minha mão direita"

Mateus 4,1: "Então o espírito conduziu Jesus ao deserto, para ser tentado pelo Demônio. Jesus jejuou durante quarenta dias e quarenta noites, e, depois disso sentiu fome." Depois disso sentiu fome! Senhoras e senhores, a Bíblia seria cômica caso não fosse trágica. Enfim...

Muito interessante ver na literatura em língua portuguesa um talento como Gonçalo Tavares. O autor é dotado de um absurdo domínio técnico na arte da escrita. A estrutura da narrativa é caleidoscópica. Pontos de vista e personagens convergem e emergem por todos os lados, página após página de maneira nada linear, carregadas de digressões bastante inspiradas e com fortes doses poéticas.

Óbvio, existe um fio condutor encarnado nas personas de Mylia e no médico Theodor Busbeck. Por mais que os eventos se desenrolem atráves de Mylia, para mim, o cerne da história está em Busbeck e sua vã (quiçá louca) tentativa de unir religião e ciência em uma obscura tese que por sua vez almeja dar conta dos terrores perpetrados pela espécie humana e (nossa) natureza ao longo dos séculos sobre nossos semelhantes.

Existe em cada ser (vítima ou carrasco) uma vergonha idêntcia. A história coletiva como a história individual de um ser humano caminha pelo equilíbrio entre o "sofrer" e o fazer "sofrer". O mundo é um conflito entre uma carga positiva e uma carga negativa e esse mundo termina quando, quer a nível geral, universal, gigantesco, titânico, quer a nível individual ou microscópico, se atinge o zero, ou seja, a anulação de duas cargas fortes e opostas. Esse seria o momento do fim do mundo e do fim de cada coisa.
A navalha corta? Pode nos perguntar uma criança. Ao passo que devemos sempre responder: "Claro que a navalha corta." Em certo sentido, tudo que nos circunda se resume entre extinção e aniquilicação. O livro versa sobre isso. O livro não está errado nesse ponto.
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Toni 02/05/2021

Leitura 29 de 2021

Jerusalém [2005]
Gonçalo M. Tavares (Portugal, 1970-)
Cia. das Letras, 2010, 166 p.

Terceira parte da tetralogia “O Reino” e romance vencedor do Prêmio Literário José Saramago em 2005, “Jerusalém” é uma daquelas obras curtas que despertam múltiplas e excelentes discussões. Ainda que preserve uma unidade de evento (toda a narrativa se concentra nas primeiras horas de um dia de maio), o livro se constrói como uma série de idas e vindas nas histórias de personagens que pelas mais diversas razões são impelidas às ruas da cidade em plena madrugada. Dessa polifonia irradiam inúmeras vozes, testemunhas da violência obstétrica e manicomial, da incomunicabilidade da experiência da guerra, do domínio patriarcal e do cinismo das instituições.

Diferente das outras obras da tetralogia, esta é a única que traz um protagonismo feminino, sobretudo na figura de Mylia (casada com um proeminente médico psiquiatra): “Mylia morava no primeiro andar do número 77 da Rua Moltke. Sentada numa cadeira desconfortável pensava nas palavras essenciais da sua vida. Dor, pensou, era uma palavra essencial”. A relação entre Mylia e o marido, o doutor Theodor Busbeck, um homem dominador, ególatra e obcecado com o estudo sobre o Horror e a História (que poderia prever os próximos genocídios da humanidade), é um dos principais motores da narrativa. Não por acaso, é somente quando consegue se livrar da mulher (que acredita conseguir ver a alma das pessoas), que Theodor conclui sua pesquisa reunida em cinco grossos volumes de mais de 800 páginas.

O romance parece resgatar a frase de Walter Benjamin em “Experiência e pobreza”, quando diz “uma nova forma de miséria surgiu com esse monstruoso desenvolvimento da técnica”. A obsessão por números sem histórias pessoais e pelo desempenho humano sem humanidade justificam não apenas a conclusão da teoria de Busbeck (que divide as nações do mundo em “povos emissores de sofrimento” e “povos receptores de sofrimento”), mas um mundo onde o espaço privado e íntimo tornou-se inóspito, e seus habitantes só conseguem se perceber vivos por meio de interações precárias no espaço público

#herdeirosdesaramago #gonçalomtavares #jerusalem
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Paulo 16/07/2020

Esse não é um livro fácil
Quando comecei a ler esse livro, fiquei um pouco desorientado assim como seus personagens, que vagam a esmo pelas ruas da cidade sem saber muito bem o que vão encontrar. A linguagem aqui é precisa, econômica e um pouco seca, o autor é comedido e em nenhum momento se entrega a exageros. A trama vai se desenrolando aos poucos e somente no final podemos vislumbrar uma parte do caleidoscópio que é Jerusalém. Loucura e terror permeiam essas páginas e pode deixar no meio do caminho os leitores desavisados. Indico fortemente.
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RafaelM 27/09/2019

Jerusalém, de Gonçalo M. Tavares
Empresto-me das palavras de Saramago, quando disse sobre está obra: "Um grande livro, que pertence à grande literatura ocidental. Gonçalo M.Tavares não tem o direito de escrever tão bem apenas aos 35 anos: dá vontade de lhe bater!"

Livro de uma leitura fácil, personagens complexos e uma interconexão digna de nota: Sensacional.

Ganhador do prêmio Portugal Telecom de literatura em 2007, faz parte de uma tetralogia, no qual sem saber comecei pelo final, mas que não dizimou a curiosidade de ler os faltantes.
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Daniel 17/07/2019

O mal em seu recantos mais inóspitos
Várias histórias se entrecruzam numa madrugada. Um homem prestes a cometer suicídio interrompido por um telefonema; um médico arrogante disposto a descobrir as causas do horror ao longo da História; sua ex-esposa que acabou de sair de um hospício; um veterano de guerra perturbado; uma prostituta; um rapaz deficiente com problema nas pernas; um psiquiatra que vê a loucura como um "crime moral". É a partir dessa premissa que Gonçalo M. Tavares traça um enredo sutil, bem construído, uma investigação profunda acerca da alma humana.
Jerusalém é sem dúvida um romance incômodo. É uma daquelas raras obras que causam no leitor uma sensação angustiante, kafkiana, ora sombria, ora reflexiva, cuja origem não é bem precisa e os efeitos são imprevisíveis, algo como a dor incômoda da personagem Mylia, que perpassa todo o romance. As personagens parecem estar sempre agindo de encontro com forças que lhes parecem incontroláveis ou incompreensíveis, como mecanismos sutis que mantém em funcionamento a grande máquina da realidade. O medo, o horror, a loucura, a opressão, forças históricas e conflitos dialéticos que movem a humanidade desde o princípio dos tempos.
A escrita de Tavares, concisa e direta, mais sugere do que explica (uma das marcas registradas do autor), o que força o leitor a traçar suas próprias conjecturas, a participar diretamente do enredo, como um elemento a mais compondo a trama.
É uma obra impactante, sombria e complexa, que nos faz refletir acerca do tênue limite entre a loucura e a razão, das origens e essências do bem e do mal.
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ElisaCazorla 25/04/2019

Fácil de ler. Difícil de entender.
Acho que são essas ideias que resumem a minha experiência com esse livro: fácil de ler, mas muito difícil de entender o que o autor quer nos passar. Não é um livro literal, é um livro complexo. Particularmente, eu gosto desse tipo de livro, mas não tenho muita certeza se gosto muito desse livro, especificamente.
Um desfecho inesperado, personagens complicadas, uma recorrente interrupção da sequência cronológica, muitas voltas para o passado e muitas idas para o futuro - são essas as características marcantes deste obra que me agradam. Mesmo assim, ainda não sei se quero ler um novo romance do autor ou não.
Gosto da tristeza dos personagens. Talvez seja isso que ligam todos os personagens: a tristeza. Também podemos discorrer sobre a loucura aqui: o que é loucura? quem é o louco dessa história? existem limites para a loucura?
Enfim, de modo geral, gostei mas ainda não sei se quero me aventurar em mais um Gonçalo M. Tavares. Não descarto. Mas não sei.
regifreitas 25/04/2019minha estante
eu já li outras este e outras coisas dele. não é um texto ruim, mas não é algo que prenda o leitor. meio que compartilho o teu sentimento de dúvida em relação a futuras leituras.


ElisaCazorla 14/12/2023minha estante
Obrigada pela leitura, Regi. Me perdoe não ter respondido antes. Gosto muito das suas observações! Abraços




Rodrigo 05/09/2016

Surpreendentemente visceral
Em "Jerusalém", obra que compõem a tetralogia "O Reino", Gonçalo Tavares nos traz reminiscências sombrias de um estado social do qual não nos orgulhamos. A humanidade, destituída em parte de sua sensibilidade, parece não se importar com a banalização do mal e os jogos de poder que não medem consequências no momento mesmo de definir em quais mãos as decisões que repercutem na coletividade se concentram. Leitura que promove uma reflexão acerca dos rumos que a humanidade tem traçado para si mesma. Imperdível!
Rosana 24/09/2017minha estante
Ainda não li nada dele e pensei em começar por Jerusalém. Há uma sequência na tetralogia "O Reino", ou se pode ler isoladamente?




jota 23/11/2015

Singular Jerusalém...
Ganhador em 2005 do prêmio José Saramago, Jerusalém é um livro um tanto estranho, povoado de criaturas singulares: Busbeck, Gomperz, Mylia, Hinnerk, Kaas... Também por coisas singulares - ou desagradáveis, depende - e elas ocorrem grande parte do tempo nesse livro. Felizmente os capítulos são curtos então é possível dar um tempo na leitura.

Talvez seja necessário relê-lo um dia, reencontrar seus personagens, compreender então que Jerusalém é mais do que uma história sobre o mal, o horror, o sofrimento ou a violência – ou todos eles juntos. Como disse Mia Couto, “o que o escritor nos dá não são livros. O que ele nos dá, por via da escrita, é um mundo.”

Jerusalém é o mundo esquizofrênico que Gonçalo M. Tavares nos oferece e que, de alguma forma, parece fazer parte daquele mesmo universo onde habitam obras de Kafka, Beckett, Walser, Brecht e outros autores que o escritor angolano reverencia. Daí que parece agradar bastante a críticos e estudiosos de literatura, igualmente aos leitores que buscam autores originais como Tavares é (e desse modo é impossível dissocia-lo de seu amigo espanhol Enrique Vila-Matas, por exemplo).

Às vezes confundo GMT, que é angolano, com outro escritor, o português Miguel Souza Tavares, quando eles são tão diferentes, só tendo mesmo o sobrenome em comum. Penso que enquanto o primeiro parece falar mais ao nosso cérebro, o segundo atinge mais facilmente nossa alma, sentimentos. Talvez por isso eu não tenha apreciado Jerusalém tanto assim, tanto quanto apreciei Equador, o mundo de MST.

Lido entre 15 e 23/11/2015.
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regifreitas 13/04/2014

Disponível em:

http://vialittera.blogspot.com.br/2014/03/jerusalem-de-goncalo-m-tavares.html
ElisaCazorla 17/09/2018minha estante
Regi, nunca li nada desse autor mas estou aqui dando uma pesquisada. Já sei que esse livro é parte de uma tetralogia. Eles podem ser lidos separadamente? Qual livro dele você me recomenda?




Ocelo.Moreira 02/02/2013

“JERUSALÉM”
Nesse terceiro e magnífico livro que compõem a tetralogia O Reino, Gonçalo nos revela a loucura e a capacidade que os loucos têm para amar e o que eles também são capazes de fazer por amor. Neste romance onde a razão, loucura, tortura a afeto orientam os impulsos de homens e mulheres ocupados em compreender e lidar com os limites da sanidade. Theodor Busbeck é um médico respeitado que se apaixonou e casou com a jovem Mylia dona de uma beleza “violenta” e que acredita que tem a capacidade de ver a alma. Busbeck desenvolve um estudo minucioso sobre o horror na história. Quer descobrir se a violência está aumentando ou diminuindo, e pretende traçar um gráfico para prever novos massacres. Gomperz Rulrich, diretor do hospício, trata seus pacientes de maneira cientifica. Rigidamente vigiados, eles vivem num universo concentracionário que tem por objetivo eliminar os mistérios do cotidiano. Hinnerk carrega olheiras profundas e aterroriza as crrianças do bairro. Kaas é um garoto de pernas frágeis e dicção fraturada. Ernst passou anos internado, e agora está perturbado com a própria liberdade.
Acossados por um perigo sem nome, os personagens de Jerusalém sentem na pele a iminência de um acontecimento avassalador – que pode ocorrer no plano pessoal ou histórico. A memória do holocausto deita uma sombra sobre essas existências dilaceradas. E a estabilidade emocional de todos está por um fio. Esses e outros personagens compõem essa obra intrigante, onde Gonçalo mostra como a dominação é forma recorrente de relacionamento entre os homens. Esse foi um dos melhores livros que eu li da tetralogia O Reino, senão o melhor!
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Robson Barros 21/02/2012

...Esforçara-se por aprender de novo a contactar com as pessoas normais, e não apenas isso: também com os dias normais: os dias que esperam pelo humano para que este decida o que fazer deles. É que durante anos fora treinado no instinto contrário: o instinto de aceitação, de disciplina total, de ordem: o dia surgia-lhe à frente já preparado, medicado dir-se-ia - não no sentido farmacêutico, mas num sentido quase de engenharia: o dia seguinte estava já resolvido, construído, as pertubações e os exageros haviam sido afastados, a rotina diária era uma simplificação impressionante da existência. Os dias era isso mesmo: medicados...".

Gonçalo M. Taveres nos mostra que o horror está no dia-a-dia, nas nossas relações e encenações. Mas, nós só o percebemos e, consequentemente, nos horrorizamos, quando ele nos é mostrado pela história passada, devidamente documentada e ilustrada.

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