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19/07/2019Não cometa a injustiça de não ler este livro!O dia 31 de julho de 1985 ficará marcado na vida de Anthony Ray Hinton. Se você observou bem a capa do livro, antes de iniciar a leitura desta resenha, percebeu que ele é o próprio autor da obra e passou 30 anos preso no corredor da morte.
O motivo de sua prisão
Ele foi acusado de realizar dois assaltos e um assassinato. No entanto, no momento que foi pego ele aparava a grama no jardim da casa de sua mãe. Qualquer análise policial, pericial ou até mesmo de um leigo já descobriria que seria humanamente impossível ter sido ele. Por quê? Ele estava a 20 quilômetros de distância da cena do crime. E se isso fosse pouco, ele ainda realizou um teste de polígrafo que indicava que estava dizendo a verdade.
Então, se havia fatos e provas a favor dele, Anthony foi preso por quê?
As injustiças no mundo
Não é só no Brasil que as irregularidades acontecem. Não é só aqui que inocentes são presos e ficam à mercê de uma justiça falha e inflexível.
No sul dos Estados Unidos conhecemos um negro, pobre e… assassino (?). Afinal, é assim que eles são vistos. Se é pobre, é criminoso; se é negro, é assassino; se é a junção dos dois, então é culpado de tudo o que acontece. Por que as coisas precisam ser assim, tão taxativas?
É fácil de analisar que, com apenas 29 anos de idade, Hinton sabia que se tratava de um erro de identidade e acreditava que a verdade provaria sua inocência, acabando por libertá-lo rapidamente. No entanto, ele não contava que a sua cor da pele e seu saldo insuficiente na conta seriam capazes de condená-lo acima de qualquer coisa.
A esperança
Por diversas vezes tentava me colocar no lugar de Hinton, de sua mãe e das injustiças, mas é difícil imaginar que alguém teria tanta esperança. Não sei se seria capaz. Até nisso ele se mostrava superior, pois não desistiu e tinha tudo para isso. Anthony decidiu não apenas sobreviver, mas encontrar uma maneira de viver no corredor da morte, sendo a luz naquela vida que só parecia ser escuridão.
O sol ainda brilha não é só um livro que mostra a capacidade de o sol brilhar, de o céu continuar com as suas luzes diurnas e noturnas. É muito mais do que uma metáfora, é mais que uma história fictícia. Vai além de uma história real. É um ensinamento que nenhum outro seria capaz de fazê-lo.
Santo ou profano
Nenhum de nós é santo, essa é uma constatação que não precisa de muito para ser analisada. Assim como nenhum de nós é demônio, um profano ferrenho. Você pode discordar, dizer que fulano é o santo em pessoa, que aquele outro faz tantas coisas erradas que é um profano.
Assim é Anthony… Ele confessa no livro que não é santo, que fez coisas erradas durante a sua vida fora da prisão, mas ele não é aquele profano que a sociedade pregava; que a justiça insistia em declarar. Aliás, justiça? É até irônico usar essa palavra para uma pessoa inocente que sentiu o gosto amargo do corredor da morte.
A apreensão
Não só o fato de saber que seus dias estavam contados, nem viver numa cela de 1.5 por 2 metros, o que deixava Hinton apreensivo era ver 54 homens sendo levados à cadeira elétrica para serem executados.
A pergunta que não quer calar: quantos desses 54 homens mortos eram inocentes?
A abertura dos portões de ferro
É com lágrimas nos olhos que a gente finaliza o livro e pode sair da prisão, da apreensão vivida pelo nosso real protagonista. Dizem que cada um tem a cruz que aguenta carregar, e isso mostra o quão forte, corajoso, valente e incrível foi Anthony, para si, para sua querida mãe e para todos nós.
É fácil fechar as grades e prender um inocente, mostrando a falibilidade da justiça. Difícil é observar as provas e querer fazer o que é certo, o que é justo. Parece-me difícil. Não deveria sê-lo.
Seria injustiça de minha parte não indicar este livro. Acredito que toda pessoa incrédula, desesperançosa, desgostosa da vida ou qualquer ser que ainda respira, deveria ler e degustar este livro. Tenso, pesado e real. Mas é isso que o faz tão bom, tão indicado e tão desejado.
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http://www.revelandosentimentos.com.br/2019/05/resenha-o-sol-ainda-brilha.html